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Resumo da semana: Americanas, inflação e China foram foco

Resumo da semana: Americanas, inflação e China foram foco

A semana de 9 a 13 de janeiro foi marcada, no Brasil, pela divulgação do rombo contábil de R$ 20 bilhões da Americanas.

Também, pelo anúncio das primeiras medidas econômicas de Fernando Haddad e pela confirmação do estouro da meta de inflação.

No exterior, a reabertura na China e o recuo da inflação nos Estados Unidos foram destaques.

Confira o resumo da semana.

Resumo da semana no Brasil

Rombo na Americanas

gráfico com desempenho ações Americanas
Ações AMER3 m 2023. Fonte: Google Finance

O tombo que a Americanas (AMER3) sofreu na quinta-feira (12) foi o maior já registrado no índice Ibovespa desde 1995. 

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A queda foi de 77,33% em um só dia, e a companhia já perdeu R$ 8,3 bilhões em valor de mercado.

A última queda expressiva dessa forma havia ocorrido em 28 de março de 1995, quando a Cemig (CMIG4) desabou 72,83%. Antes, em 2021, o GPA (PCAR3) tombou 65,84%, em 1º de março daquele ano, após anunciar a cisão com o Assaí (ASAI3).

Na véspera cotada a R$ 12, a ação AMER3 fechou o dia em R$ 2,72. 

Isso se dá após ser divulgado um rombo de R$ 20 bilhões na contabilidade.

O erro respinga inclusive na empresa de auditoria independente PwC, responsável por auditar as contas da varejista. 

Fora as ações, o rombo na contabilidade da Americanas também impacta fundos imobiliários, fundos de investimento e até mesmo a renda fixa, já que a empresa possui debêntures emitidas. 

“Existe um risco existencial para a companhia, pois, se não ficar claro o que e como aconteceu, a empresa pode, sim, deixar de existir”, destacou Luís Moran, head da EQI Research.

“Além das varejistas, outro setor que vai sofrer com o caso é o de bancos, pois é difícil imaginar um que não tenha alguma exposição a Americanas, seja ela direta ou indireta. Fundos também podem sofrer”, avalia.

tabela FIIs Americanas
IIs diretamente impactados pela Americanas. Fonte: EQI Research

Inflação acima do esperado

O IPCA, inflação oficial do país, subiu 0,62% em dezembro, ante expectativa de 0,45%. Em novembro, a leitura foi de 0,41%. 

Com isso, o IPCA acumulado em 2022 foi de 5,79%, acima da meta da inflação e abaixo dos 10,06% acumulados em 2021. 

Todos os grupos de produtos e serviços pesquisados tiveram alta em dezembro, sendo o maior impacto de saúde e cuidados pessoais. 

O economista João Paulo de Faria Tavares Rabe, da EQI Asset, aponta que parte da alta ocorreu em setores que retomaram os preços normais após a Black Friday, no fim de novembro. “Higiene pessoal, vestuário e artigos eletroeletrônicos subiram acima do esperado com essa devolução”, afirmou.

Ele acredita, no entanto, que o cenário pode se complicar, já que índices de difusão e o núcleo podem se deteriorar nos próximos meses. “E mais uma vez a gente teve o estouro da meta anual, o que também merece atenção.”

IPCA de dezembro - variação mês a mês
Fonte: IBGE

Estouro da meta de inflação

Em carta aberta ao Ministério da Fazenda, o Banco Central explicou o estouro da meta da inflação em 2022, pelo segundo ano consecutivo – as justificativas são os gargalos globais, a retomada pós-Covid e a inércia do ano anterior. E aponta que, provavelmente, o estouro da meta deve se repetir em 2023. 

O IPCA final de 2022 foi de 5,79%, bem abaixo dos 10,06% registrados em 2021, mas acima da meta definida pelo Conselho Monetário Nacional, que era de 3,5%, com teto de 5%.

Segundo o último Relatório Trimestral de Inflação do Banco Central, a projeção para 2023 é de IPCA de 5%, sendo que a meta é 3,25% – ou seja, a inflação ficaria pouco acima do intervalo de tolerância (4,75%).

gráfico com Projeção para inflação e intervalo de tolerância. Fonte: BC
Projeção para inflação e intervalo de tolerância. Fonte: BC

Pacote do Haddad

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou na quinta-feira (12) um pacote de ajuste com expectativa de reverter um déficit fiscal de cerca de R$ 230 bilhões que está previsto para este ano.

O objetivo do pacote de Haddad é ampliar a arrecadação da União, com o fim de renúncias e desonerações fiscais, além de reduzir gastos estatais.

Uma das medidas citadas por Haddad é o fim da desoneração de impostos sobre a gasolina e o etanol, prevista para começar a valer no início de março. 

Outra desoneração a ser suspensa é a feita para empresas não financeiras sobre ganhos financeiros, anunciada no fim do ano passado e que deve render cerca de R$ 4,5 bihões.

Além disso, o governo pretende fazer ajustes sobre a base de cálculo da arrecadação de PIS e Cofins após o ICMS, a partir de decisão tomada pelo Supremo Tribunal Federal em 2021.

O governo também introduzirá o Programa Litígio Zero, que funcionará no molde dos tradicionais Refis e prevê a renegociação em condições especiais de dívidas com a União.

Novas medidas devem ser feitas nas próximas semanas e em breve o Ministério da Fazenda deve apresentar um novo arcabouço fiscal para substituir o teto de gastos. 

Prévia do PIB

O IBC-Br, prévia do PIB, que apresentou recuo de 0,55% em novembro, ante expectativa de queda de 0,2%.

“Temos um segundo semestre de 2022 de desaceleração, bem diferente do que foi o primeiro semestre”, aponta Stephan Kautz, economista-chefe da EQI Asset.

Setor de serviços estável

A Pesquisa Mensal de Serviços apontou que o setor ficou estável (0%) em novembro, após ter recuado 0,5% em outubro, estando 10,7% acima do nível pré-pandemia (fevereiro de 2020) e 0,5% abaixo de setembro de 2022, ponto mais alto da série histórica do IBGE.

Gráficos de linhas mostra dados da Pesquisa Mensal de Serviços de novembro do IBGE
Fonte: IBGE

Vendas no varejo

As vendas no varejo recuaram 0,6%, primeiro resultado negativo desde julho de 2022. 

Para Kautz, da EQI Asset, os setores de serviços e varejo devem seguir desacelerando daqui para a frente, com PIB estimado para 2023 em 1,5%. “Um impulso fiscal e o setor agrícola devem dar as maiores contribuições”, avalia.

Intervenção em Brasília

Após distúrbios em Brasília, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) declarou intervenção federal na área de segurança pública do Distrito Federal, por considerar que houve falhas na segurança dos prédios públicos durante as manifestações ocorridas na Praça dos Três Poderes.

O Supremo Tribunal Federal confirmou o afastamento por 90 dias do governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), e pela prisão de Anderson Torres, ex-ministro de Jair Bolsonaro e ex-secretário de Segurança do Distrito Federal, e pela prisão de Fábio Augusto Vieira, ex-comandante da Polícia Militar do DF.

Resumo da semana no exterior

CPI dentro do esperado

O Índice de Preços ao Consumidor (CPI) veio praticamente em linha com o esperado, com recuo de 0,1%. 

Para Stephan Kautz, economista-chefe da EQI Asset, o número é positivo para a política monetária do Federal Reserve. “Ele mostra que realmente a inflação está caindo, porém, com os custos de moradia ainda altos, o que deve manter o discurso do Fed duro por mais tempo, subindo juros nas próximas reuniões”.

Kautz acredita em alta de 50 pontos-base na reunião do Fed de fevereiro, com alta terminal de 25 pontos-base em março, encerrando o ciclo em 5,25%. A queda de juros é projetada para março de 2024, com quatro recuos de 25 pontos-base ao longo do próximo ano.

Powell defende independência do banco central

O presidente do banco central americano, Jerome Powell, contrariou as expectativas e, em aguardado discurso na semana, não comentou sobre as perspectivas de política monetária em discurso em Estocolmo.

Powell defendeu a independência do banco central norte-americano e disse que seu trabalho é manter as decisões técnicas a salvo de pressões políticas.

Reabertura na China

O relaxamento da política de covid zero e a reabertura do país foram bem recebidos pelo mercado, com avanço especialmente para empresas ligadas a commodities.

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