O IPCA de dezembro ficou em 0,62%, 0,21 ponto percentual acima da taxa de 0,41% registrada em novembro e acima também das projeções do mercado financeiro, que estimavam um índice de 0,45%. Com isso, o acumulado do ano do Índice de Preços ao Consumidor Amplo, considerado o índice oficial de inflação no Brasil, fechou o ano de 2022 com um aumento de 5,79%. O valor ficou bem abaixo dos 10,06% registrados em 2021, mas acima da meta definida pelo Conselho Monetário Nacional, que em 2022 era de 3,5%, com teto de 5%.

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O resultado de 2022 foi influenciado principalmente pelo grupo Alimentação e bebidas (11,64%), que teve o maior impacto (2,41 p.p.) no acumulado do ano. Em seguida, Saúde e cuidados pessoais, com 11,43% de variação e 1,42 p.p. de impacto.
A maior variação veio do grupo Vestuário (18,02%), que teve altas acima de 1% em 10 dos 12 meses do ano. O grupo Habitação ficou próximo da estabilidade, com 0,07% de variação, e os Transportes (-1,29%) tiveram a maior queda e o impacto negativo mais intenso (-0,28 p.p.) entre os nove grupos pesquisados.
Cebola e leite longa vida, os “vilões” do IPCA em 2022
A alimentação no domicílio (13,23%) exerceu a maior influência na alta de 11,64% do grupo Alimentação e bebidas. Os destaques foram a cebola (130,14%), que teve a maior alta entre os 377 subitens que compõem o IPCA, e o leite longa vida (26,18%), que contribuiu com o maior impacto (0,17 p.p.) entre os alimentos para consumo no domicílio. Vale mencionar também a batata-inglesa (51,92%), as frutas (24,00%) e o pão francês (18,03%).

“No caso da cebola, a alta está relacionada à redução da área plantada, ao aumento do custo de produção e a questões climáticas. Já os preços do leite subiram de forma mais intensa entre março e julho de 2022, quando a alta acumulada no ano chegou a 77,84%. A partir de agosto, com a proximidade do fim do período de entressafra, os preços iniciaram uma sequência de quedas até o final do ano, sendo a mais expressiva delas em setembro (-13,71%)”, explica o analista de preços André Almeida, do IBGE..
A alimentação fora do domicílio, por sua vez, subiu 7,47%. A refeição teve aumento de 5,86%, e a alta do lanche foi de 10,67%.
No grupo Saúde e cuidados pessoais (11,43%), a principal contribuição (0,61 p.p.) veio dos itens de higiene pessoal (16,69%), em especial os perfumes (22,61%) e os produtos para cabelo (14,97%). Outro destaque foi o plano de saúde, com alta de 6,90% e impacto de 0,25 p.p. no IPCA acumulado do ano. Vale destacar também a alta de 13,52% dos produtos farmacêuticos.
Já no grupo Vestuário (18,02%), os preços das roupas femininas (21,35%) e das roupas masculinas (20,77%) subiram acima de 20% no acumulado do ano. As variações das roupas infantis e dos calçados e acessórios ficaram em 14,41% e 16,83%, respectivamente, enquanto as joias e bijuterias (3,67%) tiveram a menor variação entre os itens pesquisados. O preço do algodão, uma das principais matérias-primas do setor, teve alta acentuada entre abril de 2020 e maio de 2022. “Os custos de produção subiram e houve uma retomada da demanda após a flexibilização das medidas de isolamento social decorrentes da pandemia de Covid-19”, acrescenta André.
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No grupo Habitação (0,07%), as principais contribuições positivas vieram do aluguel residencial (8,67%), da taxa de água e esgoto (9,22%) e do condomínio (6,80%). Juntos, os três subitens contribuíram com cerca de 0,62 p.p. no IPCA acumulado de 2022. Vale mencionar ainda as altas de quase 20% dos artigos de limpeza (19,49%) e de pouco mais de 6% no gás de botijão (6,27%). Por outro lado, houve queda de 19,01% na energia elétrica residencial, com impacto de -0,96 p.p. no índice acumulado do ano.
No grupo Transportes, o maior impacto positivo (0,49 p.p.) veio do subitem emplacamento e licença (22,59%). A alta do IPVA em 2022 deve-se sobretudo ao aumento no preço dos automóveis em 2021, já que a cobrança é baseada no valor venal dos veículos no final do ano anterior. Os preços dos automóveis novos (8,19%) e usados (2,30%) continuaram subindo em 2022, embora em ritmo menor que o registrado em 2021 (16,16% e 15,05%, respectivamente).
Outra alta importante foi das passagens aéreas, que subiram 23,53% e contribuíram com 0,14 p.p. no acumulado do ano. No lado das quedas, destaca-se a gasolina (-25,78%), responsável pelo impacto negativo mais intenso (-1,70 p.p.) entre os 377 subitens que compõem o IPCA.
Os preços da gasolina caíram de forma mais expressiva entre os meses de julho e setembro, em decorrência de uma série de reduções no preço do combustível nas refinarias e da aplicação da Lei Complementar 194, que limitou a cobrança de ICMS sobre os combustíveis pelos estados.
No IPCA de dezembro, alta em todos os grupos
No índice de dezembro, Todos os grupos de produtos e serviços pesquisados tiveram alta, sendo que as maiores variações vieram de Saúde e cuidados pessoais (1,60%), que também foi o maior impacto (0,21 p.p.), e Vestuário (1,52%). Transportes (0,21%) e Habitação (0,20%) desaceleraram em relação a novembro, quando registraram 0,83% e 0,51%, respectivamente.

“A queda no preço da gasolina foi o principal fator para a desaceleração em Transportes. Houve redução de mais de 6% no litro do produto nas distribuidoras”, destaca Almeida, do IBGE. Juntos, os grupos Saúde e cuidados pessoais e Alimentação e bebidas representaram cerca de 56% do impacto total do IPCA de dezembro.

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INPC sobe 0,69% em dezembro e fecha o ano em 5,93%
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) teve alta de 0,69% em dezembro, 0,31 p.p. acima do resultado observado em novembro (0,38%). Em dezembro de 2021, a taxa foi de 0,73%. Em 2022 o INPC fechou o ano com alta de 5,93%, abaixo dos 10,16% registrados em 2021.
Os destaques foram os alimentícios, que tiveram alta de 11,91%, enquanto os não alimentícios variaram 4,08%. Em 2021, o grupo Alimentação e bebidas havia apresentado variação de 7,71% e, os não alimentícios, de 10,93%.
Em relação aos índices regionais, a maior taxa ficou com a região metropolitana de São Paulo (7,22%), especialmente por conta das altas do emplacamento e licença (23,66%), e do aluguel residencial (10,48%). A menor variação ocorreu na região metropolitana de Porto Alegre (3,05%), cujo resultado foi influenciado pelo recuo nos preços da gasolina (-30,90%) e da energia elétrica residencial (-32,79%).
Diferença entre o IPCA e o INPC
O IPCA se refere às famílias com rendimento monetário de 1 a 40 salários mínimos, e contempla dez regiões metropolitanas do país, além dos municípios de Goiânia, Campo Grande, Rio Branco, São Luís, Aracaju e de Brasília. Já o INPC é calculado nas mesmas regiões, mas se refere às despesas das famílias mais pobres, com rendimento de até 5 salários mínimos
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O economista João Paulo de Faria Tavares Rabe, da EQI Asset, acredita que parte da alta do IPCA, acima do esperado pelo mercado, ocorreu em setores que retomaram os preços normais após a Black Friday, no fim de novembro. “Higiene pessoal, vestuário e artigos eletroeletrônicos subiram acima do esperado com essa devolução”, afirmou.
Ele acredita, no entanto, que o cenário pode se complicar, já que índices de difusão e o núcleo podem se deteriorar nos próximos meses. “E mais uma vez a gente teve o estouro da meta anual, o que também merece atenção.”
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