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Sem Maduro, Venezuela teria efeito Saddam Hussein no petróleo

Sem Maduro, Venezuela teria efeito Saddam Hussein no petróleo

Produção poderia voltar aos níveis da metade da década de 2010, cerca de 2 milhões de barris por dia

A possível saída de Nicolás Maduro do poder na Venezuela reacende discussões sobre o impacto que uma mudança de regime poderia ter na indústria de petróleo do país e, por consequência, no mercado global. A consultoria Wood Mackenzie avalia que o efeito pode ser significativo, caso sanções sejam suspensas e investimentos estrangeiros retornem.

“A indústria petrolífera venezuelana, que atua na exploração e produção de petróleo, precisa urgentemente de mais apoio operacional e financeiro,” afirma Ed Crooks, vice-chair para as Américas na Wood Mackenzie, em um relatório publicado nesta sexta-feira (5).

Hoje, a produção venezuelana está em torno de 900 mil barris por dia, muito distante dos mais de 3 milhões de barris registrados no início dos anos 2000.

Segundo Crooks, “se as sanções fossem suspensas e esse apoio se tornasse disponível, isso poderia ter um impacto significativo na produção do país, tanto a curto quanto a longo prazo.”

Ganhos de produção

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A consultoria projeta que melhorias operacionais simples poderiam gerar ganhos rápidos.

“Nossa hipótese é que muitos poços precisam apenas de uma intervenção. É possível aumentar a produção por meio de despesas operacionais, sem a necessidade de grandes investimentos de capital,” explica Adrian Lara, analista principal para América Latina.

Com gestão mais eficiente e investimentos modestos, a produção poderia voltar aos níveis da metade da década de 2010, cerca de 2 milhões de barris por dia, em um horizonte de um a dois anos. Para ir além, seria necessário um aporte robusto, especialmente na Faixa do Orinoco, onde estão as reservas de óleo pesado.

“A maioria das unidades de refino necessárias para processar o petróleo da região ficou inoperante entre 2019 e 2021, e as que permanecem em operação precisam de investimentos constantes para continuar funcionando,” destaca Crooks.

Efeito Saddam Hussein

A Wood Mackenzie estima que os projetos conjuntos entre a estatal PDVSA e empresas internacionais precisariam de US$ 15 bilhões a US$ 20 bilhões em dez anos para adicionar mais 500 mil barris por dia. O exemplo do Iraque é citado como referência: após a queda de Saddam Hussein e o fim das sanções, a produção dobrou em menos de duas décadas.

Mas Crooks alerta que o contexto atual é diferente: “Esse crescimento ocorreu em um momento de aumento constante da demanda global por petróleo… 2025 foi um ano de pressão de baixa sobre os preços do petróleo..”

Além disso, a Venezuela continua sendo membro da OPEP, o que pode impor limites à expansão. “O levantamento das sanções pode ser uma condição necessária, mas não suficiente, para uma recuperação a longo prazo,” conclui Crooks.