Nas últimas horas, ganhou as redes sociais um estudo feito pelo professor Michel Viriato que mostra que, nos últimos 10 anos, apenas um dentre uma série de ativos selecionados rendeu mais do que títulos IPCA+ 6%: as ações de empresas de tecnologia listadas na bolsa americana.
O índice de ações de tecnologia Nasdaq se valorizou o equivalente a IPCA+ 9,7% ao ano nos últimos 10 anos, apontou Viriato.
De resto, em uma década, o IPCA+6% bateu uma longa lista de ativos, incluindo as ações das 500 principais empresas listadas nos EUA (S&P 500).
Ativo | Retorno real | Retorno nominal |
CDI e Selic | 2,1% | 8,3% |
Tesouro prefixado | 3,4% | 9,7% |
Tesouro IPCA curto | 4,5% | 10,9% |
Tesouro IPCA longo | 4,7% | 11,1% |
Fundos Multimercado | 3,9% | 10,3% |
Fundos Imobiliários | 1,6% | 7,8% |
REITs | 3,3% | 9,7% |
Dólar | 3,6% | 10% |
Ouro | -4,4% | 1,5% |
Ibovespa | 0,2% | 6,4% |
S&P 500 | 5,9% | 12,4% |
Nasdaq | 9,7% | 16,5% |
Bolsa Europa | -0,8% | 5,3% |
Bolsas Emergentes | -4,9% | 0,9% |
Bolsa China | -0,5% | 5,6% |
Vale recordar que os títulos Tesouro IPCA+, papéis de dívida que corrigem a inflação e pagam juros, registraram nas últimas semanas prêmios acima de 6%, porcentuais considerados bastante altos e atípicos – que só acontecem em momentos de crise.
A alta na remuneração dos títulos se deu devido ao adiamento da expectativa de corte de juros nos Estados Unidos e também à incerteza fiscal no Brasil, com a mudança de metas.
IPCA+ ou dólar+: onde está a oportunidade?
William Castro, estrategista da Avenue, concorda que o cenário é favorável ao IPCA+, mas aponta que existe no estudo uma ausência de comparação com a Renda Fixa americana.
Ele destaca que, assim como IPCA+ 6% pode ser encontrado hoje no Brasil, o cenário possibilita retornos acima de dólar + 6% nos Estados Unidos.
“Ao investirmos nos EUA, estamos automaticamente dolarizados, ou seja, compramos ativos (sejam fundos, ETFs ou bonds) em dólar. Nossa remuneração nos ativos no exterior é determinada pelo dólar mais alguma taxa, assim como temos no Brasil o IPCA+”, explica.
“O dólar não é um indexador de inflação, mas grande parte do nosso consumo e vida está hoje dolarizada. Basta olhar para os produtos e serviços que consumimos… Roupas, eletrônicos, vinhos, combustível etc. Basta olhar em volta para perceber a influência do dólar nos preços dos produtos e serviços que consumimos”, complementa.
Em termos de performance, ele explica, analisando o desempenho do IPCA e do dólar nos últimos 15 anos, a moeda americana se valorizou 148%, enquanto o IPCA apresentou um aumento de 133%.
“Assim, nos parece bastante plausível usá-lo como um indexador e buscar investimentos que ofereçam dólar mais alguma remuneração”, pontua.
Para confirmar sua tese, Castro exemplifica com um gráfico. Nele, é possível observar que o retorno de um investimento que rendeu IPCA + 6,09% perderia para um investimento com retorno de dólar + 6,20% ao ano.

O que é o Tesouro IPCA+?
O Tesouro IPCA+ oferece uma proteção contra a inflação. Isso significa que o retorno do investimento é ajustado pela variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que é o indicador oficial utilizado para medir a inflação no Brasil. Dessa forma, o investidor não perde poder de compra ao longo do tempo, pois o rendimento do título é corrigido de acordo com a inflação.
Além disso, o Tesouro IPCA+ proporciona uma previsibilidade de retorno. Uma vez que o rendimento do título é composto por uma taxa fixa mais a variação do IPCA, o investidor sabe exatamente quanto receberá no vencimento do título, desde que o mantenha até o final do prazo.
Esta taxa fixa de remuneração é o “plus” (o “+”), que representa o prêmio de juros que o investidor receberá, além da correção pela inflação medida pelo IPCA. Em outras palavras, essa é a taxa adicional que o investidor receberá sobre o valor investido, além da correção pela inflação.
Por exemplo, se você tem um título IPCA + com taxa de remuneração de 6% ao ano, isso significa que você receberá uma taxa fixa de 6% ao ano, além da correção pela variação do IPCA. Se a inflação medida pelo IPCA for de 3% em um determinado ano, o título renderá 9% ao investidor (6% de taxa fixa + 3% de correção pela inflação).
Portanto, o “+”, nesse contexto, indica que o título oferece uma taxa de juros adicional, que é somada à correção pela inflação, proporcionando ao investidor uma proteção contra a inflação e um retorno real sobre seu investimento. E 6% é, historicamente, uma taxa alta. A média de remuneração nos últimos cinco anos foi de 4,87%. E, em 10 anos, de 5,41%.
A opção da Renda Fixa nos EUA
A Renda Fixa é a opção favorita de grande parte dos investidores em praticamente qualquer lugar do mundo. A facilidade de entendimento sobre o investimento ajuda a explicar o sucesso que esses títulos fazem.
Afinal, não é complexo compreender a dinâmica: assim como no Brasil, você adquire um título de dívida em troca de um potencial ganho financeiro futuro.
Ou, em outras palavras, você empresta dinheiro (a um governo, banco, empresa etc) com o compromisso de reaver, no futuro, o montante emprestado mais um prêmio pelo tempo que ficou sem esse valor.
Assim como no Brasil, onde existem CDBs, CRAs, CRIs, LCAs, LCIs, debêntures e tantas outras palavras da “sopa de letras” da Renda Fixa, nos EUA existem produtos específicos para cada tipo de empréstimo.
Por que investir nos EUA?
A bolsa brasileira representa aproximadamente 1% da capitalização de mercado global, ao passo que o mercado dos EUA representa em torno de 55%.
Existe um slogan no mercado que diz que o Brasil é “3, 2, 1”: 3% do PIB mundial, 2% do mercado de Renda Fixa global e 1% do mercado de Renda Variável mundial. Ou seja, investir apenas no Brasil é como ir a um supermercado e ficar restrito a apenas uma prateleira.
Tendo parte do patrimônio investida no exterior, em outras moedas que não o Real, exposto a outros fatores que não aqueles que influenciam a economia brasileira, o investidor consegue a diversificação ótima da sua carteira e mantém o poder de compra internacional – vale aqui uma pausa para você refletir o quanto do seu consumo, hoje, já é dólar, ainda que indiretamente (de viagens a aparelhos celulares).
Razões para investir na Renda Fixa em dólar
- Redução de riscos locais
- Dólar sempre é ativo de proteção
- Manutenção do poder de compra em dólar
- Acesso ao mercado financeiro mais desenvolvido e mais líquido do mundo
- Diversificação geográfica
- Previsibilidade da Renda Fixa
- Segurança de ativos com maior grau de investimento (para fazer uma correta seleção, conte sempre com assessoria especializada)
- Proteção contra a inflação, já que a remuneração da maioria dos papéis é atrelada a indicadores de inflação
Valorização do dólar
Você pode estar se perguntando: mas se os juros no Brasil estão, atualmente, maiores do que os 5,5% de juros dos EUA, por que, então, investir lá fora?
A resposta está em fazer a comparação considerando a desvalorização do real frente ao dólar.
Em uma análise de longo prazo, os investimentos em dólar superam em rentabilidade qualquer investimento no Brasil, incluindo os atrelados ao CDI (Certificado de Depósito Interbancário), taxa que regula com a Selic, juros básicos da economia brasileira.
Isso simplesmente porque o real desvalorizou nada menos que 90% da década de 90 para cá.
Contexto nos EUA
Com a maior inflação em mais de quatro décadas, os Estados Unidos foram obrigados a subir juros, historicamente baixos, em uma velocidade surpreendente. No período de um ano, o banco central dos EUA, o FED, subiu as taxas de curto prazo de cerca de 2% para mais de 5%.
Com isso, abriu-se uma janela de oportunidade para quem deseja investir em Renda Fixa em dólar.
Isso porque é nos EUA que são emitidos os títulos considerados os mais seguros do mundo: os títulos do governo americano, chamados de Treasury Bonds.
Com juros em patamares considerados bastante altos para os padrões americanos, os investidores não só dos EUA, mas de todo o planeta passaram a pesar a seguinte questão: investir com máxima segurança e ter uma rentabilidade de 5% ao ano ou arriscar-se em outros investimentos, seja nos EUA ou em qualquer outro país?
Ou seja: todo investimento, atualmente, para valer a pena, tem que remunerar mais do que os 5% ao ano dos Treasuries americanos. Caso contrário, ele não vale o risco.
Mas você pode se perguntar: o que garante que os juros vão permanecer altos nos EUA? Quem aponta nessa direção é o próprio banco central americano, o Federal Reserve (Fed).
O Fed decidiu, em sua última reunião de política monetária, manter a taxa básica de juros parada entre 5,25% e 5,50% ao ano. E falas de membros do Fed vêm indicando que o caminho ainda é longo para trazer a inflação de volta à meta de 2% ao ano.
Neste contexto, a Renda Fixa em dólar é uma recomendação simples e segura, seja para quem já dolarizou sua carteira ou para quem deseja começar agora.
O momento atual, afirmam os especialistas, é de aproveitar os “gordos rendimentos em juros” da Renda Fixa americana. Isso porque a taxa de juros está no mesmo patamar do topo de 2008 e muito próxima do topo de 2001. E são raros os momentos em que os juros estão tão altos. Nesses momentos é que se deve comprar ativos de Renda Fixa de qualidade, com taxas altíssimas de retorno em dólar.
Renda Fixa em dólar: quais os ativos?
Nos Estados Unidos, os títulos de Renda Fixa mais comuns são os prefixados. Isto quer dizer que há uma taxa pré-determinada, que vale até o fim do contrato.
Por exemplo, você adquire um título com remuneração de 6% ao ano até dezembro de 2026. Ao fim do período, você recebe o principal (o valor investido) mais o rendimento.
Os títulos americanos também costumam pagar rendimentos periódicos, geralmente semestrais – o que no Brasil acontece apenas em alguns tipos de títulos, caso dos títulos do Tesouro IPCA com juros semestrais, por exemplo.
Assim como no Brasil, a Renda Fixa em dólar só garante a remuneração combinada se o título for mantido até o vencimento. Se você se desfazer do papel antes disso, estará sujeito à marcação a mercado – venda no mercado secundário, com valores de acordo com a demanda.
Neste caso, o detentor do título vai ter de aceitar o preço que as pessoas estão dispostas a pagar por eles naquele momento. É o mercado que vai definir o quanto vale esse título. E isso pode significar uma venda a preço mais baixo ou mais alto, dependendo do momento do mercado. O que, para muitos investidores, representa uma oportunidade de ganhos maiores.
O mesmo vale na aquisição, ou seja, você pode encontrar títulos sendo vendidos com desconto, o que vai significar que, se levados ao vencimento, sua rentabilidade será maior do que a contratada.
Saiba, agora, quais são os títulos de Renda Fixa em dólar.
Títulos do Tesouro dos Estados Unidos (Treasury Bonds)
Os títulos do Tesouro dos Estados Unidos são considerados o investimento mais seguro do mundo.
Emitidos pelo governo federal, esses títulos soberanos oferecem aos investidores uma Renda Fixa e garantida.
Além disso, eles são altamente líquidos e podem ser facilmente comprados e vendidos no mercado.
No Brasil, o investimento similar seria o Tesouro Direto.
Os investidores são atraídos para os títulos do Tesouro dos EUA devido à proteção contra riscos econômicos – basta pensar que, diante de qualquer dificuldade, o governo pode “imprimir” mais dinheiro para honrar com as dívidas.
Os tipos de Treasuries são:
- Treasury Bills (ou T-Bills): têm prazo de um mês até um ano
- Treasury Notes (ou T-Notes): têm vencimentos em 2, 3, 5, 7 e 10 anos e pagam juros semestrais
- Treasury Bonds (ou T-Bonds): têm prazo mais longo, de 20 ou 30 anos, e também pagam juros semestrais
- Treasury Inflation-Protected Securities (TIPS): com prazos de 5, 10 e 30 anos, esses títulos têm correção pelo CPI, indicador de inflação dos EUA.
Títulos Corporativos (Corporate Bonds)
Os títulos corporativos são emitidos por empresas para arrecadar capital. É o que no Brasil se chama debênture. Mas nos EUA é possível adquirir bonds, por exemplo, de Apple, Google e Microsoft.
Esses títulos oferecem aos investidores um rendimento fixo regular e são classificados de acordo com o risco de crédito da empresa emissora.
Títulos corporativos de alta qualidade possuem classificações mais altas e são considerados mais seguros, enquanto títulos corporativos de menor qualidade podem oferecer rendimentos mais altos, mas também apresentam maior risco de inadimplência.
Os investidores em busca de Renda Fixa em dólar muitas vezes optam pelos tituli’s corporativos para obter uma combinação de segurança e rendimento.
E você sabia que é possível investir até mesmo em Corporate Bonds de empresas brasileiras?
Esse investimento é particularmente interessante porque a percepção de risco de papéis de empresas brasileiras nos EUA é diferente, simplesmente por se tratar de um país emergente. Assim, empresas altamente sólidas e confiáveis para os brasileiros acabam por remunerar mais os títulos emitidos nos EUA, para que se tornem um caso interessante de risco-retorno. Um contraponto para essa estratégia é que você acaba perdendo parte da diversificação que o investimento em dólar poderia oferecer, pois a dinâmica relevante acaba sendo, no final, a brasileira.
Certificados de Depósito (CDs)
Os Certificados de Depósito (CDs) nos EUA equivalem ao Certificado de Depósito Bancário (CDB) no Brasil.
Eles são emitidos por bancos e instituições financeiras e oferecem aos investidores uma taxa de juros fixa durante um período de tempo especificado.
Os CDs são considerados investimentos seguros e são protegidos pelo seguro federal de depósito (o FIDC, espécie de Fundo Garantidor de Crédito – FGC de lá) até US$ 250 mil por investidor.
Mas, atenção: você não pode vender um CD antes do vencimento, sendo este um título de liquidez limitada. A compensação, geralmente, vem em uma remuneração melhor do que a de outros títulos.
Fundos de Renda Fixa
Os fundos de renda fixa são veículos de investimento que reúnem o dinheiro de vários investidores e o aplicam em uma variedade de títulos de Renda Fixa.
Esses fundos são gerenciados por gestores profissionais e oferecem a vantagem da diversificação instantânea, uma vez que investem em uma ampla gama de títulos, como títulos do tesouro e títulos corporativos.
Mas, no caso dos EUA, os gestores em questão são nomes bastante fortes, como PIMCO, JP Morgan e Morgan Stanley.
ETFs de Renda Fixa
Outra possibilidade são os Exchange Traded Funds (ETFs) de Renda Fixa. Tais fundos são temáticos nos EUA e negociados em Bolsa de Valores. Por temáticos, entende-se que eles exploram setores e nichos específicos do mercado.
Eles podem ou não ser atrelados a um índice (diferentemente do Brasil, onde os gestores buscam ajustar o ETF de modo que ele seja o mais parecido possível ao indicador).
- Para saber tudo sobre como investir em Renda Fixa e em títulos IPCA+, especificamente, baixe aqui nosso guia de Renda Fixa.
- Para saber como investir em ações listadas na Nasdaq, baixe o Guia de Renda Variável no Exterior.
Você leu sobre IPCA+ ou dólar+. Para investir melhor, consulte os e-books, ferramentas e simuladores gratuitos do EuQueroInvestir! Aproveite e assine a nossa newsletter: receba em seu e-mail, toda manhã, as principais notícias do portal!