O número de vagas de emprego nos setores não agrícolas dos Estados Unidos permaneceu inalterado em 7,7 milhões em outubro, segundo dados do relatório Job Openings and Labor Turnover Survey (Jolts), divulgado nesta terça-feira (9) pelo Departamento do Trabalho do país.
Em setembro, o número de vagas de emprego atingiu 7,658 milhões. A divulgação dos dados de setembro sofreu atraso em função do período de paralisação do governo federal, o mais longo da história dos Estados Unidos. Já o número de vagas registrado em agosto permaneceu inalterado, em 7,227 milhões.
Durante o mês, tanto as contratações quanto os desligamentos apresentaram pouca variação, totalizando 5,1 milhões. Entre os desligamentos, tanto os pedidos de demissão (2,9 milhões) quanto as demissões e dispensas (1,9 milhão) permaneceram praticamente estáveis.
O número e a taxa de vagas de emprego ficaram inalterados, em 7,7 milhões e 4,6%, respectivamente. Houve apenas uma redução no número de vagas no governo federal, que caiu 25 mil.
Em relação às contratações, tanto o número quanto a taxa apresentaram pequenas alterações, ficando em 5,1 milhões e 3,2%, respectivamente. A estabilidade foi observada em todos os setores.

O economista-chefe da EQI Investimentos, Stephan Kautz, afirma que o relatório traz sinais mistos após o período de paralisação das atividades nos Estados Unidos (shutdown). Segundo ele, o número de vagas permaneceu em linha com os últimos meses, indicando que o mercado de trabalho continua robusto.
Por outro lado, os pedidos de demissão caíram para o menor nível desde a pandemia, o que sugere certa fragilidade. De modo geral, os dados reforçam a ideia de uma desaceleração gradual, agravada por restrições na oferta de mão de obra — especialmente relacionadas aos fluxos de imigração.
Já Will Castro Alves, estrategista-chefe da Avenue, destacou que não se trata de um cenário de recessão ou de forte desaceleração econômica, mas de um mercado que “parou”, que está “travado”.
Segundo ele, “nos Estados Unidos fala-se muito no fenômeno low hire and low fire, ou seja, você contrata pouco e demite pouco. Em alguns momentos, fala-se até em no hire and no fire: você não contrata, mas também não demite. É um mercado de trabalho que meio que parou.”
Ele acrescenta que “essa é a grande conclusão” e que, nesse sentido, “o JOLTS trouxe um pouco mais do mesmo”. De acordo com o estrategista, “o ratio entre contratações, demissões e saídas voluntárias não mudou muito, essa é a verdade.”
Apesar da criação de novos postos, o mercado de trabalho continua sem mostrar dinamismo, e esse é o ponto central. Em termos de impacto nos mercados, o efeito tende a ser bastante marginal.
Impacto do Jolts nas decisões do Fed
O relatório Jolts é um dos indicadores-chave acompanhados pelo Federal Reserve para orientar suas decisões sobre política monetária.
Ele funciona como um termômetro da dinâmica do emprego no país: um mercado aquecido — com muitas contratações, poucas demissões e elevado número de vagas — indica uma economia forte, reduzindo a margem para cortes de juros. Por outro lado, sinais de desaquecimento, mesmo que sutis, reforçam as expectativas de possível flexibilização monetária.






