O payroll dos Estados Unidos apontou a criação de 64 mil vagas de emprego em novembro, conforme dados divulgados nesta terça-feira (16) pelo Departamento do Trabalho. O número superou as expectativas do mercado, que projetavam cerca de 50 mil novos postos, e foi publicado com atraso devido à paralisação parcial do governo federal, trazendo também informações incompletas referentes a outubro.
Segundo William Castro, estrategista-chefe da Avenue, apesar da defasagem nos dados, o resultado de novembro foi o principal destaque do relatório. “Mesmo sendo um payroll atrasado, os números vieram acima do esperado e indicam uma recuperação após o impacto negativo observado em outubro”, afirmou.
O desempenho do mercado de trabalho foi sustentado pelo setor privado, com destaque para saúde e construção. Em contrapartida, o setor público voltou a pressionar os números. Em outubro, entraram em vigor cortes que haviam sido adiados ao longo do ano, resultando na eliminação de 162 mil vagas no funcionalismo federal. Em novembro, houve nova redução de 6 mil postos.
Para Castro, o resultado negativo de outubro distorce a leitura do mercado de trabalho. “A perda de empregos naquele mês foi fortemente impactada pelo setor público. Quando se observa apenas o setor privado, a contratação seguiu em um ritmo relativamente saudável”, avaliou.
A taxa de desemprego ficou em 4,6% em novembro, ligeiramente acima da projeção de 4,5%. O relatório também trouxe revisões para meses anteriores: agosto teve o saldo ajustado para uma perda de 26 mil vagas, enquanto setembro mostrou criação menor do que a inicialmente divulgada.
Payroll indica cenário de “low hire, low fire”, avalia economista
Na avaliação do estrategista da Avenue, o payroll reforça a percepção de um mercado de trabalho menos dinâmico, caracterizado por menor rotatividade. “Estamos em um ambiente de low hire and low fire. As empresas estão mais cautelosas para contratar e para demitir, e os trabalhadores também sentem que o mercado já não está tão forte”, explicou.
Castro acrescenta que fatores como a maior incerteza econômica e políticas mais rigorosas de imigração tendem a limitar o ritmo médio de criação de vagas no país.
Para o economista, os dados divulgados agora não alteram de forma relevante as perspectivas imediatas para a política monetária. “Esse relatório não gera uma tomada de decisão agora. Ele ajuda a desenhar o cenário, mas não define os próximos passos”, disse.
Na avaliação do estrategista, o relatório de emprego de dezembro, que será divulgado no início de janeiro, terá peso maior para o Federal Reserve, assim como os próximos dados de inflação. “O payroll de dezembro será mais relevante para entender o momento de um eventual corte de juros”, afirmou.
Varejo dos EUA fica estável em outubro e reforça sinais de desaceleração
As vendas no varejo dos Estados Unidos ficaram estáveis em outubro na comparação com setembro, segundo dados divulgados nesta terça-feira (16) pelo Departamento do Comércio. O resultado interrompeu o ritmo de crescimento observado no mês anterior e ficou abaixo da expectativa do mercado, que projetava alta de 0,1%.
Na comparação anual, as vendas avançaram 3,5%, desacelerando em relação à alta de 4,3% registrada anteriormente, embora ainda acima das projeções dos analistas. O desempenho reforça a leitura de um consumidor mais cauteloso, em um ambiente de juros elevados.
Ao excluir o segmento de automóveis, as vendas apresentaram desempenho mais favorável, com crescimento de 0,4% no mês, indicando alguma resiliência do consumo em categorias mais ligadas ao dia a dia. Ainda assim, revisões para baixo nos dados de setembro reforçam a percepção de moderação do consumo americano.






