No segundo e último dia de Invista lá Fora, evento online e gratuito da EQI Investimentos, os investidores puderam acompanhar painéis sobre o quanto os vieses comportamentais atrapalham na tomada de decisão, quais são as questões tributárias que impactam os investimentos lá fora, e quais as melhores ações para ficar de olho, além de aprenderem sobre o panorama geopolítico atual, que impacta diretamente no bolso de todo mundo!
Confira, abaixo, os principais insights do evento.
Vencendo a barreira do desconhecido
Para falar de vieses comportamentais e internacionalização de investimentos, o Invista lá Fora recebeu Charles Wicz, mais conhecido como Economista Sincero.
Wicz reconhece que o interesse dos brasileiros em investir no exterior aumentou após as últimas eleições. Entretanto, ele adverte que o investidor não deve levar em consideração apenas o aspecto político, mas ter clareza que os investimentos internacionais são uma boa estratégia para proteger o capital da instabilidade brasileira seja qual for o governo.
“Divida sua vida em duas partes. No trabalho, você pode ficar chateado com a economia. Mas, em casa, como investidor, estude atentamente os ativos depreciados e compre na hora certa. Dessa forma, você pode aproveitar o desconto de empresas como Apple, Google e Meta (M1TA34), que estão abaixo da média histórica”, recomenda.
Para vencer as inseguranças de dar um passo que pode soar grande demais para alguns, ele dá a dica: comece a investir no exterior sem pressa, com um valor inicial baixo, como R$ 100, por exemplo, de preferência em ETFs (Exchange Traded Funds):
“No exterior, os ETFs são amplamente utilizados e são como uma caixa de bombons sortidos, que reúnem várias ações em um único pacote”, recomenda.
Entendendo a tributação no exterior
As duas grandes questões dos brasileiros quanto ao investimento no exterior são, em primeiro, a insegurança de um mercado desconhecido, e depois a tributação. É o que afirma Bruno Peixoto, da BP Tax, convidado do Invista lá Fora.
E dentro do tema tributação, uma das principais dúvidas é se quem tem investimentos no exterior tem ou não que declará-lo ao fisco no Brasil.
Quanto a isso, ele esclarece:
“O que importa no direito tributário é onde você reside, onde você passa a maior parte do ano. Se você é português, mas mora no Brasil, tem que se adequar às regras do Brasil. O brasileiro que reside no Brasil tem que pagar imposto no Brasil, mesmo que o recurso esteja em outro país. E o Brasil tributa renda global e regime de caixa, ou seja, tudo o que cai na tua conta”, diz.
Por outro lado, o brasileiro residente no Brasil não precisa se preocupar em declarar investimentos estrangeiros à receita americana.
“Você fica desobrigado de declarar nos EUA. Quem vai fazer isso é a corretora, o banco, o agente de custódia no qual você tem a conta de investimento. Os impostos são retidos na fonte”, afirma.
Stock picking: como selecionar as melhores ações
O stock picking, conceito sobre como fazer a melhor seleção de ações possível dentro da bolsa de valores, com base nos fundamentos da empresa e características do mercado, sempre procurando comprar os ativos em momentos de queda e vendê-los nos momentos de alta, é o recomendado no momento atual.
Quem ensina isso é Gustavo Aranha, sócio e diretor de distribuição da GeoCapital, e Roberto Chagas, gestor de fundos da EQI Asset.
Aranha afirma que, em sua seleção de ativos, busca sempre por companhias dominantes em seu setor de atuação, e que devem continuar dominantes pelos próximos 5 anos, empresas bem geridas, com crescimento constante e que tenham vantagem competitiva.
“A cabeça é uma só: tentar olhar o passado da empresa, o que foi entregue de retorno, para entender se em cima desse passado dá para construir um futuro e perpetuar o nível de retorno”, complementa Chagas.
“Se você comprar uma empresa muito boa a um preço justo, já vai ser um bom negócio. A ação não precisa estar ‘de graça’ para ser um bom negócio”, diz Aranha.
Os cisnes negros da geopolítica
O brasileiro que investe no exterior, sobretudo nos EUA, precisa estar atento ao noticiário geopolítico e às consequências que os acontecimentos políticos e econômicos mundiais trazem ao seu patrimônio.
No painel “Riscos Geopolíticos, Cisnes Negros?”, que fechou o evento Invista lá Fora, o analista político Oliver Stuenkel falou sobre o cenário atual com Paula Moraes, jornalista da BM&C News.
Stuenkel cita que as últimas três décadas foram excepcionais, pela ausência de tensões geopolíticas desde o fim da Segunda Guerra. Com isso, ele diz, as grandes multinacionais e os investidores não estavam tão preocupados com a dinâmica das relações exteriores entre os países.
Agora, no entanto, o que se vê é uma multipolarização do mundo.
“A ascensão econômica da China foi, de certa forma, um produto da política liberal econômica dos EUA durante a Guerra Fria, com incentivos pró-globalização e pró-abertura da economia. Curiosamente, este movimento provocou a multiplicação de polos de poder, o que trouxe mais tensões geopolíticas”, diz.
A guerra na Ucrânia, afirma, seria uma consequência da multipolarização.
- Gostou do segundo dia do Invista lá Fora? Confira também como foi o primeiro dia do evento!
Perdeu o evento ou gostaria de rever algum trecho? Ainda dá tempo! Acompanhe em nosso portal toda a cobertura do Invista lá Fora. As gravações também seguem disponíveis no canal do Youtube do EuQueroInvestir.
Até nosso próximo evento!