O IPCA-15 em dezembro registrou alta de 0,25%, segundo dados divulgados pelo IBGE, marcando uma leve aceleração em relação a novembro, quando o índice havia avançado 0,20%. Com esse resultado, o indicador encerra 2025 com inflação acumulada de 4,41%, praticamente em linha com o consenso de mercado, que apontava 4,40% no acumulado em 12 meses.
Embora o número mensal tenha vindo abaixo da expectativa mediana de 0,30%, o dado anual mostra que a inflação segue acima do centro da meta, reforçando um cenário ainda desafiador para a política monetária. Em comparação com dezembro de 2024, quando o IPCA-15 foi de 0,34%, houve desaceleração pontual, mas insuficiente para indicar uma tendência clara de alívio inflacionário.
A coleta de preços ocorreu entre 14 de novembro e 12 de dezembro, abrangendo famílias com renda de até 40 salários mínimos em 11 regiões do país. A metodologia segue a mesma do IPCA tradicional, o que torna o IPCA-15 em dezembro uma referência importante para avaliar o comportamento da inflação no fechamento de 2025.
Composição do IPCA-15 em dezembro preocupa mais do que o número cheio
Na abertura dos dados, sete dos nove grupos pesquisados apresentaram alta no IPCA-15 em dezembro. O maior impacto veio do grupo Transportes, com avanço de 0,69% e contribuição de 0,14 ponto percentual. As passagens aéreas subiram expressivos 12,71%, enquanto o transporte por aplicativo avançou 9,00%, pressionando o índice.
Segundo o economista-chefe da EQI Asset, Stephan Kautz, o resultado trouxe desconforto. “A parte qualitativa do número foi ruim”, afirmou. Apesar de o índice cheio ter vindo em linha com o consenso, Kautz destacou que os serviços e os bens industriais surpreenderam negativamente, com núcleos mais elevados do que o esperado.
De forma indireta, a leitura reforça que, ao excluir itens voláteis, o IPCA-15 em dezembro mostra uma inflação mais resistente. A média dos núcleos voltou a subir em relação aos meses anteriores, indicando que as pressões inflacionárias seguem disseminadas ao fim de 2025.
Alimentos aliviam, mas serviços seguem pressionando a inflação em 2025
O grupo Alimentação e Bebidas, de maior peso no índice, teve alta moderada de 0,13% no IPCA-15 em dezembro. A alimentação no domicílio recuou pelo sétimo mês consecutivo, com quedas relevantes em itens como tomate, leite longa vida e arroz. Esse movimento ajudou a conter uma aceleração maior do índice.
Por outro lado, a alimentação fora do domicílio avançou 0,65%, refletindo a pressão contínua dos serviços. Esse comportamento está alinhado à avaliação de Stephan Kautz, que destacou a reaceleração desse segmento como um dos pontos negativos do dado.
Em 2025, a persistência da inflação de serviços tem sido um dos principais desafios, uma vez que está ligada ao mercado de trabalho aquecido e à demanda ainda resiliente, dificultando um processo mais consistente de desinflação.
Diferenças regionais e implicações para o cenário econômico
Regionalmente, o IPCA-15 em dezembro mostrou alta em dez das onze áreas pesquisadas. Porto Alegre registrou a maior variação, com 0,50%, influenciada por energia elétrica e passagens aéreas. Já Belém teve queda de 0,35%, puxada por fortes recuos na hospedagem.
O IPCA-15 em dezembro também revelou um IPCA-E de 0,63% no trimestre, bem abaixo dos 1,51% registrados no mesmo período de 2024, sinalizando alguma desaceleração marginal. Ainda assim, o fechamento de 2025 em 4,41% indica que a inflação segue acima do desejável.
Na avaliação do mercado, os dados reforçam cautela. Mesmo com o número cheio aparentemente benigno, a composição do IPCA-15 em dezembro sugere que o combate à inflação em 2025 exigirá atenção redobrada das autoridades econômicas.
Confira a análise completa de Stephan Kautz, economista-chefe da EQI Asset:






