Investir no exterior ainda parece um bicho de sete cabeças para muitos brasileiros. Contudo, não existe mais aquele cenário de antigamente em que apenas investidores qualificados poderiam investir nos Estados Unidos (EUA).
Para desmistificar o investimento no exterior, Denis Miyabara, sócio da EQI Investimentos e do canal do Youtube Investir e Coçar, e Charles Wicz, o Economista Sincero, apresentaram o painel “Vieses Comportamentais”, abrindo o segundo e último dia do evento Invista lá Fora.
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Vencendo o medo da internacionalização
“Por que não investir lá fora [nos Estados Unidos]? Os investidores brasileiros deveriam, pelo menos, olhar no exterior para avaliar as opções disponíveis, principalmente pela facilidade de se investir”, provoca Wicz.
Segundo Charles, no passado, investir em ativos nos Estados Unidos não era uma tarefa fácil para um investidor comum, uma vez que essa opção era restrita somente a investidores qualificados.
Ademais, na época, aqueles que demonstravam interesse em investir no mercado norte-americano eram rotulados de “malucos” ou, em alguns casos, eles próprios sentiam que estavam agindo de forma ilegal.
Por que investir no exterior?
De acordo com o Economista Sincero, o interesse dos brasileiros em investir no exterior aumentou após as últimas eleições. Entretanto, ele adverte que o investidor não deve levar em consideração apenas o aspecto político, mas considerar que os investimentos internacionais podem ser uma boa estratégia para proteger seu capital da instabilidade brasileira.
Wicz aponta que a instabilidade no Brasil é recorrente, assim como em vários países da América Latina, com destaque para Argentina e Venezuela. Dessa forma, investir em economias mais estáveis seria uma maneira de proteger o capital contra essas oscilações.
“Você pode me questionar que os Estados Unidos têm um risco de recessão e que estão com as maiores taxas de juros dos últimos anos. Mas você prefere ter o seu dinheiro na Nigéria? Então, essa pode ser a oportunidade de aproveitar um mercado que deve se recuperar em breve”, afirma.
Miyabara cita que o brasileiro pode ter receio de investir nos EUA porque não sabe e nem conhece as opções que tem lá. Afinal de contas, “as pessoas se sentem mais seguras em ir a lugares que já têm conhecimento”. Por conseguinte, muitos brasileiros ainda sentem receio de investir nos Estados Unidos por desconhecerem os ativos disponíveis e a estrutura tributária do país.
Mesmo com as preocupações mencionadas, o Economista Sincero destaca que os investidores brasileiros têm um forte desejo de investir nos Estados Unidos. Afinal, quem não gostaria de possuir ações de empresas gigantes como Coca-Cola (COCA34), McDonald’s (MCDC34) ou Tesla (TSLA34)?
No entanto, eles costumam colocar diversos obstáculos para não investir, como a falta de fluência em inglês e a dificuldade em entender a tributação, o que acaba limitando as suas possibilidades de investimento.
Ainda em relação à insegurança de investir nos Estados Unidos, Charles sugere que o investidor inicie suas aplicações de forma gradual e sem pressa, com um valor inicial baixo, como R$ 100, por exemplo.
Em relação aos ativos, Charles orienta a começar com os ETFs (Exchange Traded Funds), que são fundos de investimentos que replicam o desempenho de determinado índice.
“Uma boa opção para quem está começando a investir é utilizar ETFs (Exchange Traded Funds). No exterior, os ETFs são amplamente utilizados e são como uma caixa de bombons sortidos, que reúnem várias ações em um único pacote”, recomenda.
“Por exemplo, se você deseja investir em petróleo, mas não quer acompanhar todas as empresas e as notícias relacionadas, pode optar por um ETF que tenha petróleo como lastro. Além disso, a chance de um ETF ‘quebrar’ é menor do que uma empresa individual. Portanto, comece investindo em ETFs”, complementa.

Mas e a renda fixa brasileira?
Denis comenta que o cenário brasileiro oferece uma renda fixa “muito boa” e provoca o Economista Sincero, questionando se vale a pena sair do país. Para responder este questionamento, Charles faz uma reflexão sobre os ciclos econômicos.
Ele relembra que o momento atual de mau humor da economia americana é passageira. Mas este ambiente é propício para enxergar ativos depreciados. Dessa forma, o investidor tem uma chance de bombar, dependendo do ativo escolhido por ele.
“Eu já vi casos de gente colocar tudo em renda fixa e perder a oportunidade de ter uma boa valorização”. .
Estratégias de investimentos
Miyabara questiona, então: se o brasileiro tem receio de investir naquilo que ele não conhece, ele pode aplicar o seu dinheiro em empresas brasileiras no exterior?
O Economista Sincero entende que a ideia é válida, porém ele recomenda não repetir os investimentos nas mesmas empresas que se investe aqui.
“Há empresas com grande destaque nas bolsas dos Estados Unidos, mas o que adianta você investir na Vale (VALE3), Petrobras (PETR4) e Itaú (ITUB4) aqui e no exterior. Diversifique as opções”, afirma.
O Economista Sincero dá uma dica de estratégia para o investidor:
“Divida sua vida em duas partes. No trabalho, você pode ficar chateado com a economia. Mas em casa, como investidor, estude atentamente os ativos depreciados e compre na hora certa. Dessa forma, você pode aproveitar o desconto de empresas como Apple (AAPL34), Google (GOGL34) e Meta (M1TA34), que estão abaixo da média histórica”.
Em suma, Charles Wicz fecha a sua participação no Invista lá Fora pedindo para o investidor não se prender às barreiras de idioma e tributação, uma vez que há corretoras que resolvem essas questões para os clientes.
Assim como ocorre no Brasil, o conhecimento necessário para investir no exterior pode ser adquirido por meio de estudos e busca de informações.
Se houver receio de começar, uma boa alternativa é investir aos poucos em ETFs ou empresas grandes, com um valor inicial baixo, e ir ganhando dividendos aos poucos.
O importante é dar o primeiro passo e ir aprendendo ao longo do caminho.
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