A Cosan (CSAN3) voltou ao centro das atenções do mercado após o BTG recomendar a compra de suas ações. A análise destaca que a holding, conhecida por sua atuação em energia, infraestrutura e agronegócio, passou por um ciclo intenso de investimentos nos últimos anos que pressionou o balanço. Agora, com ajustes estruturais, o cenário começa a mudar.
Segundo o BTG, a Cosan atravessou um período marcado por decisões que não trouxeram o retorno esperado, como a expansão da Raízen e o investimento em Vale. A combinação desses movimentos com juros elevados resultou em aumento relevante do endividamento e redução do fluxo de dividendos.
Ainda assim, o banco avalia que a empresa deu passos decisivos para corrigir esses desequilíbrios. A recente capitalização de R$ 10,5 bilhões é vista como um divisor de águas para a trajetória da companhia.
Capitalização reduz dívida e fortalece governança da Cosan
O BTG destaca que o aumento de capital praticamente resolve a estrutura de capital da Cosan. A dívida líquida no nível da holding deve cair de cerca de R$ 21,6 bilhões para R$ 14,1 bilhões, incluindo ações preferenciais, o que reduz de forma relevante o peso das despesas financeiras.
De acordo com o analista Thiago Duarte, do BTG, “o aumento de capital foi essencial para estabilizar a estrutura financeira da Cosan e devolver flexibilidade estratégica à companhia”. Ele acrescenta que a entrada de novos acionistas relevantes também eleva o nível de governança.
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Com o novo acordo, a Cosan deixa de ter uma única voz controladora. Decisões estratégicas passam a exigir o aval de mais de um grande acionista, o que, segundo o BTG, reduz riscos e melhora a disciplina na alocação de capital.
Espaço para destravar valor e reduzir desconto de holding
Outro ponto central da análise do BTG é o chamado “desconto de holding”, historicamente em torno de 30%. Esse desconto reflete o fato de o mercado valorar a Cosan abaixo da soma de seus ativos. Para o banco, esse cenário pode mudar.
Com menos pressão financeira, a Cosan ganha tempo para monetizar ativos de forma estratégica. Entre as possibilidades estão a venda de participações em negócios como Radar, Rumo e Moove, sempre buscando maximizar valor e reduzir ainda mais a alavancagem.
Thiago Duarte afirma que “a Cosan deixa de ser vista apenas como uma história de desalavancagem e passa a ser reconhecida como um composto de valor de longo prazo”. O BTG estima que a redução de custos no nível da holding pode gerar cerca de R$ 2 bilhões em valor adicional.
BTG projeta forte valorização das ações da Cosan
Com base em uma análise detalhada de soma das partes, o BTG reiterou recomendação de compra para as ações da Cosan, com preço-alvo de R$ 10,50 em 12 meses. Considerando a cotação atual, o potencial de valorização supera 100%.
A expectativa do banco é que, com a reorganização financeira concluída e a retomada da geração de caixa, a Cosan consiga capturar melhor o valor de seu portfólio diversificado. Para investidores de longo prazo, o BTG vê uma combinação rara de ativos estratégicos, governança reforçada e ponto de entrada atrativo.






