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Saiba como dolarizar sua carteira de investimentos

Saiba como dolarizar sua carteira de investimentos

Muitos investidores já sabem que investir no mercado internacional é uma excelente forma de diversificação e proteção. No entanto, muitos ainda não iniciaram sua jornada global por puro desconhecimento. 

Se você quer saber como dolarizar sua carteira de investimentos, ou quer aprender mais sobre essa modalidade, o primeiro passo é compreender que investimentos lá fora não são tão complicados, como muitos pensam. 

“São apenas economias, investimentos e instrumentos diferentes. Diversificar o portfólio globalmente faz muito sentido para diminuir o risco. Fica ainda mais simples para quem conta com especialistas para direcionar o caminho”, aponta Carolina Okamura, portfolio manager internacional e RI de Portfólio Solutions do BTG. 

Se você não quer perder oportunidades, deve acompanhar esta entrevista que o head de produtos da EQI International, Rodrigo Samaia, fez com Carolina e com Arthur Mota, economista da área de offshore de Portfólio Solutions do BTG. 

Veja agora os principais insights da conversa e se prepare para se tornar um investidor global. 

Oportunidades no mercado internacional são para investidores de todos os portes

Os investimentos internacionais, que antes eram privilégios para os grandes portfólios, hoje está acessível também aos investidores de varejo alta renda, ou seja, aquelas pessoas que negociam ativos, mas que não são profissionais.

De acordo com Carolina Okamura, portfolio manager internacional e RI de Portfólio Solutions do BTG, está havendo um movimento no mercado que aponta para uma mudança estrutural significativa nesse sentido. 

“As pessoas estão desmistificando o mercado internacional e entendendo que se trata de algo simples, o que tem atraído o cliente de varejo cada vez mais”, comenta. 

Uma das razões que tem facilitado o caminho global é a oferta de plataformas que desburocratizam os processos e se propõem a facilitar a vida dos investidores, como lembra Rodrigo Samaia, head de produtos da EQI International.  

“Acredito que o mercado global é um caminho sem volta, o qual independe de questões políticas e econômicas pontuais. Já há algum tempo estamos vendo o movimento de um público mais abrangente”, aponta. 

Por que é importante diversificar internacionalmente? 

É fato que investir no mercado lá fora atribui maior segurança para o patrimônio. Uma das razões é a força do dólar frente ao real e seu poder de proteção contra a inflação. 

“É muito importante não só diversificar o patrimônio em moeda, uma vez que o dólar é uma moeda forte, na qual se tem pouca volatilidade, mas também porque no Brasil a inflação é movida também pelo dólar, que reflete diretamente no custo de bens de consumo”, reforça Carolina Okamura. 

Mas não são apenas essas as vantagens que os investidores internacionais possuem. O mercado global pode oferecer um alto poder de diversificação de estratégias de investimentos se comparado às disponíveis no Brasil.  

“Tanto a bolsa, quanto a Renda Fixa, têm uma correlação quase que um para um. Se um sobe o outro sobe, se um desce, o outro desce. Se adicionarmos um outro elemento, como, por exemplo, a bolsa americana, que se movimenta de forma contrária, muitas vezes, aí sim podemos ter diversificação de estratégias, o que traz uma melhor relação risco/retorno do portfólio, muito importante no longo prazo”, explica a portfolio manager. 

Ainda de acordo com ela, o Brasil representa 1% do mercado global, sendo que a bolsa brasileira é bastante concentrada em poucos setores. “Adicionar um elemento internacional, dá acesso a um mundo de estratégias descorrelacionadas”, completa. 

Como dolarizar sua carteira de investimentos: qual a porcentagem?

De acordo com a profissional, estudos apontam uma divisão padrão em 70/30, ou seja, 70% em investimento local e 30% em investimentos lá fora. 

No entanto, é impossível seguir esse target para todos os investidores, pois cada um tem um perfil, estilo e demandas diferentes.

“Um caminho é começar com menos, mas fixar um objetivo no longo prazo para alcançar os 30% de investimento”, comenta. 

Conforme aponta Rodrigo Samaia, hoje, o brasileiro médio tem menos de 10% do patrimônio investido no exterior, número inferior a outros países da América Latina e de países desenvolvidos, que seguem com uma média entre 20% a 30%, o que abre espaço para muitas oportunidades. 

Riscos e oportunidades do mercado global 

Para Arthur Mota, economista da área de offshore de Portfólio Solutions do BTG, entender o ambiente global é importante para as alocações domésticas e internacionais. 

“O ambiente global dita muito do movimento de preço aqui. Grande parcela da nossa bolsa é influenciada por movimentos que vêm lá de fora, seja o S&P ou pelo ambiente chinês, que influencia no apetite de risco de mercados emergentes no geral”, observa. 

Ele ressalta ainda que lá fora é possível conseguir exposição a ativos que não estão disponíveis aqui no Brasil, como nos setores de tecnologia e de fronteira, que geram retorno positivo no longo prazo.

Como dolarizar sua carteira de investimentos: cenário atual de juros altos e inflação

Para dolarizar a carteira e fazer a melhor alocação, Mota recomenda ao investidor compreender o ciclo econômico atual no Brasil e no mundo. Uma vez que existe uma influência na dinâmica do portfólio e no apetite ao risco. 

Segundo ele, por aqui, a discussão atual está focada na parte fiscal e lá fora está mais centrada na questão dos juros e na dinâmica de inflação.

“Basicamente, a gente está há mais de um ano em um ciclo de ajuste monetário nos Estados Unidos, que começou em março do ano passado. Mas, a gente entende que maio deve ser o último pilar do Banco Central americano em termos de alta de juros”. 

Na visão do especialista, por mais que o Fed pare de subir neste semestre, ele deve manter os juros altos por mais tempo, o que é uma novidade no cenário americano. 

“Esse é exatamente o ponto que pode trazer oportunidades ou, eventualmente, desafios a depender da ponta que o investidor estiver posicionado”.  

Hoje, o mercado considera que o Fed vai cortar juros no último trimestre desse ano, com dois cortes de 25 basis points. Mas, de acordo com Mota, o BTG diverge desse consenso. 

“A economia ainda demanda desaquecimento para, de fato, entregar uma inflação na meta em 2025. Mesmo enfrentando, eventualmente, uma desaceleração econômica no segundo semestre, o Fed não vai ter espaço para ter um corte de juros tão intempestivo”, analisa. 

Temporada de resultados das empresas vem surpreendendo

Além dos dados macroeconômicos, outro indicador importante a ser acompanhado é a temporada de resultados das empresas nos Estados Unidos, que neste 1TRI23 vem surpreendendo positivamente.

Contudo, de acordo com economista, ainda não é o momento de correr um risco muito elevado, como em 2021.

“Tão logo a gente vá se aproximando desse fim de ciclo de juros, poderemos trabalhar com um limite superior para a taxa, o que é importante para o movimento dos mercados”, frisa.

O especialista reforça que a proximidade com o final do ciclo de juros – que pode ocorrer no segundo semestre – será um momento de mudança de regime importante, não só para o cenário macro mas, principalmente, para a formação das estratégias nos próximos meses. 

“A tendência da inflação, teoricamente, continua sendo de queda, a velocidade com que ela vai convergir para a meta é que pode ser um pouco mais devagar do que o mercado espera”, pondera.

Então, o pior momento já passou? Mota afirma que sim. “Tivemos o ciclo mais intenso de alta de juros dos últimos 40 anos e uma boa parcela já ficou para trás. Já tem bastante coisa no preço”.

Liquidez: o principal risco no cenário hoje?

Para Arthur Mota, o problema do estresse bancário sofrido em março de 2023 foi um problema levado a sério nos Estados Unidos. 

Ele explica que o sistema bancário é diferente de outros setores da economia, porque está bastante ligado à economia real e opera alavancado, influenciando diretamente o ciclo econômico. 

Mas, de acordo com ele, a boa notícia é que já é possível ver uma estabilização na ponta, conforme vem indicando a oferta de liquidez nos balanços do Fed. 

“O pior do fluxo entre saques e depósitos visto em março ficou para trás. Mas ainda pode haver outras instituições financeiras que sofram também com a continuidade do aperto das condições financeiras, pois isso faz parte do ciclo monetário”, comenta. 

A consequência disso, segundo o economista, é que independentemente se a situação vai piorar ou não, os bancos serão mais cautelosos na oferta de crédito, principalmente, os de menor porte, que representam 40% da oferta de crédito na economia americana.

“Esperamos um aperto adicional nos próximos meses, não só no setor financeiro, mas em outras empresas que dependem desse fluxo de crédito e que podem ter uma dificuldade maior, uma vez que este canal poderá dar uma secada”, analisa.

Como ficará o mercado de ações?

O juro é um grande driver de mercado para o equity no Brasil e lá fora, aponta o economista do BTG. 

“Não por acaso vimos essa resiliência recente do mercado acionário americano, mesmo com toda uma discussão sobre o medo de uma recessão. É bom lembrar que esses movimentos de curto prazo, três, quatro trimestres à frente, podem ser diluídos ao longo do tempo se a curva de juros mudar”, comenta. 

É hora de investir na bolsa?

Quanto à bolsa americana, Mota afirma que o BTG mantém uma posição neutra no curto prazo, justamente, porque ainda há um balanço final da parte de juros que não deve cair este ano. 

“Além disso, no final do ano deverá ter uma revisão do lucro das empresas para baixo em relação ao que se tem hoje”, adverte. 

No entanto, quem busca dolarizar a carteira de investimentos na bolsa americana, pode escolher ações que hoje estão performando melhor no mercado, apesar do cenário macro desfavorável.

“Em equity temos as ações value – ligadas a bancos e outros setores que estão muito bem – e growth – esta última mais ligada ao setor de tecnologia. Nosso portfólio, desde o ano passado, está mais posicionado em ações de value, que não estão tão ligadas à taxa de juros, por isso, não sofre tanto às oscilações no mercado. 

Oportunidades de boas compras

Por mais que possa parecer que o cenário é desafiador, eventualmente, são nesses momentos que se consegue achar boas empresas a preços considerados disfuncionais, conforme analisa Mota. 

“O próprio estresse no mercado acabou colocando todo mundo em uma mesma cesta. Há ativos dentro do sistema bancário de alta qualidade como grandes bancos que são vencedores de longo prazo, mas que também sofreram em termos de preço nessas últimas semanas e que hoje se encontram em valor bastante atrativo”, reforça.

Ele completa: a pior parte do ciclo já ficou para trás. Temos que olhar sempre não o estado atual mas, principalmente, de seis a 12 meses à frente. O ambiente será um pouco mais construtivo, conforme paramos de discutir tanto a alta de juros nos EUA”.

Qual a melhor alocação internacional?

Carolina Okamura destaca que tudo depende do tipo de portfólio e do perfil do cliente. 

“Além das oportunidades em equity, temos também Renda Fixa, que vive um ótimo momento nesse cenário de juros altos. Temos Bonds investment grade de empresas consolidadas americanas, que estão pagando entre 5% e 6% ao ano. São retornos que a gente não vê há bastante tempo”, aponta.

Há também oportunidades em Fundos de Renda Fixa, ETFs, Mutual funds, estrutura de opções. 

“Os investidores podem contar com uma gestão ativa da carteira, com alocação entre Renda Fixa e Renda Variável, na proporção que acompanha o cenário econômico”. 

Melhor Renda Fixa: nacional ou internacional?

Em se tratando de juros elevados aqui e lá fora, os investidores podem ficar com dúvida sobre a rentabilidade da Renda Fixa na comparação entre os dois mercados. No entanto, o mercado internacional oferece melhores condições para o investidor, conforme explica Arthur Mota.

“A Renda Fixa não é só título público. Quando você vai para o mercado corporativo aqui no Brasil, incorpora não apenas os riscos soberanos, mas também os riscos micro. Lá fora, você consegue diluir bastante o risco com bons ativos”, esclarece.

Para ele, é por essa razão que a continuidade da alocação global tem o dólar como um vetor favorável, uma vez que a moeda se fortalece ao longo do tempo contra a nossa moeda. Mas não apenas isso, é preciso ter consciência de que o brasileiro é muito exposto ao risco de mercado emergente.

“Não se deve pensar em investimentos globais só por conta do dólar, mas sim, porque temos bons produtos, boas estratégias e uma economia extremamente diferente do que temos aqui”, destaca Mota.

Qual é o momento para dolarizar a carteira?

Para Carolina Okamura é difícil fazer “market timing”. Dessa forma, ela orienta que a dolarização da carteira seja feita aos poucos. “A sugestão é fazer um dólar médio e ir se acostumando com o movimento aos poucos”, finaliza.