Em um cenário de juros ainda elevados e spreads de crédito cada vez mais apertados, como o investidor pode encontrar retornos atrativos e com benefício fiscal? A resposta pode estar em uma classe de ativos que tem se tornado protagonista no financiamento do desenvolvimento do Brasil: a infraestrutura.
Em entrevista a João Zanott, analista da EQI Research, Gabriel Esteca, cofundador e head de investimentos em infraestrutura na Bocaina Capital, revelou os diferenciais que permitem ao FI-Infra da casa, o BODB11, navegar no ambiente atal e entregar uma rentabilidade robusta e isenta de Imposto de Renda para o investidor pessoa física.
A oportunidade secular da infraestrutura no Brasil
O Brasil vive uma carência histórica de investimentos em saneamento, logística e energia. Se no passado o financiamento de grandes projetos dependia de bancos públicos, hoje o tema ganhou uma nova dimensão.
“Agora, conversamos muito sobre investimento em infraestrutura, um tema que há cinco anos não falávamos a respeito. Quinze anos atrás então, quando comecei, essa discussão de mercado de capitais para infraestrutura nem existia”, comentou Esteca.
A grande virada veio com as debêntures incentivadas, que oferecem alíquota zero de Imposto de Renda. Com a recente discussão sobre a tributação de outros ativos isentos, a demanda por esses papéis explodiu.
“A cada medida de arrecadação do governo, vemos as debêntures incentivadas se tornando o ‘último peru com farofa da ceia de Natal’. Todo mundo está correndo para elas porque são o que restou [de ativos incentivados]”, ilustrou o especialista.
BODB11: retorno potencial de IPCA + 12% com dupla isenção fiscal
Para o investidor pessoa física, os Fundos de Investimento em Infraestrutura (FI-Infras) oferecem uma vantagem dupla: isenção de Imposto de Renda tanto sobre os rendimentos mensais quanto sobre o ganho de capital na venda das cotas.
Nesse cenário, Esteca apresentou o BODB11, cujo portfólio hoje rende aproximadamente IPCA + 9,5% ao ano, líquido de taxas. No entanto, a grande oportunidade está no deságio (desconto) com que a cota é negociada na B3 ($B3SA3).
“Quem compra a cota a mercado, além de se beneficiar desse carrego de longo prazo, está pagando um preço mais barato do que o ativo realmente vale”, detalhou o especialista ao explicar o benefício.
Com o deságio atual, o retorno esperado para o investidor salta para a faixa de IPCA + 11,5% a 12% ao ano, uma rentabilidade líquida e isenta.
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O “pulo do gato”: a estratégia de originação própria
A principal pergunta é: como o BODB11 consegue manter um carrego tão elevado em um momento de spreads de crédito comprimidos no mercado?
A resposta, segundo Esteca, está na capacidade da Bocaina de originar e estruturar os próprios ativos de crédito. Em vez de apenas comprar o que está disponível, a gestora negocia diretamente com as empresas, eliminando custos de intermediação. A lógica é simples, como ele explica:
“Nós economizamos para o emissor toda a estrutura de comissões [de uma emissão tradicional]. Em troca, ele fica com parte dessa economia e nós capturamos, no cupom do papel, um juro maior do que outro ativo de risco equivalente no mercado”.
Essa estratégia cria “alfa” (retorno excedente) de duas formas: mantém um carrego superior na carteira e permite gerar ganhos de capital extras ao vender esses ativos no mercado secundário. Esteca ressaltou que essa mesma especialização se prova crucial na gestão de riscos, citando o caso da empresa Rio Alto, no qual a execução de garantias robustas garantiu o pagamento integral do ativo com ganho para os cotistas.
Para entender em detalhes como essa estratégia funciona na prática e conferir outros insights sobre o mercado de infraestrutura, assista à entrevista completa no EQI+ ou no canal do Youtube da EQI Research.