Todos falam do “Custo Brasil”, que encarece os negócios e impede nosso crescimento econômico. No entanto, pouco se discute sobre a revolução silenciosa em curso na infraestrutura brasileira.
A precariedade da infraestrutura é um dos principais fatores que contribuem para o custo Brasil elevado. Estradas em más condições, falta de opções eficientes de mobilidade urbana e comunidades inteiras sem acesso à rede de esgoto, apenas para citar alguns problemas…
Mas essa realidade está começando a mudar, graças a uma legislação de 2011 que criou um instrumento inovador, voltado para pessoas físicas, que está revolucionando o financiamento da infraestrutura e proporcionando rendimentos atrativos para milhares de investidores.
Antes de falar mais sobre esse instrumento, vou mostrar dois gráficos:
Infraestrutura: investimento público e privado (em R$ bilhões)
Realidade e necessidade de investimentos em infraestrutura por ano (nos próximos dez anos, em R$ bilhões correntes)
O primeiro mostra que, nos últimos dez anos, os bancos públicos, como o BNDES, perderam protagonismo no financiamento de projetos de infraestrutura. Em contrapartida, os financiamentos via mercado de capitais ganharam relevância, impulsionados especialmente pelas debêntures incentivadas.
O segundo mostra que os investimentos ainda têm sido insuficientes.
Aí entram as chamadas debêntures incentivadas, que são títulos de dívida utilizados por empresas para captar recursos.
No caso de debêntures emitidas para financiar projetos de infraestrutura, há isenção de imposto de renda para pessoas físicas.
Diferente das debêntures tradicionais, que estão sujeitas à tabela regressiva do imposto de renda (com alíquota mínima de 15%), as incentivadas oferecem um retorno mais atrativo, especialmente em cenários de inflação elevada, pois o investidor não paga imposto sobre a inflação como no caso dos títulos indexados ao IPCA (os mais comuns).
Mas há algo ainda melhor…
O investidor pode comprar debêntures incentivadas diretamente em sua corretora e se beneficiar da isenção fiscal. Mas essa não é a melhor opção para a maioria dos investidores por diversos motivos:
- Dificuldade de diversificação: O investidor individual pode ter dificuldades para distribuir seu capital entre diferentes setores e empresas.
- Risco de crédito: Avaliar a segurança de cada emissor exige conhecimento técnico.
- Acesso a taxas mais atrativas: Fundos de investimento têm acesso a títulos com condições melhores que investidores individuais.
Por isso, prefiro a exposição à infraestrutura por meio dos Fundos de Infraestrutura (FI-Infras). Eles têm carteiras diversificadas, investindo em vários setores da infraestrutura, e normalmente pagam rendimentos mensais isentos de imposto de renda.
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FI-Infra não é FII
Muitos FI-Infras são negociados em bolsa, o que leva investidores a compará-los com os Fundos Imobiliários (FIIs). Apesar das semelhanças, existem diferenças fundamentais:
- Risco de crédito menor: Os FI-Infras financiam projetos de infraestrutura, que geralmente possuem concessões bem reguladas, empresas sólidas e receitas previsíveis. Isso pode torná-los mais seguros do que FIIs de papel (fundos que investem em Certificados de Recebíveis Imobiliários, CRIs).
- Isenção fiscal mais ampla: Além da isenção nos rendimentos mensais, os FI-Infras também são isentos de imposto sobre ganho de capital.
Por exemplo, se você comprar uma cota por R$ 100 e vender por R$ 120, não precisará pagar nenhum imposto sobre o lucro de R$ 20. O mesmo não acontecerá com FIIs ou títulos públicos, onde há incidência de imposto.
O crescente sucesso dos FI-Infras
Apesar de serem um produto relativamente recente, os FI-Infras têm conquistado muitos investidores graças a:
- Dividendos mensais isentos de imposto de renda;
- Retornos superiores às taxas do Tesouro Direto;
- Facilidade de diversificação;
- Maior previsibilidade de receitas em infraestrutura.
A boa notícia é que existem diversas gestoras com estratégias distintas, permitindo ao investidor escolher o fundo mais adequado ao seu perfil e objetivos.
Como escolher o melhor FI-Infra?
Sabemos que escolher o fundo certo e definir a melhor alocação na carteira pode não ser uma tarefa simples. Mas na EQI Research, eu tenho analisado os Fi-infras e tenho já uma seleção de alguns em que indico o investimento.
Por Joao Zanott, analista CNPI da EQI Research
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