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Portfólio internacional: como estruturar o seu?

Portfólio internacional: como estruturar o seu?

A instabilidade econômica e política brasileira não é novidade para quem investe. Crises cambiais, inflação persistente e choques externos já mostraram, repetidamente, como concentrar todo o patrimônio no Brasil pode ser arriscado. Diante disso, cresce o interesse por uma alternativa cada vez mais acessível: o portfólio internacional.

Na prática, trata-se da diversificação dos investimentos em ativos fora do país, buscando proteção em moedas fortes e abrindo espaço para setores e empresas que não existem na bolsa brasileira. Como destacou Caio Tuca, head internacional da EQI Investimentos, “investir globalmente deixou de ser uma alternativa opcional para se consolidar como uma estratégia essencial de construção patrimonial.”

O momento é propício. Plataformas digitais reduziram barreiras, os custos caíram e hoje o acesso é democrático. O desafio passa a ser estruturar esse portfólio de maneira eficiente, alinhado ao perfil do investidor.

Por que ter um portfólio internacional?

Um ponto de partida é entender a limitação do mercado local. O Brasil representa menos de 2% do PIB mundial e menos de 1% da capitalização global em renda variável. Isso significa que quem mantém 100% dos recursos aqui está exposto a um universo pequeno de setores, fortemente concentrado em commodities, bancos e utilities.

“Essa escolha representa abrir mão de retornos mais consistentes e da proteção patrimonial em moedas fortes. Nos tornamos consumidores globais, mas continuamos sendo investidores locais”, explica Caio Tuca.

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A diversificação global também protege contra riscos internos, como crises fiscais, choques de inflação e oscilações políticas. Além disso, abre portas para tendências globais que moldam o futuro: inteligência artificial, biotecnologia, energia renovável e inovação em saúde.

Entre os benefícios do portfólio internacional estão a diluição de riscos econômicos e políticos locais; exposição a empresas líderes globais; proteção cambial contra desvalorização do real; e participação em megatendências como inteligência artificial, transição energética e biotecnologia.

Nos últimos anos, esse movimento deixou de ser restrito a grandes fortunas.

“Até pouco tempo atrás, o acesso a esse universo estava restrito a investidores Private. Os valores mínimos eram elevados, os processos de abertura de conta eram complexos e analógicos, e havia uma barreira significativa no cumprimento das obrigações tributárias. Esse cenário mudou de forma estrutural”, afirma Caio.

Na EQI, a assessoria já ultrapassou R$ 3 bilhões investidos internacionalmente e atende mais de 4 mil clientes nesse processo. O avanço reflete não só a demanda crescente, mas também a visão de que diversificar fora deixou de ser um luxo: é uma necessidade.

O que é um portfólio internacional?

É a diversificação dos investimentos em ativos fora do Brasil, em moedas fortes, com acesso a setores e empresas que não estão disponíveis na bolsa brasileira.

Quanto investir no exterior?

Não existe uma regra única, mas a recomendação de casas de análise como a EQI Research é clara: todo investidor deve dolarizar entre 15% e 20% do patrimônio, independentemente do perfil.

Caio reforça que esse percentual pode ser maior conforme a situação.

“Recomendamos que pelo menos 15% do patrimônio seja dolarizado. Para investidores de maior patrimônio ou com exposição relevante a ativos de risco no Brasil, percentuais mais elevados — entre 30% e 40% — são desejáveis.”

Ele alerta que ainda há resistência no Brasil. Em média, os investidores mantêm 98% do patrimônio no país. Isso aumenta a vulnerabilidade a crises locais e limita o acesso a retornos mais consistentes.

O dólar, nesse caso, deve ser visto como proteção estrutural, não como aposta especulativa. Ele atua como hedge natural contra crises domésticas. Como disse o executivo, é incorreto tratar o dólar como livre de riscos, mas ele segue sendo a principal moeda de reserva global e um porto seguro em cenários de estresse.

Para iniciantes, começar com 10% e aumentar gradualmente até alcançar a recomendação é uma estratégia eficiente. A progressão dá tempo para aprender a operar plataformas e entender melhor o funcionamento da tributação.

Como estruturar o portfólio internacional?

Um portfólio sólido deve combinar diferentes classes de ativos. A visão de Caio Tuca é clara:

“Um portfólio internacional bem estruturado deve combinar renda fixa global, ações globais, REITs, ETFs setoriais e fundos alternativos.”

Renda fixa global

Os títulos do Tesouro americano (Treasuries) e bonds corporativos são a base de estabilidade. Para investidores moderados, Caio recomenda cerca de 40% da carteira em renda fixa global.

Ações globais e ETFs

Empresas líderes em tecnologia, saúde e consumo são pilares de crescimento. ETFs amplos, como S&P 500, Nasdaq 100 e MSCI World, são recomendados para quem está começando. “Para a maioria dos investidores, ETFs amplos são o ponto de partida mais eficiente. Eles oferecem diversificação imediata e liquidez”, comenta Caio.

REITs

Os fundos imobiliários globais dão acesso ao mercado de imóveis dolarizado, com dividendos recorrentes e exposição a segmentos como logística e data centers.

Fundos alternativos

Private Credit, infraestrutura e Real Estate podem adicionar diversificação e retorno acima da média, principalmente para investidores de maior patrimônio.

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Estratégia de alocação para portfólio internacional

Para perfis moderados, a referência sugerida por ele é:

  • 40% em renda fixa global;
  • 45% em ações globais (via ETFs e fundos de gestão ativa);
  • 15% em REITs.

Essa combinação garante equilíbrio entre estabilidade e crescimento.

Setores e regiões mais promissores

O portfólio internacional também deve aproveitar oportunidades geográficas. Na visão de Caio:

  • Tecnologia e inteligência artificial (EUA e Ásia);
  • Saúde e biotecnologia (EUA e Europa);
  • Energia renovável e transição energética (Europa, EUA e China);
  • Infraestrutura e saneamento (EUA e emergentes);
  • Consumo premium e digital (mercados desenvolvidos e Ásia emergente).

Ele destaca que os EUA seguem como a geografia mais resiliente, mas Ásia e Europa oferecem oportunidades estratégicas.

Exemplos práticos

A Carteira Global Investor Portfolio, referência da EQI Research, combina defensivos e agressivos. A carteira conta com exposição pelo ETF iShares Core US Aggregate Bond (AGG), que representa 25% do portfólio.

A alocação é diversificada globalmente, com destaque para Europa (25%), China (15%), Japão (3%), Sudeste Asiático (6%), América Latina (5%) e Brasil (21%).

No acumulado desde junho, a carteira sobe 0,76%, apesar de uma leve queda de 0,14% em agosto. O desempenho recente foi favorecido por ativos europeus, asiáticos e latino-americanos, enquanto o Brasil segue sustentado por fundamentos sólidos.

A estratégia conta com uma postura mais conservadora nos EUA e reforça a busca por equilíbrio entre risco e retorno no cenário global.

Vantagens de investir no exterior com a EQI

Se antes investir fora era caro e burocrático, hoje o processo é simples e acessível. A EQI utiliza plataformas como BTG Pactual e Avenue, permitindo que clientes brasileiros abram contas internacionais de forma digital.

Com isso, é possível investir em ações, ETFs, REITs e bonds globais. Além dos investimentos, os clientes têm acesso a cartões internacionais, câmbio instantâneo, integração com Apple Pay e Google Pay — vantagens que conectam o portfólio internacional ao dia a dia.

O acompanhamento também é diferencial. Todos os meses, relatórios da EQI Research orientam a composição da carteira internacional. Para Caio, “a internacionalização não depende de um momento certo. Ela é parte estrutural de uma carteira de longo prazo bem construída.”