Stephan Kautz, economista-chefe da EQI Asset, participou da live semanal da EQI Research da última quarta-feira (10), e apresentou suas perspectivas para os próximos seis meses do ano. Acompanhe e saiba quais os melhores investimentos para o segundo semestre.
Melhores investimentos para o segundo semestre: EUA em foco
Para Kautz, os cortes de juros promovidos pelos bancos centrais dos países desenvolvidos serão o grande tema, com Estados Unidos entrando também no novo ciclo. A expectativa da gestora é que os EUA façam dois cortes de juros ainda este ano, um em setembro e outro em dezembro.
“Encerramos 2023 na expectativa de cinco cortes de juros para 2024. Agora, as projeções ficam entre um ou dois cortes. Mas a inflação agora está muito boa, com sinais de desaceleração do crescimento. O cenário é de que a economia cresça cada vez menos”, afirma Kautz.
Para ele, a tendência de cortes de juros é global e deverá ser feita com bastante cautela, devido ao mercado de trabalho ainda aquecido na maioria dos países, o que pode impactar a inflação exercida pelos salários.
“O Fed subiu juros a golpes de machado e vai descer de escada”, resume Luis Moran, head da EQI Research.
“É a mesma toada do Banco Central Europeu. O mercado de trabalho ainda pode gerar pressão inflacionária. Então, todos os bancos centrais tendem a ser cautelosos. Passados seis meses ou um ano (do início do ciclo de cortes) e com a inflação recuando e a atividade desacelerando, pode ser que acelerem o ritmo no ano que vem”, complementa Kautz.
Melhores investimentos para o segundo semestre: eleições nos EUA
As eleições nos EUA também serão tema de impacto nos mercados no semestre, mas perdem relevância à medida em que Donald Trump confirma seu favoritismo na corrida eleitoral.
“Dada a performance de Joe Biden no último debate, os analistas vêm apontando 75% de chance de vitória para Trump. Este cenário tira um pouco de risco do mercado, porque o grande receio era ter uma eleição apertada, possivelmente questionada na justiça, com população indo para as ruas, repetindo o quebra-quebra que vimos da última vez”, explica.
“O favoritismo de Trump também acaba ajudando o Fed, porque elimina possíveis acusações de atuação política em favor de Joe Biden caso os cortes de juros comecem mesmo em setembro. Independentemente de Trump ser um candidato bom ou ruim, seu favoritismo tira o risco da eleição judicializada e de acusações de decisões políticas pelo Fed”, resume.
China: de olho no consumo
Além dos Estados Unidos, a China também tem forte influência no desempenho dos mercados. E uma mudança vem sendo observada no país, com governo injetando menos recursos no mercado imobiliário, o que transfere para os hábitos de consumo dos chineses as mudanças nas projeções de crescimento do país.
“A gente sempre fala da relevância do consumo chinês e isso acontece porque houve excesso de crédito do governo até aqui e, agora, o motor da economia é o consumo. O pós-pandemia não tem sido positivo para a China, com o consumidor chinês amedrontado e mais pobre. Nos EUA e na Europa, ao contrário, os consumidores mantiveram emprego e tiveram ajuda do governo. Na China isso não ocorreu”, pontua.
Melhores investimentos para o segundo semestre: no Brasil, há espaço para mais cortes
Questionado se no Brasil ainda há espaço para mais cortes de juros, Kautz afirma que sim. “Acredito que podemos ter novos cortes, mas não este ano. O mais seguro para o Banco Central é manter os juros agora”, avalia.
“A perspectiva de inflação ainda está desancorada, sendo que a meta é de 3% e as projeções estão acima de 3,3%. Então, o Banco Central precisa ficar atento a essa dinâmica. Até porque você tem um período de transição no Banco Central até o final do ano. O governo vai ter que anunciar um substituto na presidência do BC, que possivelmente será Gabriel Galípolo. Tem ainda eleições municipais e orçamento de 2025 para ser votado. E o governo vai ter que anunciar algum corte de gastos para as contas pararem de pé. Nesse cenário, é difícil cortar juros”, pondera.
“Eu acho que novos cortes ficam para o ano que vem, mas nada muito relevante, talvez mais um ponto porcentual, com Selic próximo a 9,5%”, afirma Kautz.
Nome de Galípolo deve ser bem recebido pelo mercado
Sobre a “troca de bastão” no Banco Central, o economista-chefe da EQI Asset considera que a escolha de Galípolo será bem-recebida pelo mercado, dadas as opções mais à esquerda que são aventadas especialmente pelo PT.
Cortes de gastos é fundamental
Além disso, diz Kautz, a questão fiscal segue pesando, dado o histórico do governo. “A agenda sempre foi aumentar impostos e não cortar gastos ou limitar gastos. Dessa vez, a agenda mudou e começa a trazer componentes de contenção de gastos, ainda que de forma tímida”, destaca.
“O governo ainda precisa se comprometer com corte mais ousado. Mas, pelo menos, o conteúdo da agenda mudou. E o caminho é esse: é preciso ser mais ousado no corte de gastos. O risco é, por questões de popularidade, o governo voltar a apostar em aumento de gastos ou abandonar o arcabouço fiscal”, alerta.
Caso isso venha a se confirmar, diz, ficará mais difícil para o Banco Central voltar a promover cortes de juros no ano que vem.
Mas e, então, quais os melhores investimentos para o segundo semestre?
Para a EQI Research, o sentimento de investidores locais e estrangeiros com relação aos ativos de risco brasileiros segue deteriorado. Porém, a casa de análise avalia que este sentimento “parou de piorar”.
“Se por um lado, parar de piorar é bom, por outro podemos entrar num período de estagnação de mercado. De todo modo, declarações políticas de autoridades sobre assuntos caros ao mercado podem continuar a causar volatilidade”, avalia.
No panorama internacional, a Research concorda com Kautz e enxerga que o cenário de juros nos Estados Unidos continua sendo o principal fator a influenciar o apetite por ativos de risco.
Com este contexto, confira abaixo os ativos selecionados pela casa de análises para a Carteira de Ações, Carteira de Fundos Imobiliários (FIIs), Carteira de Dividendos e Carteira 200 para Crescer de FIIs (de aportes baixos, de R$ 200 mensais, recomendada para quem está começando e tem poucos recursos disponíveis).
As melhores ações
A casa de análises optou por fazer alterações em sua Carteira Recomendada de Ações, buscando foco maior em ações que possuem dinâmicas próprias positivas no curto prazo. Foram ampliadas as exposições a Itaú (de 8% para 10% da carteira) e Sabesp (de 10% para 12%). Por outro lado, foi zerada a participação de Vamos (de 5%).

Os melhores FIIs
A Carteira Recomendada de FIIs da EQI Research ajustou algumas posições para reduzir o risco e aproveitar as boas taxas dos FIIs de papel. Nesse sentido, houve a redução da exposição a Fundos de Fundos (FOFs), com a saída do $RBRF11, e a diminuição da exposição ao $CPTS11 de 10% para 7,5%. Na categoria de FIIs de tijolo, foi reduzida a exposição ao setor de consumo. Além disso, foi incluído o $KNSC11 com peso de 10% nos fundos de papel.

Melhores ações para receber dividendos
A EQI Research divulgou também sua Carteira de Dividendos para o mês de julho, que conta com 9 ativos, sendo o maior peso para Petrobras ($PETR4), com 20% da carteira; Banco do Brasil (BBAS3$), CPFL ($CPFE3), BB Seguridade ($BBSE3) e Itaú ($ITUB4) têm 15%.
No restante, cada empresa responde por 5%. Uma das alterações do mês foi a saída da Cemig ($CMIG4), que tinha peso de 5%. Além disso, houve aumento na exposição de Itaú, que passou a ter 15%.

Melhores FIIs com aporte de apenas R$ 200
A Carteira 200 de FIIs, criada pela EQI Research como sugestão para quem quer começar a investir em Fundos Imobiliários com um valor relativamente pequeno, recebeu R$ 26,99 em dividendos em junho, registrando dividend yield (DY) médio (relação entre o valor dos proventos e o valor de mercado do fundo no anúncio do pagamento) de 0,90%.
No período de 7/6 a 9/7, a carteira apresentou um desempenho de +0,17%. No mesmo período, o IFIX (principal índice de Fundos Imobiliários) registrou perda de 1,30%.

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