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Rolex: tudo sobre a marca de luxo

Rolex: tudo sobre a marca de luxo

Da fundação visionária de Hans Wilsdorf às profundezas da Fossa das Marianas, entenda como a marca suíça transformou precisão técnica em patrimônio cultural

Sinônimo de elegância, precisão e status, a Rolex construiu um legado que ultrapassa gerações. Mais do que uma fabricante de relógios, a marca representa um símbolo cultural de conquista e sofisticação. Mas o que faz um Rolex ser tão especial? A resposta está em mais de um século de inovação técnica, compromisso inabalável com a qualidade e uma estratégia que transformou relógios em objetos de desejo global.

Para Ricardo Ramos, especialista em relojoaria de luxo, a força da marca é incontestável: “A Rolex é uma marca tão forte que virou sinônimo de relógio. Se ao perguntar para qualquer adolescente se ele gostaria de um relógio quando fizesse 18 anos, muito provável ele diria ‘quero um Rolex'”.

A visão de Hans Wilsdorf: onde tudo começou

A história da Rolex está intimamente ligada ao espírito visionário de Hans Wilsdorf. Em 1905, aos 24 anos, o jovem alemão fundou em Londres uma empresa especializada na distribuição de relógios, numa época em que os relógios de pulso eram considerados menos precisos que os modelos de bolso. Wilsdorf, porém, enxergava além: ele acreditava que poderia transformar o relógio de pulso em uma peça confiável, elegante e desejada.

A escolha do nome “Rolex”, registrado oficialmente em 1908, foi estratégica. “Tentei combinar as letras do alfabeto de todas as maneiras possíveis”, relatou Wilsdorf. “Uma manhã, sentado no segundo andar do ônibus, um gênio do bem me sussurrou: ‘Rolex'”. O nome era curto, fácil de pronunciar em diferentes idiomas e cabia perfeitamente nos mostradores dos relógios.

A busca pela precisão cronométrica rendeu frutos rapidamente.

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Em 1910, o Official Watch Rating Centre de Bienne concedeu, pela primeira vez em sua história, o certificado oficial suíço a um relógio de pulso Rolex. Quatro anos depois, em 1914, o Kew Observatory de Londres atribuiu ao relógio de pulso Rolex um certificado de precisão classe “A”, distinção até então conferida exclusivamente a cronômetros da marinha. A partir desta data, os relógios Rolex tornaram-se sinônimos de precisão.

Em 1919, a empresa mudou-se para Genebra, cidade de renome internacional por sua tradição relojoeira, onde a Montres Rolex S.A. foi registrada em 1920. “Nasceu em 1905 e sempre teve como premissa o compromisso com a qualidade e desenvolvimento tecnológico”, explica Ricardo Ramos. “Foi fundada em Londres, para espanto de muitos, só migrou para Genebra em 1919.”

As grandes inovações que mudaram a relojoaria

A trajetória da Rolex é marcada por inovações revolucionárias que redefiniram os padrões da indústria relojoeira. Em 1926, a marca criou o primeiro relógio de pulso impermeável e resistente à ação da poeira, batizado de “Oyster”. Esta caixa hermeticamente fechada garantia a proteção otimizada do mecanismo, um avanço técnico sem precedentes.

Para provar a eficácia do Oyster, em 1927, um exemplar atravessou o Canal da Mancha no pulso da jovem nadadora inglesa Mercedes Gleitze. Após 10 horas de travessia, o relógio continuava funcionando perfeitamente. A Rolex publicou um anúncio de página inteira no jornal Daily Mail proclamando o sucesso, criando assim o conceito de Embaixadores da marca.

Adobe Stock

Em 1931, veio outra revolução: a Rolex criou e registrou a patente do primeiro mecanismo de corda automática do mundo equipado com rotor Perpetual. Este sistema engenhoso tornou-se o coração de todos os relógios automáticos modernos. A marca também se destacou por testar seus produtos em condições extremas, estabelecendo parcerias com exploradores e aventureiros que transformaram expedições em laboratórios vivos para os relógios.

“História ligada a grandes desafios, como a exploração do Himalaia por Edmund Hillary, registrou a marca do carro mais veloz do mundo naquela época, 485 km/h com Sir Malcolm Campbell em 1935, entre outras”, contextualiza Ricardo Ramos.

O ano de 1953 foi particularmente emblemático. A Rolex lançou o Submariner, primeiro relógio com impermeabilidade garantida até 100 metros, e o Explorer, criado para celebrar a conquista do Everest por Sir Edmund Hillary e Tenzing Norgay, que estavam equipados com relógios Oyster Perpetual durante a ascensão histórica. No mesmo ano, nasceu um dos modelos mais icônicos: o Submariner popularizado por James Bond nos cinemas.

Em 1963, surgiu o Cosmograph Daytona, cronógrafo projetado para ser a ferramenta absoluta dos pilotos em corridas de resistência. O modelo tornou-se especialmente célebre por sua associação com Paul Newman, transformando-se em um dos relógios mais desejados da história. “Rolex Daytona sempre foi deste jeito, desde sempre”, observa Ricardo sobre o prestígio atemporal do modelo.

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As inovações continuaram nas décadas seguintes: o GMT-Master para pilotos que cruzavam fusos horários, o Day-Date como relógio das pessoas influentes, o Sea-Dweller para mergulhos profundos. Em 2012, o Rolex Deepsea Challenge estabeleceu um novo recorde mundial ao acompanhar James Cameron até a Fossa das Marianas, resistindo à pressão de 12.000 metros de profundidade. Cada criação reafirmava o DNA técnico e o prestígio da marca.

Por que relógios são considerados símbolos de luxo?

Os relógios não são apenas instrumentos para medir o tempo; eles são símbolos de status, estilo e sofisticação. A transformação do relógio em acessório de luxo resulta de múltiplos fatores que vão além do simples preço.

A confecção de um relógio de luxo é uma verdadeira obra de arte. Os melhores relógios do mundo são feitos por mestres relojoeiros, cuja habilidade e precisão são passadas de geração em geração. Cada peça é montada à mão, com atenção meticulosa a cada detalhe, desde os mecanismos internos até o design externo. Esses processos artesanais podem levar meses, ou até anos, para serem concluídos, resultando em relógios que são tanto precisos quanto esteticamente deslumbrantes.

Os materiais preciosos elevam ainda mais o valor. Relógios de luxo são frequentemente feitos com ouro, platina, diamantes e safiras. A Rolex, por exemplo, utiliza exclusivamente o aço Oystersteel, pertencente à família dos aços 904L, uma liga usada principalmente nos setores aeroespacial e químico, particularmente resistente à corrosão. Muitos relógios também utilizam cristais de safira para o visor, material extremamente resistente a arranhões.

A precisão técnica é outro fator crucial. Relojoeiros renomados investem em tecnologias avançadas e mecanismos complexos para garantir precisão extrema. A Rolex, por exemplo, desenvolveu a espiral Parachrom azul, resistente à ação dos campos magnéticos e até dez vezes mais resistente a choques que as espirais tradicionais. Todos os relógios Rolex se beneficiam da certificação Cronômetro Superlativo, que atesta que o relógio concluiu uma série de testes rigorosos segundo critérios próprios da marca, acompanhada de uma garantia internacional de cinco anos.

A exclusividade também agrega valor simbólico.

Relógios de luxo são frequentemente produzidos em quantidades limitadas, o que aumenta seu prestígio. Segundo Ricardo Ramos, esse fenômeno se intensificou recentemente: “Com a falta de produtos, gerou-se a fila de espera e isso acabou gerando desejo. Este desejo frustrado pela escassez, gerou o ágio.” Porém, o especialista pondera: “Uma marca tão desejada e respeitada não pode submeter seus aficionados a uma fila de espera inacessível na prática, que já virou meme na internet. O desejo pela escassez tem limites.”

A história e herança das marcas conferem peso emocional. Possuir um relógio de uma casa como Rolex, Patek Philippe ou Audemars Piguet é possuir um pedaço da história, algo cuidadosamente cultivado ao longo de gerações. “Hoje, me sinto um pouco triste com a predominância de algumas poucas marcas de prestígio e liquidez. Não que elas não mereçam este espaço, afinal falamos de Rolex, Audemars Piguet, Patek Philippe, Richard Mille e Vacheron Constantin”, reflete Ricardo.

Como investimento, relógios de luxo diferem de outros acessórios por não perderem valor com o tempo. Muitos modelos aumentam de valor, especialmente aqueles de marcas renomadas e edições limitadas. Relógios icônicos como o Rolex Submariner ou o Patek Philippe Nautilus são altamente desejados por colecionadores e frequentemente alcançam preços impressionantes em leilões.

O especialista observa mudanças no perfil do consumidor: “Esta geração nova começou a se apaixonar por este mundo, mas não quer perder dinheiro, porque não são ricos de berço. Ganharam muito dinheiro rapidamente, tendo assim uma visão com muita preocupação na liquidez.” Ele nota que alguns consumidores buscam status e valorização em detrimento da paixão pelos mecanismos e suas histórias, reflexo de uma sociedade em transformação.

O relógio de luxo carrega uma conexão emocional única. Ele marca momentos importantes da vida e muitas vezes é passado de pai para filho como herança familiar. Essa conexão transforma o relógio em muito mais que um simples acessório.

Ricardo diferencia os públicos: “A diferença básica entre as pessoas que buscam um Rolex ou um Cartier, IWC, Panerai seria o estágio da paixão e grau de conhecimento. Um Rolex é um desejo de todos, sem exceção. Quando vejo uma pessoa com um IWC, um Panerai ou um Cartier, logo penso: talvez ele já tenha um Rolex. Ele já está mais seletivo.”

A Rolex permanece como referência máxima na relojoaria de luxo, combinando história centenária, inovação tecnológica e um simbolismo cultural que transcende o produto. Cada relógio é feito com extremo cuidado, utilizando materiais nobres e tecnologia de ponta, mantendo um legado que continua sendo passado de geração em geração como verdadeiras joias do tempo.

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