Na última terça-feira (9), o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pediu que a União Europeia impusesse tarifas contra Índia e China, com alíquotas que poderiam chegar a 100%. A medida faz parte de uma tentativa de intensificar a pressão econômica sobre o presidente russo, Vladimir Putin, segundo revelaram uma autoridade americana e um diplomata europeu.
Trump alegou que tanto a China quanto a Índia são compradores estratégicos do petróleo russo e, portanto, contribuem diretamente para a sustentação da economia da Rússia durante a guerra contra a Ucrânia, iniciada em 2022.
O pedido foi feito por videoconferência ao responsável europeu por sanções, David O’Sullivan, e a outros representantes do bloco, durante uma reunião em que autoridades da UE estavam em Washington para coordenar ações de sanção.
De acordo com uma fonte americana que falou sob anonimato, Trump também pressionou para que a UE adotasse tarifas igualmente duras contra a Índia, como forma de ampliar o impacto econômico sobre aliados comerciais de Moscou.
Pressão por tarifas contra Índia e China marca mudança de abordagem
Um diplomata da União Europeia afirmou que os Estados Unidos sinalizaram estar dispostos a impor tarifas semelhantes caso o bloco europeu aderisse à proposta.
“Eles estão basicamente dizendo: Faremos isso, mas vocês precisam fazer isso conosco”, relatou o diplomata.
Caso a UE aceite o pedido, isso representaria uma mudança de curso na sua estratégia atual, que tem priorizado sanções diretas sobre a Rússia em vez de tarifas comerciais.
A China respondeu negativamente à movimentação. Durante uma coletiva de imprensa nesta quarta-feira (10), o Ministério das Relações Exteriores chinês declarou oposição firme ao que chamou de “pressão econômica” vinda dos Estados Unidos, e criticou o uso do nome da China em negociações relacionadas à guerra na Ucrânia.
A solicitação de Trump foi inicialmente revelada pelo Financial Times. O ex-presidente tem um histórico de ameaças tarifárias contra Índia e China, criticando seus vínculos comerciais com a Rússia. Embora tenha elevado tarifas sobre produtos indianos em 25 pontos percentuais durante seu mandato, ele ainda não aplicou as sanções mais severas que chegou a propor.
Trump também apontou a continuidade da dependência europeia do gás russo como um obstáculo à eficácia das sanções. Mesmo em 2024, cerca de 19% do gás importado pela União Europeia ainda era proveniente da Rússia, algo que o bloco afirma estar trabalhando para eliminar completamente.
Mais tarde, no mesmo dia, Trump publicou em suas redes sociais que os Estados Unidos e a Índia estão negociando para superar barreiras comerciais, e afirmou estar ansioso por uma conversa com o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi.