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Senador republicano resiste à substituição de Lisa Cook no Fed até decisão da Justiça

Senador republicano resiste à substituição de Lisa Cook no Fed até decisão da Justiça

O senador republicano Thom Tillis (Carolina do Norte) afirmou nesta quarta-feira (3) que não considerará nenhum indicado para substituir a governadora do Federal Reserve (Fed), Lisa Cook, até que a Justiça decida sobre a legalidade da demissão anunciada pelo presidente Donald Trump. A declaração reforça a incerteza em torno do futuro da cadeira ocupada por Cook e evidencia que o Senado dificilmente avançará em uma nomeação enquanto a disputa legal estiver em andamento.

“Não vou considerar ninguém até que isso seja julgado”, disse Tillis a repórteres.

Na semana passada, Trump anunciou a destituição de Cook, indicada por Joe Biden, sob a alegação de envolvimento em fraude hipotecária. A economista, no entanto, entrou com ação judicial para barrar a decisão, argumentando que o presidente não tem autoridade para removê-la do conselho do Fed.

Tillis, membro sênior do Comitê Bancário do Senado, tem papel decisivo na análise de qualquer candidato ao Fed. Os republicanos, que detêm maioria de 13 a 11 no colegiado, precisam votar em bloco para garantir avanços nas indicações. Democratas já sinalizaram que o Senado não deve processar nenhum nome enquanto a situação de Cook estiver indefinida.

“Vou deixar para os tribunais decidirem se é legal ou não”, afirmou Tillis. “Mas se isso for um movimento para realmente criar uma divisão partidária no Fed, então sou contra com base nisso. Não tenho interesse em movimentos que fariam o Fed realmente ficar sob controle direto do Poder Executivo.”

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Perigo real e imediato

O analista internacional da EQI Research, Marink Martins, destaca que as trocas atuais na diretoria do Fed são um ponto de atenção relevante da política monetária global. “O banco central norte-americano enfrenta hoje um perigo real e imediato, comparável apenas aos episódios mais turbulentos de sua história”, afirma.

Segundo Martins, o cerne do risco está no processo de renovação dos mandatos dos 12 presidentes regionais do Fed, marcado para fevereiro de 2026. A cada cinco anos, essas cadeiras precisam ser revalidadas, e cabe ao conselho de governadores dar o aval.

“Se Trump conseguir consolidar maioria entre os sete governadores, ele terá condições de influenciar diretamente a escolha dos cinco presidentes regionais com direito a voto no Fomc. Isso significa, na prática, o controle da política monetária americana, com impactos globais”, explica.

No entanto, ele pondera, a fala de Tillis indica que a classe política não está disposta a acelerar a discussão.

“A sinalização é de que o Senado não está com pressa alguma para apreciar as indicações de Trump ao Fed. O processo da Lisa Cook parece que vai levar tempo e que os argumentos são frágeis para Trump de fato conseguir demiti-la. Considerando que o presidente do Fed, Jerome Powell, só termina seu mandato em maio, pode ser que Trump não consiga o poder que quer sobre o Fed”, aponta.

Stephen Miran deve ser confirmado no Fed nesta quinta

Apesar do impasse, os republicanos devem prosseguir com a análise do nome de Stephen Miran, indicado por Trump para ocupar uma vaga separada no conselho do Fed, aberta pela saída de Adriana Kugler. Miran, atual presidente do Conselho de Assessores Econômicos da Casa Branca, terá sua audiência de confirmação nesta quinta-feira (4).

Em depoimento por escrito, Miran prometeu defender a autonomia da instituição:

“A independência da política monetária é um elemento crítico para seu sucesso. Minhas opiniões e decisões serão baseadas em minha análise da macroeconomia e do que é melhor para sua administração de longo prazo.”

Economistas em defesa de Lisa Cook

Enquanto a disputa política se intensifica, Lisa Cook recebeu apoio público de quase 600 economistas de diferentes países. Em carta aberta, eles pedem que todos os poderes do governo defendam as normas que protegem a independência do Federal Reserve e alertam que a decisão de Trump ameaça um dos pilares da economia norte-americana.

“Essa confiança é a pedra angular do sistema que impulsionou a vitalidade econômica da América ao longo das décadas”, diz o documento.

Os signatários, entre eles professores de universidades como Harvard, Stanford, UCLA, Vermont e instituições europeias e canadenses, afirmam que nenhuma autoridade do Fed deve ser removida sem justa causa clara e comprovada, capaz de resistir ao escrutínio judicial. Caso contrário, argumentam, aumenta-se a incerteza sobre a política monetária e os mercados passam a incorporar risco político nas taxas de juros, elevando custos para famílias e empresas.

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