O PMI de serviços de agosto avançou para 49,3 pontos, após registrar 46,3 em julho, segundo dados da S&P Global. Embora o índice ainda esteja abaixo da linha de 50 — que separa expansão de contração — o resultado mostra uma desaceleração mais suave na queda da atividade de serviços e dos novos negócios.
O levantamento aponta que a redução nas vendas foi mais moderada do que no mês anterior, trazendo o setor para perto da estabilidade. No entanto, o cenário ainda é desafiador. A falta de novos pedidos continua pressionando empresas, que recorreram a cortes de custos e à eliminação de empregos para enfrentar a demanda fraca.
Pollyanna De Lima, diretora associada econômica da S&P Global Market Intelligence, destacou: “Apesar dos desafios persistentes enfrentados pelas empresas do setor privado brasileiro, foi encorajador ver que os dados da pesquisa de agosto indicaram quedas menos severas na atividade de negócios e nos novos pedidos”.

Custos em alta e impacto no consumidor
A pesquisa também revela um agravamento da inflação de custos em agosto. Empresas citaram maiores despesas com insumos, impacto do câmbio, carga tributária elevada e reajustes trabalhistas. Esse cenário obrigou algumas companhias a repassar parte das altas para os preços finais, mas a concorrência limitou o alcance desse repasse.
No conjunto, os preços cobrados pelos serviços subiram em ritmo historicamente forte, ainda que menos intenso do que em julho. Setores como Serviços ao Consumidor registraram os aumentos mais rápidos, enquanto Finanças e Seguros tiveram destaque na recuperação dos preços de venda.
Segundo Pollyanna, “as empresas estão lutando com a necessidade urgente de manter preços competitivos diante dos aumentos acentuados nos custos de insumos. Essa situação não apenas representa riscos para a demanda do consumidor, que já está frágil, mas também complica as decisões de política monetária daqui para frente”.
Mercado de trabalho continua em retração
Mesmo com perspectivas mais otimistas, o setor de serviços manteve a tendência de cortes de empregos em agosto. A redução foi considerada moderada, mas a mais rápida em quase quatro anos e meio. De acordo com os relatos, a decisão foi resultado da diminuição da carga de trabalho e da pressão por redução de custos.
O relatório mostra que empresas esperam uma melhora no horizonte de 12 meses, apoiadas em possíveis mudanças regulatórias, novos investimentos e parcerias. Ainda assim, a confiança empresarial segue abaixo da média histórica da série.
PMI composto: retração mais branda no setor privado
O PMI composto do Brasil — que reúne serviços e indústria — subiu de 46,6 em julho para 48,8 em agosto. O resultado sinaliza a quinta retração consecutiva, mas em ritmo mais suave. A melhora veio principalmente da desaceleração nas perdas do setor de serviços, já que a indústria registrou a queda mais intensa em dois anos e meio.
No agregado, os novos negócios diminuíram em velocidade menor, e o emprego encolheu pelo segundo mês seguido, em ambos os setores. As pressões de custos se intensificaram, enquanto os preços de venda cresceram de forma mais fraca.
Pollyanna alertou ainda para os riscos futuros: “Vários fatores — incluindo altos custos de empréstimos, inflação sustentada, escassez de novos negócios e política tarifária dos EUA — sugerem que as empresas brasileiras podem continuar enfrentando obstáculos significativos à medida que nos aproximamos do final de 2025”.
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