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Relatório Trimestral de Inflação: chance de estouro da meta é de 36%; projeção para o PIB sobe

Relatório Trimestral de Inflação: chance de estouro da meta é de 36%; projeção para o PIB sobe

O Banco Central divulgou nesta quinta-feira (26) o Relatório Trimestral de Inflação, com as projeções do Copom para a alta de preços e o Produto Interno Bruto (PIB).

Para inflação de 2024, o Copom considera que, depois de subir no segundo e terceiro trimestres, ela deve retomar a trajetória de declínio, mas ainda permanecendo acima da meta. A expectativa é que, depois de ter terminado 2023 em 4,6%, caia em 2024 para 4,3%; 3,7% em 2025; e 3,3% em 2026. Lembrando que a meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) é de 3%.

No horizonte relevante de política monetária, atualmente em seis trimestres à frente, o que corresponde ao primeiro trimestre de 2026, a inflação projetada é de 3,5%.

A probabilidade de a inflação ultrapassar o limite superior do intervalo de tolerância (1,5 ponto porcentual acima ou abaixo) aumentou, segundo o BC. A probabilidade estimada para 2024 passou de 28% no último relatório de inflação para 36% nesta divulgação. Para 2025, foi de 21% para 28%. E, para 2026, de 17% para 19%.

tabela Relatório Trimestral de Inflação: chance de estouro da meta
Fonte: BC

Relatório Trimestral de Inflação: projeções para a inflação

Estimativas para o quarto trimestre de cada ano:

  • 2024: 4,3%;
  • 2025: 3,7%
  • 2026: 3,3%
Relatório Trimestral de Inflação: projeções
Projeções para inflação. Fonte: BC

Projeções para o PIB

  • 2024: 3,2%
  • 2025: 2%

A projeção de crescimento do PIB em 2024 passou para 3,2%, ante 2,3% no relatório anterior. A revisão decorre principalmente da elevada surpresa positiva de crescimento da atividade no segundo trimestre.

A estimativa de crescimento para o setor agropecuário passou de um recuo de 2% para um recuo menor, de 1,6%.

Para a indústria, a previsão foi ajustada de 2,7% para 3,5%, devido a melhorias nos prognósticos para indústria de transformação, construção e eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos, impulsionadas por surpresas positivas no segundo trimestre.

Para o setor de serviços, a projeção foi revista de 2,4% para 3,2%. Houve melhora nas previsões para todas as atividades, com exceção de transporte, armazenagem e correio, que ficou praticamente estável.

Para 2025, projeta-se crescimento de 2%. Agropecuária, indústria e serviços devem crescer, respectivamente, 2%, 2,4% e 1,9%.

Tá, e aí?Stephan Kautz

O Relatório Trimestral de Inflação reforça o que a ata do Copom já havia sinalizado, trazendo apenas mais detalhes de dados, segundo Stephan Kautz, economista-chefe da EQI Asset. E não altera a perspectiva de que a Selic deve ir para próximo de 12,5% no começo de 2025, para poder puxar a projeção de inflação de 2026 para mais perto da meta de 3%.

“O RTI não trouxe grandes novidades. A gente esperava mais informações sobre o hiato de produto, que é a diferença entre PIB potencial e efetivo, e ele veio realmente positivo, mais ou menos próximo do que a gente estimava dado o impacto que houve nas projeções de inflação. Ele continua desacelerando daqui para a frente”, aponta Kautz.

“A projeção de inflação de 2026 era outro ponto que queríamos mais informações, e o Banco Central realmente subiu a expectativa”, complementa.

Ouça o áudio na íntegra:

Cenário externo e interno

Para justificar as novas projeções, o Copom aponta que o ambiente externo permanece desafiador, exigindo cautela por parte de países emergentes.

“A inflexão do ciclo econômico nos Estados Unidos da América (EUA) suscita maiores dúvidas sobre os ritmos de desaceleração da atividade econômica, da desinflação e, consequentemente, sobre a postura do Federal Reserve (Fed). Os bancos centrais das principais economias permanecem determinados em promover a convergência das taxas de inflação para suas metas em um ambiente marcado por pressões nos mercados de trabalho”, aponta o relatório.

No cenário doméstico, a atividade econômica continuou se expandindo em ritmo forte e o mercado de trabalho se mantém aquecido. O PIB cresceu 1,4% no segundo trimestre, mais uma vez superando as expectativas, com destaque para o desempenho do consumo das famílias, dos investimentos e dos setores mais cíclicos.

“Em parte, a surpresa reflete impacto menor que o previsto das enchentes no Rio Grande do Sul. O ritmo de queda da taxa de desocupação também tem surpreendido sucessivamente. A taxa observada no trimestre encerrado em julho, de 6,8%, é muito próxima ao menor valor da série histórica. Diversos indicadores corroboram a avaliação de que o mercado de trabalho está aquecido”, aponta o Copom.

A inflação acumulada em doze meses voltou a subir, assim como as expectativas de inflação de curto e médio prazo. A inflação acumulada em doze meses, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), aumentou de 3,93% em maio para 4,24% em agosto e os núcleos de inflação também aumentaram.

As expectativas de inflação da pesquisa Focus para 2024 e 2025 se deterioraram novamente, enquanto as de prazo mais longo ficaram estáveis, acima da meta.

O que é o Relatório Trimestral de Inflação?

O Relatório Trimestral de Inflação é publicado pelo Banco Central no fim de cada trimestre, trazendo detalhamento da evolução recente e das perspectivas da economia, com ênfase nas perspectivas para a inflação. A partir de 2025, esse relatório passará a ser denominado Relatório de Política Monetária.