O Agronegócio apresentou surpreendente crescimento de 21,6% no primeiro trimestre de 2023, na comparação com o trimestre anterior. Esta foi a maior alta para o setor na comparação entre trimestres desde 1996.
Com isso, o Agro foi o grande responsável pelo resultado positivo do Produto Interno Bruto (PIB) divulgado nesta quinta-feira (1).
O PIB cresceu 1,9% na comparação com o quarto trimestre do ano passado, quando a expectativa era por 1,2%. Na comparação com o primeiro trimestre de 2022, o PIB cresceu 4%.
O Agro responde atualmente por quase 1/3 do Produto Interno Bruto (PIB) nacional e vem atraindo cada vez mais investidores. O número de pessoas físicas que investem em CRAs, LCAs e Fiagros praticamente dobrou de 2021 para 2022. E as perspectivas para 2023 são ainda melhores.
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Brasil, o celeiro do mundo
“O Brasil é o celeiro do mundo. Somos top 5 nas 25 maiores commodities e devemos continuar a ocupar a posição de grande provedor de alimentos para o mundo pelos próximos 70 anos, pelo menos”. Quem afirma a frase acima é Eça Correia, co-head de Agronegócio na EQI Asset.
E ele dá todas as justificativas para tamanha expectativa com o Agronegócio.
“Quem poderia competir com o Brasil seria a África, porque o país está em altitude parecida e tem qualidade de solo parecida. Mas existem diversos problemas políticos, o que inviabiliza tal crescimento do setor nos países de lá”, diz.
Outros países que poderiam competir com o Brasil, ele explica, têm inverno rigoroso, o que faz com que tenham uma safra única por ano.
“Aqui, temos duas ou três safras ao ano. Temos tamanho continental, água em abundância, quantidade de sol suficiente para as culturas e tecnologia de ponta. A gente tem tudo para fazer render o nosso solo e estamos constantemente batendo recordes”, explica.
Fora isso, uma verdadeira revolução está prestes a acontecer no país, e promete quase que duplicar a produção da lavoura brasileira. Trata-se da migração da pecuária extensiva para a intensiva.
“Hoje, temos 200 milhões de hectares dedicados à pecuária. E 70 milhões de hectares dedicados à lavoura, sendo soja e milho as principais culturas. Só que a pecuária está se transformando, deixando de ser extensiva e caminhando para o confinamento”, diz.
“No confinamento, você consegue tratar o boi com a alimentação necessária e a temperatura ideal, o que resulta em uma qualidade maior da carne”.
Com isso, ele diz, dos 200 milhões de hectares atualmente ocupados pela pecuária, irá sobrar muita terra.
“O que é que se vai fazer com essa terra? Vai virar lavoura. Se o Brasil transformar ¼ do pasto atual em lavoura, serão 50 milhões de hectares a mais para a lavoura. E hoje temos 70 milhões de hectares”.
Ou seja: sem derrubar uma árvore, será possível quase que duplicar o espaço da lavoura nos próximos anos.
“Os números podem surpreender quem não é do agronegócio, mas para quem lida com o tema no dia a dia já sabe que isso certamente irá acontecer. Não haverá nenhuma cultura em que o Brasil não vai ser líder mundial”, enfatiza.
Atualmente, ele explica, 95% dos alimentos consumidos no mundo são feitos a partir de 6 animais e 12 plantas. E o Brasil já está entre os maiores produtores de todos eles.
“A gente é top 5 nas 25 maiores commodities do mundo. Só não somos mais relevantes no trigo porque ainda dependemos de uma tecnologia para ambiente tropical, mas é algo que já estamos avançando, e a Embrapa tem um papel fundamental nisso. Vamos chegar lá com trigo também”, afirma.
O Agronegócio e os investimentos
Um dos carros-chefes da economia brasileira, o Agronegócio vem atraindo um número cada vez maior de investidores.
Segundo a B3, bolsa de valores brasileira, os produtos ligados ao agronegócio tiveram um salto em números de investidores pessoas física e do volume aplicado em 2022.
Dentre LCAs (Letras de Crédito do Agronegócio), CRAs (Certificados de Recebíveis do Agronegócio) e Fiagros (Fundos de Investimento em Cadeias Agroindustriais), houve um crescimento de público no varejo de 95%, chegando a 1,6 milhão de CPFs, e de 79% em volume aportado, alcançando R$ 411 bilhões em recursos.
O montante sob custódia já representa 19,5% do total investido em renda fixa (R$ 1,6 trilhão) e na renda variável (R$ 459 bilhões) somados. Para efeito de comparação, no fim de 2021, a participação desses produtos ligados ao agronegócio no mercado de investimentos era de 14%.
Somente em 2022, os produtos do agro negociados na B3 atraíram R$ 180,9 bilhões em recursos e 792 mil investidores.
O saldo mediano ficou em R$ 51,7 mil por pessoa. Até dezembro de 2021, o saldo mediano nesse setor era de R$ 51,5 mil por investidor.
Recuo em 2022
O agronegócio foi responsável por 24,8% do PIB brasileiro em 2022. Mas, em 2021, seu peso era de 26,6%.
Isso porque os anos de 2020 e 2021 foram muito positivos para o setor, com recordes de produção.
Contudo, 2022 foi desafiador, devido ao conflito entre Ucrânia e Rússia, que provocou um aumento expressivo dos custos com insumos, como fertilizantes, defensivos, combustíveis e sementes.
Em razão disso, o PIB do agronegócio brasileiro registrou queda em 2022. Ainda assim, o Brasil segue sendo uma potência mundial.

Agro e o avanço no mercado de capitais
Para Eça Correia, alguns aspectos explicam a evolução do Agronegócio no mundo dos investimentos. Confira ponto a ponto.
Mudança de geração e chegada do compliance
Em primeiro lugar, ele aponta, houve uma mudança de geração relevante no Agro.
“Se pensarmos no mapa do Agro no Brasil, o destaque sempre foi o Sul do país. Na década de 1980, esses mesmos sulistas foram incentivados a ocupar o Centro-Oeste, com alguns produtores também de São Paulo, mas o grosso mesmo vindo do Sul. Quarenta anos depois, está havendo uma passagem de bastão e os filhos desses produtores estão assumindo as fazendas. Mas são administradores diferentes, que fizeram grandes faculdades, foram estudar fora do país e têm uma visão completamente diferente de governança, exatamente a visão que é exigida no mercado de capitais”, avalia.
“Até pouco tempo, os fazendeiros atuavam com CPF próprio, CPF da esposa e dos parentes. Era um setor pouco profissionalizado e isso está mudando”, complementa.
“Se antes o mercado financeiro tinha restrições em oferecer produtos ao Agro por falta de governança, isso começa a mudar”.
Assimetria de informações gera oportunidades
O segundo aspecto, diz Eça, é que existe no campo uma assimetria de informação que gera valor para o mercado financeiro.
“Imagine que você tem dois produtores vizinhos. Um toma crédito do banco com taxa de 15% ao ano. O outro, a 25%. Mas eles são vizinhos de cerca, têm a mesma qualidade da terra, tem produção parecida e tamanho parecido. Então, por que tomam empréstimo a um custo diferente? Porque ainda não existe um fluxo de informação constante no Agro para que o produtor, no ‘meio do mato’ saiba qual o preço correto da operação. O produtor conversa com alguém do mercado financeiro, ouve um monte de termo em inglês e vê restrição para negociar”, diz.
“Essa assimetria levou o mercado a perceber que no Agro existe oportunidade. Alguém está pagando muito barato ou alguém está pagando muito caro. Então, um bom gestor consegue encontrar bons negócios que não necessariamente têm o risco projetado”.
Ou, em outras palavras: cobra-se mais caro não porque o negócio é arriscado, mas porque o setor ainda não tem as formalidades exigidas pelo mercado.
Subsídios do governo vêm diminuindo
O terceiro aspecto apontado por Eça que explica o crescimento do Agro no mercado financeiro é que as linhas de empréstimos subsidiadas pelo Governo vêm diminuindo.
“A gente teve por muitos anos o Governo emprestando a 2%, 3% ao ano, com 15 anos para pagar. E era uma verdadeira festa. Mas isso chegou ao fim e acaba por empurrar o Agronegócio para o mercado de capitais.
Na visão do co-head da EQI Asset, esse movimento é bastante favorável.
“Se você vai para o mercado de capitais, passa a se preocupar mais com governança, isso faz com que você fique conhecido, o que por sua vez faz com que consiga captar recursos de forma mais barata, porque as instituições passam a enxergar menos risco. É um ciclo virtuoso”, resume.
Investidor mais esclarecido e produtos mais acessíveis
Outro ponto relevante, destaca Eça, é que o mercado já dispõe de produtos mais acessíveis ao Agro, caso do Fundo de Investimento nas Cadeias Produtivas Agroindustriais (Fiagro).
“O Fiagro facilita muito a inserção de players do Agro no mercado de capitais e gera uma curva de aprendizado importante. Quanto mais o investidor conhece o mercado agro, menos prêmio de risco ele exige. Isso faz com que o setor literalmente exploda em número de operações. Em um ano e meio de Fiagro no mercado brasileiro, já são 43 deles disponíveis, com R$ 12 bilhões em alocação, e muita gente pedindo mais. Isso mostra que setor precisa de recurso alternativo”, avalia.
Setor funciona como hedge
Ele salienta ainda que o investidor está, cada vez mais, entendendo que o setor Agro é resiliente e descorrelacionado do ambiente macroeconômico. O que transforma ativos do setor em hedge, ou seja, estratégia de proteção.
“Se você, por acaso, investe em turismo porque gosta desse setor, você fica suscetível ao macro. Se tivermos uma recessão, as pessoas vão deixar de viajar e você vai sentir o impacto. O Agro não tem essa correlação, porque as pessoas não vão deixar de comer”, diz.
O setor também tem descorrelação do ambiente político: “Você pode avaliar todos os governos, de Itamar, Collor, Fernando Henrique, até mesmo Dilma. O setor sempre registrou crescimento”.
Cuidados ao investir no Agro 1. Um cuidado relevante que o investidor deve ter é que alguns setores do Agronegócio são bastante suscetíveis às chuvas. 2. Cerca de 95% dos produtores no Brasil são classificados como pequenos. Ou seja, o grosso dos tomadores de recursos são ainda negócios que não têm uma governança sofisticada. Por isso, é preciso escolher muito bem o gestor dos ativos. Este precisa ser alguém com bastante conhecimento do setor, para conseguir separar “o joio do trigo”. 3. O setor é muito dependente do mercado externo, basta observar que, na guerra da Ucrânia o preço dos fertilizantes foi multiplicado por sete, o que impactou fortemente no resultado de 2022. |
Raio-X do Agronegócio
O agronegócio compreende as atividades econômicas ligadas à agropecuária, ao manejo de florestas para comércio e serviços (silvicultura) e ao extrativismo vegetal.
Mas empresas que fornecem insumos agrícolas aos agricultores, remédio ao gado, máquinas para a agricultura, os setores de armazenamento, logística, distribuição e até marketing das atividades agrícolas também estão agrupados no agronegócio.
E os bancos que fornecem empréstimos financeiros aos grandes empresários do agro também estão, indiretamente, relacionados com o agronegócio.
O Agronegócio no Brasil
Com extensão territorial privilegiada, sendo o quinto maior país do mundo, e com diversidade natural, com biomas, hidrografia e solos férteis, o Brasil é um dos grandes protagonistas do agronegócio mundial.
Segundo dados divulgados pelo Ministério da Agricultura e Pecuária, o Valor Bruto de Produção Agropecuária em 2022 foi de R$ 1,18 trilhão.
O valor representa uma redução de 0,08% (R$ 880 mil) em relação a 2021 (R$ 1,19 trilhão). Mas, ainda assim, foi o segundo maior em 33 anos.
Para 2023, o ministério estima um VBP de R$ 1,26 trilhão, alta de 6,3% em relação a 2022.
Posição do Brasil no cenário agro mundial
Segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), o Brasil é o quarto na produção mundial de grãos (arroz, cevada, milho, soja e trigo).
A Embrapa aponta que o país alcançou uma produção de 250 milhões de toneladas em 2021, ficando atrás de Estados Unidos, China e Índia.
Porém, para 2023, a previsão é a de que o Brasil supere a Índia e se torne o terceiro produtor mundial.
Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), órgão ligado ao Governo Federal, a produção de grãos está estimada em 312,5 milhões de toneladas.

Soja
- Brasil representa 1/3 da produção mundial de soja, sendo o líder mundial.
- O país é também o maior exportador do grão, dominando 50% do comércio mundial.
- O Brasil é seguido por Estados Unidos e Argentina nessa cultura.
Milho
- O Brasil é o terceiro maior produtor de milho, atrás de EUA e China.
Arroz
- A produção de arroz não obteve aumentos expressivos no Brasil nas últimas duas décadas. E o país ocupa a nona posição mundial.
- Do montante produzido, quase a totalidade é destinada ao consumo interno, somente 2% seguem para exportação.
- Os grandes líderes mundiais em exportação de arroz são Índia e Tailândia, com 50% do mercado internacional.
Cevada
- Rússia, França, Alemanha e Austrália dominam a cultura. O Brasil ocupa a 46ª posição mundial.
Trigo
- O Brasil segue comprando trigo no exterior, mas com estratégia de redução das importações para os próximos anos.
- É, atualmente, o 23º maior produtor mundial e importante importador.
- Os maiores produtores mundiais de trigo são historicamente China, Índia, Rússia e EUA.
Carne bovina
- O Brasil é o país com o maior rebanho bovino do mundo, representando 14,2% do total, com 218 milhões de cabeças, seguido pela Índia com 193 milhões de cabeças.
- Em relação à produção de carne bovina, o país foi o segundo maior produtor com 10 milhões de toneladas, equivalentes a 14,9% do total do mercado internacional.
- Apesar de ser o maior exportador de carne bovina, o Brasil fatura menos que Austrália e Estados Unidos em dólares.
Frangos e suínos
- O Brasil possui o quinto maior rebanho de galináceos do mundo.
- E o terceiro maior rebanho suíno do mundo.
Pescado é desafio
- Apesar da imensa costa marítima e da relativa abundância de águas internas, o Brasil é o 21º maior produtor mundial de pescado.
Açúcar e café
- O Brasil é o maior produtor mundial de açúcar, com mais de um terço da produção do planeta.
- O país também é o maior exportador mundial de açúcar.
Como investir no Agronegócio: o PIB do Agronegócio
O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2022 teve alta de 2,9%, totalizando R$ 9,9 trilhões, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O setor de Serviços teve alta de 4,2%; a Indústria, de 1,6%. Mas a Agropecuária recuou 1,7% em 2022.
Segundo o IBGE, órgão oficial que calcula o PIB brasileiro, a soja, que é o principal produto da lavoura brasileira, foi quem mais puxou o resultado da agropecuária para baixo no ano, sendo impactada por efeitos climáticos adversos.
No entanto, o mesmo IBGE aponta expectativa positiva para 2023: a produção de cereais, leguminosas e oleaginosas de 2023 deve ser de 299,7 milhões de toneladas no ano (segundo projeção de março), 13,9% maior que a safra de 2022 (263,2 milhões de toneladas).
PIB em alta em 2023, segundo o IPEA
A expectativa para o desempenho do setor agropecuário também é de elevado crescimento em 2023, também segundo estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
A estimativa é de aumento no valor adicionado (VA) da agropecuária de 11,6% em 2023. A projeção do VA da produção vegetal é de 14,2% de alta, enquanto a previsão para a produção animal é de 0,8%.
PIB do Agronegócio: a participação do setor é de 24,8% do PIB do país
O PIB específico do agronegócio brasileiro, calculado pelo Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, em parceria com a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), teve queda de 4,22% em 2022. A diferença em relação ao PIB calculado pelo IBGE é a inclusão da distribuição e do varejo no cálculo.
Esse cenário foi registado após o PIB ter atingido sucessivos recordes em 2020 e em 2021, sendo este biênio caracterizando como um dos melhores da história recente do agronegócio brasileiro.
Segundo pesquisadores do Cepea, o principal fundamento para o cenário de baixa em 2022 é a forte alta dos custos com insumos no setor, tanto na agropecuária quanto nas agroindústrias.
A participação do setor no total do PIB do país alcançou 24,8% em 2022, abaixo dos 26,6% registrados em 2021.
Enquanto o PIB do ramo agrícola recuou expressivos 6,39%, o do pecuário avançou 2,11%.

Como investir no Agronegócio
Com tamanha pujança do setor, as aplicações financeiras do Agronegócio são bastante atrativas aos investidores, seja na renda fixa ou renda variável.
Conheça agora as opções de investimentos:
LCA
A LCA (Letras de Crédito do Agronegócio) é um recurso captado por uma instituição financeira com finalidade destinada ao agronegócio, com o objetivo de desenvolver e expandir esse setor.
Inclui-se aí o financiamento de maquinário de produção, construção de silos, aquisição de insumos como fertilizantes, entre outros.
As LCAs funcionam de forma semelhante a qualquer outro investimento de renda fixa.
Após um determinado tempo previamente combinado, o recurso aplicado pelo investidor é devolvido com um acréscimo de uma taxa de juros.
Normalmente, essa taxa pode ser pré ou pós-fixada e, em alguns títulos, pode ser até mesmo híbrida.
Vale destacar também que a LCA é isenta de Imposto de Renda.
Quem garante os investimentos em LCA é o FGC (Fundo Garantidor de Créditos). Todos os investidores que aplicam até R$ 250 mil por CPF e por instituição financeira estão protegidos contra qualquer eventualidade que venha a ocorrer, como problemas de insolvência da instituição, por exemplo.
O estrategista da EQI Investimentos, Denys Wiese, lembra que a LCA é um investimento ideal para quem tem um perfil mais conservador.
“É um título emitido por um banco, no qual a instituição utiliza o recurso para emprestar dinheiro para o agronegócio. Como o devedor não é o agricultor e sim o banco que emitiu, é garantido pelo FGC, por isso, é bastante seguro”, observa.
Ele destaca que, no momento atual de juros altos (Selic em 13,75%, devendo permanecer neste patamar até o final de 2023), tanto os títulos pré-IPCA, como pós estão bons. “Para quem tem perfil conservador, vale a pena investir em LCA hoje”, observa.
CRA
CRA significa Certificado de Recebíveis do Agronegócio. Trata-se de um título do mercado de renda fixa, com origem no crédito privado.
Isso quer dizer que os emissores desses papéis são companhias da iniciativa privada que atuam no agronegócio, com o objetivo de captar recursos para ampliar a produção e lucratividade dessas empresas.
O CRA também é um investimento isento de IR.
Por ser emitido por uma organização que está interessada no levantamento de recursos: a empresa faz a emissão do título, antecipando um fluxo financeiro que só aconteceria no futuro.
No entanto, não é possível fazer todo esse procedimento diretamente com os investidores no mercado financeiro. É preciso que haja a intermediação de, pelo menos, dois entes do Sistema Financeiro Nacional.
O primeiro deles é uma securitizadora, que é responsável por “empacotar” os recebíveis futuros em um título que possa ser negociado no mercado.
O segundo participante da operação são os distribuidores de títulos: bancos e as corretoras de valores.
“Os CRAs são como um ‘pool’ de recebíveis. O investidor se torna dono de um conjunto, que está lastreado em operações do agronegócio e com garantias de terras, maquinário, também provenientes do agronegócio”, explica o estrategista da EQI Investimentos.
Como se trata de uma emissão executada por empresas privadas, não há suporte do FGC. No caso da quebra de uma empresa emissora, o investidor fica sem a proteção dada por esse mecanismo.
“O CRA não tem a cobertura do FGC, pois as garantias são outras. Então, vamos dizer que o risco é um pouco maior, porque em caso de não pagamento, será preciso liquidar as garantias e isso acaba demorando, às vezes, e sendo um pouco mais burocrático”, comenta Wiese.
Ele reforça que o CRA tem um risco a mais, mas o retorno costuma ser maior.
“Por exemplo, a LCA rende com a taxa de juros atual de 13% ao ano. Um CRA rende 16%, 17%, 18% ao ano. Portanto, de 3 a 5 pontos percentuais acima”, esclarece.
Na comparação com a LCA, os CRAs são o segundo título mais conservador.
“A diferença para a LCA é quanto ao risco e retorno. A LCA tem um banco por trás, que faz sua emissão e tem o FGC. No CRA, está se emprestando diretamente para o agricultor ou diretamente para uma empresa do agronegócio”.
Wiese destaca que investir em CRAs é uma boa alternativa, principalmente, para o investidor que não é tão conservador.
“Minha dica é fazer uma carteira com vários CRAs e não ficar só com um, justamente para pulverizar o risco”, orienta.
Fiagro
O Fiagro (Fundo de Investimento das Cadeias Agroindustriais) é um tipo de aplicação criado com o objetivo de abrir portas para que pessoas físicas, jurídicas e estrangeiras invistam no agronegócio brasileiro.
Os Fiagros visam melhorar a captação de recursos do setor, que antes tinham basicamente apenas os bancos como agentes financiadores. Este investimento é uma adaptação rural dos Fundos Imobiliários (FIIs).
Os Fiagros ficam à disposição do investidor para serem adquiridos por meio de cotas. O recurso captado serve para aumentar a participação do agronegócio no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro.
Como os Fiagros configuram uma categoria de fundo de investimento imobiliário, eles podem investir também em imóveis ligados ao agronegócio, como terras e galpões logísticos de armazenamento de grãos.
Na prática, um gestor ou instituição financeira fica responsável pela decisão de onde investir os valores.
O cotista do Fiagro pode obter rendimentos com o aumento nos preços dos imóveis do fundo, o que gera a valorização por conta do aumento do patrimônio; e com a receita do investimento – que é periodicamente distribuída para os cotistas.
O Fiagro e os Fundos Imobiliários compartilham da mesma base legal e regime tributário. Em ambos os casos, existe a isenção do Imposto de Renda sobre rendimentos distribuídos por esses fundos a pessoas físicas.
Para o investidor, existe a vantagem de receber dividendos mensais advindo dos aluguéis e operações de compra e venda desses imóveis.
Entre as principais vantagens do Fiagro estão também a diversificação dos tipos de ativos no mercado agrícola, como por exemplo imóveis rurais, participação em sociedades e ativos financeiros que integram a cadeia produtiva agroindustrial.
A facilidade é outro aspecto bastante positivo. Isto porque é possível investir nas cadeias produtivas sem realizar a compra de um imóvel rural, por exemplo.
O conjunto de tarefas relacionadas ao imóvel fica a cargo dos profissionais responsáveis que irão buscar todos os trâmites de compra e venda, manutenção e cobranças de impostos.
O estrategista da EQI reforça como ponto forte do Fiagro o acesso a empreendimentos que não teria normalmente.
“Às vezes o investidor não tem R$ 50 milhões para comprar uma fazenda, mas pode comprar uma cota de um Fiagro que tem uma fazenda”, destaca.
Wiese observa que os Fiagros são para investidores moderados, uma vez que as cotas são negociadas na B3. Sendo assim, a oscilação, exigirá ter uma certa paciência do investidor.
“Existem Fiagros de papel, que vão comprar os CRAs, o que é muito bom pela questão da pulverização. Tem Fiagro que compra fazendas, que vão fazer o plantio ou vão fazer o arrendamento, o que neste último caso, vai render aluguel. E tem Fiagros que compram empreendimentos e empresas do setor”, explica.
Ações
As ações de empresas listadas na bolsa de valores são uma outra forma de investir no Agronegócio.
As principais ações do agronegócio são:
- Brasil Agro (AGRO3);
- Agrogalaxy (AGXY3);
- Raízen (RAIZ4);
- São Martinho (SMTO3);
- Boa Safra (SOJA3);
- Três Tentos (TTEN3);
- M. Dias Branco (MDIA3);
- Camil (CAML3);
- BRF (BRFS3);
- JBS (JBSS3)
- Minerva (BEEF3)
- Marfrig (MRFG3)
- SLC Agrícola (SLCE3)
ETF
ETF significa “Exchange Traded Fund” e é também conhecido como fundo de índice.
Os ETFs são compostos por uma cesta de diferentes ativos do mercado.
Esses ativos possuem um índice de referência específico e operam com o objetivo é replicar o desempenho desse índice.
Investir em um ETF significa ter acesso a uma carteira diversificada, realizando a compra de um único ativo.
Existem ETFs que possibilitam ao investidor ter exposição diversificada no setor Agro, sem a necessidade de investir em empresas individuais.
Essa diversificação pode ser proveniente de diferentes segmentos, como empresas de sementes, de fertilizantes, de máquinas agrícolas e qualquer outro segmento que esteja diretamente ligada com o setor agro.
Um exemplo de ETF do setor é o AGRI11, que replica o índice IAGRO. O objetivo do IAGRO é ser o indicador de desempenho médio das ações de companhias listadas na B3 classificadas como Agronegócio.
Outro ETF é o FOOD11, que acompanha o MVIS, um índice global que replica a performance das maiores e mais líquidas empresas do segmento no mundo.
Mercado futuro
Por fim, o investidor tem também a opção de investir em Agro no Mercado Futuro.
Nele, são negociados contratos que permitem a compra e venda de um produto em uma data futura, com um preço fixado no momento da negociação. Ou seja, o preço que será utilizado no ato da venda é definido antes da venda num acordo pré-fixado.
O investidor pode investir através da compra de contratos atrelados, por exemplo, milho, café e boi gordo.
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