O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta segunda-feira (29) que o governo espera que o Congresso Nacional vote ainda nesta semana a proposta de reforma do Imposto de Renda (IR), incluindo a isenção para quem ganha até R$ 5 mil por mês. A declaração foi feita durante o Macro Vision, evento do Itaú BBA, em São Paulo.
Segundo Haddad, a medida de compensação para custear a isenção – com a criação de um imposto mínimo de 10% para pessoas com rendimentos anuais acima de R$ 1 milhão – é “razoável” e até “acanhada” em comparação com práticas internacionais.
“É um arranjo que acreditávamos que seria bem recebido, e foi”, afirmou.
Haddad fala em harmonia no Congresso
O ministro destacou a sintonia entre Executivo e Legislativo em torno da agenda de justiça tributária e ressaltou o avanço das reformas estruturais nos últimos anos.
“Em três anos, não me lembro de tantas coisas estruturais resolvidas. Tenho um agradecimento pelo entendimento”, disse.
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Haddad também defendeu que medidas como a recomposição da desoneração da folha, a taxação de setores pouco tributados, como apostas online, e a revisão de benefícios fiscais ajudam a consolidar um quadro fiscal “mais equilibrado”.
Críticas às tarifas dos EUA: “tiro no pé”
O ministro voltou a comentar as tarifas impostas pelos Estados Unidos a alguns produtos brasileiros. Ele classificou a medida como um “tiro no pé” da economia norte-americana e destacou que não faz sentido impor barreiras a um parceiro com quem o país mantém relações comerciais há mais de 200 anos.
“Somos deficitários em relação aos EUA. Não faz sentido o que estão fazendo. Tentar usar tarifa como arma política é um equívoco que deve ser corrigido o quanto antes”, afirmou. Haddad disse acreditar que a animosidade é “artificial” e que o bom senso deve prevalecer.
Possibilidade de disputar 2026
Questionado sobre uma possível candidatura à Presidência em 2026, Haddad evitou se posicionar.
“Nesse momento não tenho intenção de ser candidato ano que vem. Mas não tenho essa decisão tomada”, disse.
O ministro reforçou que se vê como servidor público e que seu foco atual é o comando da Fazenda:
“Dizem que eu ocupo o pior dos empregos. Eu acho incrível. É bom ser ministro da Fazenda. Dá para fazer muita coisa para o bem da nossa sociedade”.
Fiscal e futuro
Ao tratar da política fiscal, Haddad reafirmou o compromisso com a meta estabelecida na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). Segundo ele, a prioridade é buscar equilíbrio sem medidas abruptas.
O ministro também apontou desafios “herdados de outros governos” para fechar a conta do orçamento, como o impacto do aumento do salário mínimo, os gastos obrigatórios em saúde e educação e a pressão crescente das despesas com precatórios.
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