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Crescimento global em risco: Stephan Kautz analisa cenário e oportunidades

Crescimento global em risco: Stephan Kautz analisa cenário e oportunidades

Em sua tradicional live mensal sobre o cenário macroeconômico, o economista-chefe da EQI Investimentos, Stephan Kautz, destacou os principais desafios e tendências do crescimento global e brasileiro. O encontro, realizado na noite de quarta-feira (1), reuniu investidores e interessados no mercado financeiro, com direito a perguntas interativas do público.

Crescimento global: China desacelera e ameaça emergentes

Kautz abriu a apresentação com uma análise da economia chinesa. Segundo ele, os estímulos promovidos pelo governo de Pequim no início do ano — como incentivos à troca de automóveis e subsídios ao consumo — já perderam fôlego. O setor imobiliário continua em forte retração, com queda de 80% nas construções iniciadas desde 2019, e investimentos em infraestrutura e manufatura também vêm recuando.

“O enfraquecimento da China tem impacto direto nos países emergentes. Um crescimento mais fraco lá significa menor crescimento global”, alertou o economista.

Mas existe expectativa de uma nova rodada de estímulos até o final do ano para fazer a economia crescer.

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Crescimento global: juros em queda nos EUA, mas cautela no radar

Nos Estados Unidos, o mercado de trabalho revisado para baixo preocupa o Federal Reserve, que iniciou cortes graduais na taxa de juros. O cenário, no entanto, é de cautela. O consumo segue resiliente e a inflação ainda está acima da meta (2%), em torno de 3,5% ao ano. A projeção é de mais dois cortes de 25 pontos-base ainda em 2025 e mais um em 2026.

“Não é um super ciclo de corte, é cauteloso. Não tem previsão de acelerar para 50 pontos-base a cada reunião. Powell colocou em discussão, inclusive, pular o corte na reunião de novembro”.

Para a próxima reunião, no final de outubro, o mercado dá como certo o corte de 25 pontos-base.

O economista também comentou a paralisação parcial do governo americano (shutdown), que pode atrasar a divulgação de indicadores fundamentais, como o relatório de empregos (payroll).

“Dia 30 de setembro, acabou o ano fiscal e o Congresso não aprovou orçamento para 2026. Se não tem orçamento, governo não pode gastar mais do que tem em caixa. Ele manda funcionários públicos para casa e esvazia os serviços não essenciais. Saúde e polícia seguem funcionando, mas os demais cancelados temporariamente. O Departamento de Trabalho americano vai parar e ele que calcula o dado oficial de emprego. É provável que ele não seja divulgado nesta sexta (3)”, afirmou.

“O maior risco não é o impacto imediato na economia, mas o Fed ficar ‘cego’ em relação aos dados que norteiam a política monetária”, explicou.

Crescimento global: no Brasil, desaceleração com mercado de trabalho aquecido

Sobre o Brasil, Kautz afirmou que a atividade econômica dá sinais claros de desaceleração. O consumo, especialmente o ligado ao crédito, vem enfraquecendo em meio a juros altos e aumento da inadimplência.

Apesar disso, o mercado de trabalho segue aquecido, com taxa de desemprego em 5,6%, uma das menores da série histórica. Essa combinação tem mantido o Banco Central conservador em relação aos cortes da Selic.

“A expectativa é de início de redução apenas em janeiro de 2026, de forma gradual”, disse.

Ele acrescentou que, embora a inflação esteja convergindo para 4,5% (a meta é 3%), ainda há ruídos nos núcleos — como a queda atípica do seguro de veículos no último IPCA-15 — que recomendam prudência.

“A inflação está desacelerando, mas assim ela soa melhor do que realmente está”, pontuou.

Recomendações de investimento

Kautz reforçou a atratividade da renda fixa indexada à inflação (IPCA+), destacando que o juro real no Brasil permanece elevado e oferece oportunidades de longo prazo. Ele também vê espaço para valorização da Bolsa brasileira, que, mesmo após recuperação, segue com múltiplos considerados baixos.

Olhar além da economia

Ao fim da live, o economista compartilhou reflexões sobre o livro “Sobre a Liberdade”, de John Stuart Mill, relacionando o debate filosófico sobre liberdade de expressão com os desafios atuais das democracias.

“Permitir o debate de ideias é essencial para fortalecer opiniões e evitar que elas se tornem meros dogmas”, concluiu.

Confira a live na íntegra no vídeo abaixo:

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