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Shutdown nos EUA é mais ruído político do que crise estrutural, avalia analista da EQI Research

Shutdown nos EUA é mais ruído político do que crise estrutural, avalia analista da EQI Research

O governo dos Estados Unidos iniciou mais um período de shutdown, a paralisação parcial das atividades estatais decorrente do impasse no Congresso sobre o orçamento. Embora o noticiário internacional reforce a gravidade do tema, a avaliação do analista de internacional da EQI Research, Marink Martins, é de que o episódio não deve se tornar um catalisador para quedas mais profundas nos mercados globais.

Segundo Martins, a atual paralisação tem características distintas de momentos anteriores.

“Diferentemente de outros shutdowns, desta vez não está em discussão o teto do endividamento. Esse já foi elevado, e o Tesouro americano dispõe de uma conta robusta, com cerca de US$ 800 bilhões. Isso significa que não haverá interrupção imediata na captação de recursos”, explica.

Para o analista, há até a possibilidade — ainda que remota — de o shutdown gerar injeção de liquidez no sistema financeiro, em vez de provocar escassez.

“É preciso discernimento: o noticiário é pesado, mas não se trata de um evento capaz de desorganizar os mercados. Pode trazer volatilidade, sim, mas não deve ser encarado como um fator estrutural de queda”, pondera.

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Shutdown: Contexto político e eleitoral

O embate no Congresso reflete o momento político norte-americano, a pouco mais de um ano das eleições de meio de mandato (midterms). O líder democrata no Senado, Chuck Schumer, adotou uma postura mais agressiva contra os republicanos, em uma disputa que também influencia o tabuleiro eleitoral e a força de Donald Trump.

Martins destaca que o episódio ganha maior repercussão porque ocorre em um momento em que a bolsa americana está “esticada” e já vinha sendo alvo de alertas sobre valuations elevados. A recomendação de alocação da EQI Research para os EUA segue cautelosa: apesar de ocupar 25% da carteira recomendada, a alocação nos EUA é 100% direcionada para a renda fixa.

Marink Martins, analista internacional da EQI Research
Marink Martins, analista internacional da EQI Research. Divulgação/EQI

Dólar em trajetória de enfraquecimento

Mais relevante do que o shutdown, na visão do analista, é a tendência estrutural de desvalorização do dólar frente a outras moedas. O movimento deve ganhar protagonismo no cenário internacional, especialmente no contexto do Apex Summit, encontro previsto na Coreia do Sul com líderes asiáticos e participação de Donald Trump.

“O DXY, índice que mede o dólar frente a outras moedas fortes, não captura o yuan, a segunda moeda mais importante do mundo. Esse é um dos absurdos que mostra como o sistema atual ainda sustenta artificialmente a relevância do dólar. O yuan tende a ganhar espaço”, afirma.

Para Martins, o investidor deve enxergar o shutdown nos EUA como ruído político, sem potencial de provocar uma crise estrutural.

“O caixa americano está robusto e preparado. O que realmente importa agora é acompanhar a tendência de enfraquecimento do dólar e o fortalecimento do yuan”, conclui.

Efeitos no Brasil

O analista aproveita para fazer um paralelo com o Brasil, destacando o otimismo em relação ao país. Segundo ele, o mercado local está “a um passo do paraíso”, dado o avanço em fundamentos que podem levar ao retorno do grau de investimento pelas agências de rating.

Apesar da inadimplência elevada das famílias e sinais de “recessão patrimonial” — conceito importado do caso japonês nos anos 1990 —, o Brasil hoje depende menos de capital estrangeiro. Apenas 10% da dívida pública está nas mãos de não residentes, e menos de 5% é denominada em moeda estrangeira, o que dá maior resiliência ao país.

“Passamos por um período difícil, mas não entramos em um processo de venezuelização ou argentinização. Isso abre espaço para um novo ciclo positivo”, avalia.

Ouça o áudio de Marink Martins na íntegra:

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