O banco BTG Pactual (BPAC11) divulgou relatório no qual faz uma análise do cenário de geração de energia no Brasil e faz recomendação de compra para duas empresas: Eletrobras (ELET3; ELET6) e Eneva (ENEV3). Mas o banco de investimentos também cita a Auren (AURE3), embora com algumas desvantagens.
De acordo com o relatório, entre as empresas de geração listadas (sejam elas geradoras puras ou player integrados com exposição relevante à geração), a melhor maneira de se expor à volatilidade é por meio das ações da Eletrobras e da Eneva. Mas se, hipoteticamente, ocorresse um aumento na curva de preço da energia de R$ 160/MWh para R$ 200/MWh, os maiores saltos no valor justo ocorreriam na Eletrobras e na Auren.
“A Auren, porém, tem algumas desvantagens. Primeiro, a empresa não tem muita energia disponível no período de 2026-2027. Segundo (e talvez mais importante), considerando a alavancagem da empresa, ela não pode responder ‘Não. Prefiro vender toda a produção futura de energia no mercado spot’”, diz trecho do relatório.
Geração de energia: Eletrobras com disposição para pagar dividendos
O relatório apontou ainda que a Eletrobras está claramente nos estágios iniciais do que acabará se tornando uma fonte substancial de receita e pagamento de dividendos. A empresa sinalizou isso pela primeira vez em março deste ano, quando complementou os dividendos de dezembro e anunciou um pagamento de R$ 4 bilhões (relacionado a 2024).
Por alguma razão, o mercado ainda não interpretou isso como uma mudança de mentalidade. No entanto, após o anúncio de outro dividendo de R$ 4 bilhões no início de agosto, a comunidade de investidores foi obrigada a perguntar se a ex-estatal estaria se tornando uma história de dividendos.
A empresa pretende operar com um índice de alavancagem razoável em 2030 (pós-RBSE), supondo que venda sua energia livre em níveis conservadores. Sempre que a empresa assina um contrato, ela leva isso em consideração no cálculo da alavancagem para 2030.
“Ela insere isso na mesma análise de alavancagem quando vende um ativo ou elimina o risco de uma discussão (recebível de GSF no segundo trimestre e o RBSE). Se não houver alocação de capital adicional, a empresa distribui dividendos”, informou trecho do relatório.
O BTG faz uma simulação de quatro cenários de preço e suas respectivas alavancagens para os próximos 5,5 anos. Veja abaixo:

Eneva: geradora firme
A Eneva, porém, não é exatamente um player que se beneficiou diretamente dos preços mais altos da energia. Não é uma geradora clássica. O nome é um fornecedor de “energia firme” para o sistema, com vários contratos de capacidade de geração de fornecimento de gás natural por meio de contratos da modalidade take-or-pay.
De acordo com o BTG, a vantagem da empresa é sua ampla experiência em adicionar capacidade ao sistema e seus ativos não contratados existentes (que podem ser renovados no próximo leilão de capacidade em março de 2026).
O último leilão de capacidade firme no Brasil ocorreu em 2021 e naquela ocasião, os preços atingiram R$ 881 mil por megawatt (MW) por ano. Muita coisa aconteceu desde o último leilão de capacidade. Nesses cinco anos, o custo de capital aumentou (no mercado interno e global) e a inflação dos equipamentos foi enorme, devido ao boom dos data centers e do surgimento da inteligência artificial.
“Nosso preço-alvo atual de R$ 16,6 para a Eneva pressupõe que a empresa renove as usinas térmicas a gás Parna I e III pelo preço do leilão de capacidade de 2021, ajustado pela inflação”, diz trecho do relatório.
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