O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, sugeriu nesta segunda-feira que o Banco Central avalie a possibilidade de excluir os preços de alimentos e energia do cálculo da inflação. Segundo ele, essa medida poderia tornar a política monetária mais eficaz.
Durante um evento promovido pelo jornal Valor Econômico, Alckmin explicou que simplesmente aumentar os juros não resolveria problemas relacionados ao clima ou ao preço do petróleo.
“Não adianta aumentar os juros, porque isso não vai fazer chover. Pelo contrário, só prejudica a economia. No Brasil, essa situação é ainda mais delicada, pois juros mais altos aumentam a dívida pública”, afirmou.
Ele argumentou que a elevação da taxa de juros deve ser direcionada para fatores que realmente contribuam para a redução da inflação. Por isso, defende que o Banco Central estude a possibilidade de remover itens mais voláteis, como alimentos e energia, do cálculo inflacionário.
Alckmin: olhar núcleo da inflação é mais eficaz
Para embasar sua proposta, Alckmin citou a abordagem adotada pelo Federal Reserve (o Banco Central dos Estados Unidos), cuja meta de inflação é de 2%, calculada com base no índice de preços ao consumidor PCE. Nos EUA, há uma métrica chamada “núcleo da inflação”, que exclui itens mais instáveis, como alimentos e combustíveis, permitindo um acompanhamento mais preciso das tendências inflacionárias. No entanto, a meta principal do Federal Reserve ainda considera a inflação completa.
Alckmin reforçou seu ponto ao dizer que medidas como o aumento dos juros não conseguem impactar fatores externos, como a cotação do petróleo. “Não adianta aumentar os juros, porque isso não vai baixar o preço do barril de petróleo”, exemplificou.
O vice-presidente também lembrou que, nos Estados Unidos, alimentos não são considerados no cálculo do núcleo da inflação, pois seus preços variam muito conforme o clima. Ele sugeriu que essa abordagem poderia ser benéfica para o Brasil, onde eventos climáticos afetam fortemente os custos da produção agrícola.
Por fim, Alckmin criticou o atual patamar da taxa Selic, atualmente em 14,25%, afirmando que esse nível elevado atrapalha a economia. Ao mesmo tempo, reconheceu que o controle da inflação é fundamental. Ele demonstrou otimismo ao prever que os preços dos alimentos devem cair ao longo do ano, impulsionados por uma melhora nas condições climáticas e um aumento da produção agrícola, o que pode contribuir para o crescimento do PIB.
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