O BTG Pactual reiterou a recomendação de compra para as ações da Rumo (RAIL3), mesmo após um período marcado por desafios operacionais e mudanças relevantes no setor de logística e transporte de grãos no Brasil. Segundo o banco, a companhia atravessa uma fase de transição, mas apresenta fundamentos que sustentam uma visão construtiva para o médio e longo prazo.
No relatório mais recente, o BTG Pactual destaca que a Rumo negocia a múltiplos historicamente baixos, com EV/EBITDA estimado em 6,3 vezes para 2026, cerca de 24% abaixo da média histórica. Para o banco, esse desconto reflete uma percepção de risco elevada, mas que já incorpora grande parte dos fatores negativos recentes.
De acordo com o analista Lucas Marquiori, do BTG Pactual, “a Rumo está no meio de uma travessia”, o que exige uma análise que combine diferentes cenários, considerando tanto fatores sob controle da companhia quanto variáveis externas que impactaram o desempenho recente.
Resultados do terceiro trimestre mostram resiliência operacional
O terceiro trimestre foi descrito pelo BTG Pactual como intenso para a Rumo, tanto do ponto de vista operacional quanto de governança. Apesar de um ambiente de preços mais pressionado, a empresa conseguiu compensar a queda nas tarifas com volumes robustos, margens resilientes e controle rigoroso de custos.
Segundo o relatório, “a entrega de um EBITDA em linha com nossas estimativas anteriores, por meio da resiliência das margens — um fator que a empresa controla — foi um ponto positivo”, afirma Lucas Marquiori. O banco avalia que essa capacidade de proteger margens em um cenário adverso reforça a qualidade da operação da Rumo.
Além disso, o BTG Pactual atualizou seu modelo para incorporar os resultados do período, mantendo a expectativa de EBITDA no piso do guidance para 2025, apoiada por ganhos de eficiência e redução de investimentos previstos.
Setor mudou e explica a pressão sobre as ações
Na avaliação do BTG Pactual, parte da desvalorização recente das ações da Rumo está relacionada a mudanças estruturais no setor. Apesar de atuar como monopólio ferroviário em diversas regiões, a empresa compete diretamente com o transporte rodoviário, o que limita seu poder de precificação em determinados ciclos.
O relatório aponta que esse fator contribuiu para um “de-rating” da companhia em relação a outros ativos de infraestrutura. Ainda assim, o banco entende que o mercado pode estar subestimando a agenda de execução da Rumo, que inclui expansão de capacidade, otimização de custos e ajustes estratégicos de preços.
Para Lucas Marquiori, “acreditamos que o pior já está, em grande parte, precificado.”, reforçando a visão de que revisões negativas adicionais são menos prováveis neste momento.
Valuation assimétrico e potencial de recuperação
Mesmo com um cenário de curto prazo mais desafiador, o BTG Pactual enxerga uma assimetria favorável na avaliação da Rumo. O banco destaca que ganhos estruturais de eficiência e investimentos em gargalos logísticos, como o Porto de Santos, devem sustentar a retomada gradual da rentabilidade.
O preço-alvo foi mantido em R$ 23 por ação, o que representa um potencial de valorização de cerca de 58% em relação ao preço atual. Para o BTG Pactual, a Rumo segue como uma das principais plataformas de infraestrutura logística voltadas ao agronegócio brasileiro, com fundamentos sólidos para atravessar o atual período de transição.






