No dia 5 de novembro, o mundo volta suas atenções para as eleições presidenciais dos Estados Unidos (EUA). Além de escolher o próximo presidente, os americanos renovarão toda a Câmara dos Representantes e um terço do Senado. O impacto dessas eleições não se limitará ao território norte-americano — o Brasil e boa parte do mundo sentirão os reflexos, especialmente no mercado financeiro. A disputa presidencial está extremamente acirrada entre a atual vice-presidente Kamala Harris, representando o Partido Democrata, e o ex-presidente Donald Trump, do Partido Republicano. Segundo uma pesquisa da CNN, Harris aparece com 48% das intenções de voto, contra 47% de Trump. Os candidatos de partidos menores, como o libertário Chase Oliver e a representante do Partido Verde, Jill Stein, somam 3% das intenções de voto, mantendo a incerteza sobre o resultado final. Leia também: Roberto Campos Neto – eleições americanas podem impactar inflação Eleições dos EUA: o que o investidor pode esperar? Eleições nos EUA: cenário mudou drasticamente com troca de Biden por Harris O economista-chefe da EQI Asset, Stephan Kautz, destaca que o cenário mudou drasticamente desde o início da campanha. “No primeiro debate, Trump saiu como grande vitorioso e muitos davam a eleição por resolvida. Mas, com a troca de candidato, o cenário mudou e ficou totalmente incerto”, afirma, referindo-se à desistência de Joe Biden e escolha de Kamara Harris como nome democrata na corrida presidencial. Para Kautz, a recente queda do dólar, que começou antes da última decisão do Federal Reserve (Fed), já reflete as incertezas eleitorais. “O enfraquecimento do dólar começou antes da decisão do Fed e já traz essa mudança de cenário da eleição americana”, analisa, referindo-se ao recente corte de juros promovido pelo banco central americano, de 50 pontos-base. Ele observa que, embora Trump fosse amplamente favorito, a redução dessa vantagem nas pesquisas está impactando as expectativas do mercado. “Com a possibilidade de Kamala vencer, o desmonte do ‘Trump trade’ se intensifica. Isso fortalece ainda mais a expectativa de um dólar fraco, caso Harris ganhe”, completa. A incerteza econômica e o impacto nas moedas emergentes William Castro Alves, estrategista-chefe da Avenue, reforça a ideia de que a possível volta de Donald Trump à Casa Branca pode aumentar a incerteza sobre a economia americana. Segundo ele, esse cenário favorece a alta do dólar, o que impacta negativamente as moedas emergentes, como o real. Alves também ressalta que Trump sinaliza a retomada de uma política econômica protecionista, o que deve mexer com o comércio internacional e com setores específicos da economia americana. Como ficam as ações brasileiras? No Brasil, as implicações das eleições americanas podem ser sentidas de formas distintas, dependendo de quem vencer. A agenda de Donald Trump, caso eleito, mantém seu foco no protecionismo econômico, com promessas de cortes de impostos corporativos, aumento de tarifas de importação e desregulamentação. Um cenário de dólar forte deve beneficiar empresas exportadoras, com receitas atreladas à moeda americana. A EQI Research aponta em relatório que dentre as companhias brasileiras que podem se beneficiar de uma vitória de Trump estão a PRIO (PRIO3), cujas receitas são 100% dolarizadas, e a Suzano (SUZB3), com cerca de 80% das receitas em dólar. Outra empresa que pode ver um impacto positivo é a Gerdau (GGBR4), que obtém quase metade de suas receitas na América do Norte, podendo ser favorecida por um aumento na demanda por produtos siderúrgicos nos Estados Unidos. Por outro lado, uma eventual vitória de Kamala Harris representa um caminho diferente para a economia. O governo de Harris deve seguir o foco da administração Biden, com ênfase em regulamentações e incentivos à transição energética. Nesse cenário, o dólar tenderia a se enfraquecer, e os cortes de juros nos Estados Unidos poderiam ser acelerados, o que beneficiaria mercados emergentes como o Brasil. Empresas voltadas ao mercado interno, como o Itaú (ITUB4), com forte presença no setor bancário, e a B3 ($B3SA3), que administra a bolsa de valores brasileira, são apontadas como possíveis ganhadoras em um cenário de dólar fraco e aumento do fluxo de capital externo para o Brasil. O investidor brasileiro diante das eleições Para os investidores brasileiros, a questão central é como se posicionar diante dessas incertezas. A vitória de Trump favoreceria empresas exportadoras, como PRIO, Suzano e Gerdau. Já uma vitória de Harris poderia beneficiar companhias ligadas à economia doméstica, como o Itaú e a B3. O que parece certo é que as eleições americanas terão impacto global, e os investidores devem estar atentos ao comportamento do câmbio e às movimentações nos juros americanos, que definirão o rumo das ações brasileiras. O ano de 2024 ainda promete grandes oportunidades para aqueles que souberem interpretar o cenário e ajustar suas estratégias de investimento. Independentemente do resultado, estar preparado para aproveitar as oportunidades que surgem é essencial. Clique aqui e tenha acesso ao relatório completo da EQI Research sobre as eleições nos EUA. COMO ALOCAR R$ 100 MIL NA RENDA FIXA COM O AUMENTO DA SELIC