O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, participou de um evento organizado pelo Banco Safra na manhã desta terça-feira (24) e comentou sobre diversos aspectos da economia brasileira e global, com destaque para as preocupações com a inflação e os impactos das eleições americanas.
Em relação ao cenário internacional, Campos Neto ressaltou a importância das eleições nos Estados Unidos, destacando que tanto as propostas dos democratas quanto dos republicanos não indicam uma redução significativa do déficit fiscal, o que pode gerar pressões inflacionárias.
Ele afirmou que uma vitória republicana poderia agravar essa situação. “Há preocupações sobre fiscal, tarifas e imigração, que geram efeitos inflacionários”, disse ele, ao analisar o panorama econômico americano.
Sobre a política monetária dos EUA, o presidente do BC observou que os americanos lideraram um movimento mais agressivo de afrouxamento monetário entre os países desenvolvidos, mas que o cenário de cortes nos juros ainda não está claro.
Apesar de expectativas do mercado de cortes de 50 pontos-base, o gráfico de pontos do Federal Reserve não reflete esse cenário. Campos Neto acrescentou que os EUA enfrentam uma desaceleração econômica, mas caminham para um “pouso suave” com ajustes graduais nas taxas de juros.
Roberto Campos Neto: crescimento do Brasil acima das expectativas
No cenário doméstico, Campos Neto destacou que o crescimento econômico do Brasil está acima das expectativas, o que pode gerar mais pressões inflacionárias. Ele mencionou que o mercado de trabalho aquecido e a política fiscal expansionista continuam sustentando o consumo, fatores que também impactam a inflação. O presidente do BC demonstrou preocupação com as expectativas inflacionárias, principalmente em relação aos núcleos da inflação, e frisou que a dinâmica dos preços segue desafiadora.
A fala de Campos Neto ocorreu no mesmo dia da divulgação da ata do Copom, com detalhamento sobre a última decisão de política monetária, de subir a Selic, taxa básica de juros, em 25 pontos-base. Na ata, o Copom deixou em aberto os próximos passos para os juros, mas reafirmou que o cenário está mais desafiador e a inflação ainda preocupa.
Roberto Campos Neto também alertou para uma piora marginal nos núcleos de inflação global, especialmente em países emergentes, onde os preços de serviços estão incompatíveis com as metas inflacionárias. Ele afirmou que, embora o mundo estivesse em um processo de desinflação, esse movimento perdeu força, com sinais de aumento nos serviços em economias emergentes.