Empresas dos setores de consumo essencial, saúde e bem-estar devem ser as principais beneficiadas pelo envelhecimento da população na América Latina, segundo relatório do Santander (SANB11). Na bolsa brasileira, o banco destaca Assaí Atacadista (ASAI3), Grupo Mateus (GMAT3) e GPA (PCAR3) entre as varejistas de alimentação com maior potencial. Mas é no ramo de saúde, que podem surgir as maiores beneficiadas. É o caso da Rede D’Or (RDOR3), Hypera (HYPE3), RaiaDrogasil (RADL3), Pague Menos (PGMN3), Fleury (FLRY3) e Oncoclínicas (ONCO3).
O relatório do Santander alerta que o envelhecimento acelerado da população latino-americana deve gerar efeitos profundos na economia — afetando produtividade, PIB per capita e renda da população idosa. O fenômeno, ainda incipiente no Brasil, tende a influenciar fortemente o comportamento de consumo e a estrutura de investimentos nos próximos anos.
Maria Paula Cantusio, chefe de análise ESG e relatórios temáticos do Santander, explica, no relatório, que essa mudança demográfica já começa a moldar a estratégia de fundos internacionais de private equity, que priorizam empresas ligadas a setores resilientes.
“O envelhecimento populacional ainda não é um problema para a bolsa brasileira, mas deve guiar cada vez mais as decisões de investidores de longo prazo”, afirmou.
Envelhecimento da população: mudança no padrão de consumo
O estudo também mostra como o centro do consumo mundial está migrando das economias desenvolvidas para os mercados emergentes. Em 1997, a América do Norte representava 26% do consumo global; em 2023, essa fatia caiu para 22%, e deve recuar para 17% até 2050. Já a Ásia emergente, excluindo a China, deve dobrar sua participação no mesmo período, de 7% para 15%.
A mudança reflete, segundo Cantusio, o deslocamento das oportunidades de investimento. Segundo ela, um empresário pode preferir abrir uma nova fábrica na África, e não na Europa, porque o potencial de crescimento populacional é muito maior no longo prazo.
O estudo também chama atenção para a dependência dos idosos latino-americanos em relação a transferências públicas e privadas. Dados da OCDE indicam que 64% da renda das pessoas acima de 65 anos na região vêm dessas fontes — 57% de repasses públicos e 7% de fundos privados. No Brasil, esse número chega a 71,2%, o maior entre os países analisados.
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Entre 2000 e 2020, o percentual de idosos que recebem aposentadoria passou de 46% para 69%. No entanto, apenas 42% dos trabalhadores da América Latina contribuem regularmente para o sistema previdenciário — um fator que pode gerar desequilíbrios fiscais e pressionar a demanda por serviços básicos.
Setores mais expostos ao envelhecimento populacional
Com o avanço da idade média da população, empresas ligadas à alimentação, energia e habitação tendem a se beneficiar de forma consistente. No varejo alimentar, Assaí, Grupo Mateus e Pão de Açúcar devem ser favorecidos pelo aumento do consumo recorrente. Já o Magazine Luiza (MGLU3), fora da lista principal, é citado no relatório como exemplo de empresa que pode aproveitar o crescimento da demanda por conforto doméstico e bens duráveis.
Na área de saúde, os impactos são mistos. Hospitais, laboratórios e farmacêuticas devem ter ganhos de volume, enquanto operadoras de planos podem enfrentar alta de custos e sinistralidade. Mesmo assim, companhias como Rede D’Or, Hypera, RaiaDrogasil, Pague Menos, Fleury e Oncoclínicas aparecem como potenciais vencedoras de longo prazo, especialmente diante da tendência de envelhecimento saudável e medicina preventiva — cenário que também impulsiona a Smart Fit.





