A Sabesp (SBSP3) anunciou a aquisição do controle acionário da EMAE (EMAE4). A operação, celebrada no último domingo (5), totalizou um custo agregado de R$ 1,31 bilhão.
Em nota, a companhia de saneamento básico destacou que a transação é considerada um marco estratégico, visando reforçar a segurança do abastecimento de água na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP).
Estrutura e contexto da transação
A Sabesp celebrou contratos de compra e venda com duas partes distintas:
- a Vórtx (agindo como agente fiduciário dos debenturistas da Phoenix Água e Energia) e
- a Eletrobras (ELET6).
A aquisição compreendeu 74,9% das ações ordinárias da EMAE, negociadas a R$ 59,33 por ação, e 66,8% das ações preferenciais. No contrato com a Eletrobras, a Sabesp adquiriu a totalidade da participação da elétrica, correspondente a 14,856 milhões de ações preferenciais, pelo preço de R$ 32,07 por ação. Este trecho da transação totalizou R$ 476,5 milhões para a Eletrobras, com a possibilidade de pagamentos futuros de earnout.
Após a consumação das transações (sujeitas a aprovações regulatórias, incluindo CADE e ANEEL), a Sabesp passará a deter 70,1% do capital social total da EMAE.
A Eletrobras, por sua vez, reforça com a venda seu compromisso com a simplificação de sua estrutura e a eficiência na alocação de capital, conforme previsto em seu Plano Estratégico.
Já a EMAE informou que não participou diretamente das negociações nem dos contratos de transação, tomando conhecimento da operação através das divulgações de Sabesp e Eletrobras.
Análise das casas de investimento
O movimento de aquisição, embora represente um investimento pequeno (cerca de 1,3% do valor de mercado da Sabesp), foi visto como estratégico e positivo pela maioria das casas de análise, principalmente devido às sinergias hídricas e energéticas.
O Goldman Sachs (GS; GSGI34) considera a operação positiva, pois pode acelerar a integração dos sistemas de reservatórios da Sabesp, fortalecendo a segurança do abastecimento de água. O banco ressaltou ainda que a EMAE opera ativos de geração de energia (quatro usinas hidrelétricas) com capacidade firme de cerca de 156 megawatts (MW) médios e contratos que se estendem até 2042 e 2045.
Nessa mesma linha, o UBS BB avalia a compra como um movimento estrutural que garante a segurança hídrica na Grande São Paulo ao unificar o comando sobre os reservatórios Guarapiranga–Billings.
A transação incorpora uma plataforma de energia com geração de caixa sólida e indexada à inflação, funcionando como um “hedge natural” para o negócio da Sabesp, que é intensivo em eletricidade (tratamento e bombeamento).
A integração do sistema Billings-Pinheiros-Tietê é vista como essencial para garantir maior segurança e eficiência na gestão de recursos hídricos.
Em uma nota mais cautelosa, o JP Morgan (JPM; JPMC34) avaliou a compra como neutra, observando que o investimento é relativamente pequeno e parece estar fora do núcleo de atuação da companhia. Contudo, a instituição reconheceu que o negócio pode expandir os recursos hidrelétricos no médio e longo prazo e oferecer mais flexibilidade na operação dos reservatórios.
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Variação das ações após o negócio
Após o anúncio da aquisição, as ações da Sabesp (SBSP3) avançaram apenas 0,09%. Já os papéis da EMAE (EMAE4) subiram 3,63%. Em contrapartida, as ações da Eletrobras (ELET6) registraram leve queda de 0,29%. A variação das ações ocorreram por volta das 11h30.