Em outubro, a B3 ($B3SA3) deixou de negociar os contratos de ouro à vista. A bolsa de valores brasileira deu quatro meses para os investidores se prepararem para liquidar os contratos, com prazo limite até 16 de fevereiro deste ano.
A B3 argumenta que a decisão foi motivada pelo baixo interesse dos investidores em negociar os contratos de ouro à vista, enquanto negociações envolvendo fundos internacionais de ouro no Brasil aumentaram. Além disso, há outros ativos atrelados ao ouro, como fundos de índice (ETFs) e Brazilian Depositary Receipt (BDRs), mais “atrativos para o investidor, com mais liquidez e facilidade operacional”.
Segundo a companhia, com a evolução do mercado, esses contratos “perderam a relevância”. Os novos ativos, como ETFs, por exemplo, eliminam “o custo e a logística de administrar o ouro físico” e trazem a “mesma segurança para os investidores que buscam exposição ao ouro”, argumentou a bolsa brasileira.
Para quem continua com contratos de ouro à vista, além da venda da posição, a B3 deu ao cliente que tiver posições de barras inteiras (de 250 gramas cada) a opção de transferir a custódia temporariamente para o Banco do Brasil (BBAS3), com obrigação de retirar as barras físicas pessoalmente.
A mudança proposta pela B3 pode favorecer o objetivo do governo de aumentar a arrecadação pública. Isso porque, nos últimos anos, o ouro acumula uma variação expressiva. O preço da commodity dobrou de valor desde 2010, saindo de US$ 1 mil por onça para mais de US$ 2 mil/onça atualmente.

Em 2024, o governo tem meta de déficit zero. O objetivo de zerar o rombo está presente no Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) enviado ao Congresso Nacional em abril do ano passado.
O arcabouço fiscal, que substituiu o teto de gastos, prevê uma tolerância para o resultado das contas públicas. Em 2024, a meta central é déficit zero, mas o governo pode ter um déficit primário de até 0,25% do PIB sem descumprir a meta.