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Expectativas para o ouro: o que esperar para a commodity?

Expectativas para o ouro: o que esperar para a commodity?

O que esperar para o ouro em 2024? Nos últimos meses, o metal passou por um rali intenso, causado por incertezas internacionais trazidas pela guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas. E, de acordo com relatório do World Gold Council (WGC), o Conselho Mundial do Ouro, que é uma entidade internacional sediada em Londres, no Reino Unido, a demanda pelo metal pode continuar alta no próximo ano.

Vale explicar, o ouro é considerado um importante hedge de segurança para os investimentos, sendo o porto seguro para os investidores em momentos de crise e insegurança, como acontece diante de uma guerra com possibilidades de escalar e se estender a mais países.

Além do desenrolar da guerra, a projeção para o ouro depende também dos próximos passos do Federal Reserve (Fed) e para onde irão as taxas de juros dos Estados Unidos, além de outros como o Banco Central Europeu (BCE).

De acordo com o WGC, a probabilidade de a Fed conduzir a economia dos EUA para uma aterrisagem suave e com taxas de juro acima dos 5% ainda está não estaria descartada. Além disso, uma recessão global ainda está no radar.

Esse cenário deverá impulsionar muitos investidores a manter coberturas eficazes, como o ouro, nas suas carteiras.

Ouro em 2024: cenário e contexto

O WGC avaliou ainda que, apesar de alguns obstáculos ao longo do caminho, a economia global revelou-se notavelmente resiliente em 2023 e as conversas sobre uma recessão iminente diminuíram à medida que o ano avançava. Agora, o consenso do mercado para 2024 aponta para uma “aterrissagem suave” das economias, dada a expectativa de crescimento positivo, embora abaixo da média, no futuro.

Juntamente com uma desaceleração econômica, os players do mercado também esperam que a inflação arrefeça o suficiente para que os bancos centrais comecem a cortar as taxas. Tal cenário de aterrissgem suave seria considerado bem-vindo.

“Mas a sua execução exige um movimento extremamente preciso por parte dos tomadores de decisões de política monetária e depende também da concretização de muitos fatores fora do seu controle direto”, avalia o WGC.

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Fora a questão dos juros, no campo econômico, o WGC avalia que os dados relativos aos índices de gerentes de compras (ou PMIs, na sigla em inglês) compostos continuam em expansão, e os PMIs industriais estão mais altos do que eram em meados de 2023.

“Os ganhos reais têm aumentado nos últimos tempos seis meses, resultando em balanços saudáveis. O excesso de poupança das famílias ainda não se esgotou e o desemprego permanece historicamente baixo. Os planos de estímulo fiscal para 2024, caso se concretizem, também oferecerão apoio”, avalia a entidade.

Embora estes fatores não impeçam um abrandamento do crescimento, quando combinados com uma política monetária adequada poderão ajudar a evitar uma contração na economia.

O estudo da organização aponta ainda que embora as probabilidades de mercado favoreçam a realização de uma aterrissagem suave por parte do Federal Reserve (Fed), isso não seria um fator considerado fácil.

Historicamente, a Fed só conseguiu algo semelhante em apenas duas ocasiões, após nove ciclos de aperto ao longo das últimas cinco décadas. Os outros sete terminaram em recessão.

“Isto não é tão surpreendente: quando as taxas de juros permanecem mais altas por mais tempo, a pressão sobre os mercados financeiros e a economia real geralmente aumenta”, explica o WGC.

O Fomc, que é o comitê de política monetária dos Estados Unidos, decidiu manter a taxa de juros dos EUA na última reunião do ano, em linha com a projeção de mercado. Com isso, os juros permanecem na faixa entre 5,25% e 5,50% ao ano.

A decisão reafirma o fim do ciclo de alta e é a terceira manutenção consecutiva nos juros norte-americanos. Segundo a decisão, o comitê continuará a avaliar informações adicionais e as suas implicações para a política monetária.

O preço do ouro em 2024

O estudo do WGC mostra que o desempenho do ouro responde à interação dos seus papéis como bem de consumo e como ativo de investimento. Baseia-se não apenas nos fluxos de investimento, mas também na demanda dos bancos centrais.

Nesse contexto, o estudo da entidade se concentroou em quatro fatores principais para entender seu comportamento:

  • Expansão econômica – positiva para o consumo;
  • Risco e incerteza – positivo para investimento;
  • Custo de oportunidade – negativo para investimento;
  • Momentum – depende do preço e do posicionamento.

Na prática, esses fatores são capturados por variáveis ​​econômicas como Produto Interno Bruto (PIB), inflação, taxas de juros, dólar americano, risco de evento e comportamento de ativos financeiros concorrentes que, por sua vez, determinam um ambiente macroeconômico.

O relatório aponta que um cenário de aterrissagem suave no Fed poderia beneficiar ativos de risco.

“Isto é consistente com a evidência histórica, contanto as obrigações como as ações a terem um bom desempenho nas duas aterrissagens suaves anteriores. O ouro, no entanto, não teve um desempenho tão bom – subindo ligeiramente num e diminuindo em outro”, aponta o relatório.

Fatores favoráveis ao ouro

Finalmente, o documento aponta que, de uma perspectiva histórica, um cenário de aterrissagem suave ou não dos juros poderia resultar em desempenho médio do ouro estável ou ligeiramente mais fraco no próximo ano. No entanto, aponta dois fatores adicionais a favor do ouro:

  • Riscos geopolíticos: em 2023, ocorreram dois riscos de eventos significativos, como a crise bancária nos EUA e o conflito Israel-Hamas. A geopolítica acrescentou entre 3% e 6% ao desempenho do ouro. E, num ano com grandes eleições mundiais, incluindo nos EUA, na União Europeia, na Índia e em Taiwan, a necessidade dos investidores por coberturas de carteira provavelmente será maior que o normal.
  • Demanda dos bancos centrais: as compras por instituições oficiais ajudaram o ouro a desafiar as expectativas nos últimos dois anos. “Em 2023, estimamos que o excesso de procura do banco central tenha acrescentado 10% ou mais ao desempenho do ouro”, diz entidade.

O WGC aponta que, mesmo que 2024 não atinja os mesmos máximos dos dois anos anteriores, prevê que qualquer compra acima da tendência (ou seja, mais de 450–500 toneladas) deve fornecer um impulso extra para o ouro em 2024.