O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou, nesta semana em que tomou posse, o ambicioso Projeto Stargate, uma joint venture bilionária que pretende transformar o setor de infraestrutura de inteligência artificial (IA) no país. Avaliado inicialmente em US$ 100 bilhões, o projeto tem previsão de atingir US$ 500 bilhões em investimentos ao longo de quatro anos.
A parceria reúne gigantes do setor tecnológico como SoftBank (9984; SFTBY), Oracle (ORCL; $ORCL34), OpenAI e MGX (MGXMF), além de contar com suporte de empresas como Nvidia (NVDA; $NVDC34), ARM e Microsoft (MSFT; MSFT34). A proposta é desenvolver uma robusta infraestrutura de IA nos EUA, consolidando o país como líder na próxima grande revolução da computação.
Projeto Stargate: a nova era da IA
Graeme Clark, gerente de portfólio na equipe de líderes globais de tecnologia da Janus Henderson, aponta que o anúncio reforça a importância da inteligência artificial como a próxima grande onda tecnológica. Embora ainda nos estágios iniciais dessa transformação — vale lembrar que o lançamento do ChatGPT 4, por exemplo, ocorreu há menos de dois anos —, o projeto sinaliza a aceleração do desenvolvimento de tecnologias que já começam a impactar setores como saúde, transporte e educação.
“Estamos testemunhando o início de uma nova fase que promete ampliar o ganho de mercado das tecnologias de IA”, destacou Clark. “O Projeto Stargate não só formaliza investimentos que já seriam realizados organicamente, mas também fornece uma estrutura mais segura para o avanço da infraestrutura de IA.”
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Parcerias estratégicas
O anúncio também trouxe atualizações significativas para a parceria entre Microsoft e OpenAI. Historicamente, a Microsoft vinha liderando os investimentos de capital para o treinamento dos modelos da OpenAI por meio de suas GPUs, porém, com limitações impostas pela crescente demanda e capacidade disponível.
O envolvimento da Oracle no Projeto Stargate surge como uma alternativa estratégica. Agora, a empresa fornecerá infraestrutura para parte das cargas de trabalho de treinamento de IA da OpenAI, enquanto a Microsoft mantém direitos prioritários sobre novas funções. Essa parceria reforça o papel da Oracle como um dos quatro principais fornecedores de nuvem de hiperescala nos EUA, ao lado de Amazon AWS, Google GCP e Microsoft Azure.
A Oracle também se comprometeu a dobrar os investimentos em sua infraestrutura de nuvem até 2025, projetando um crescimento superior a 50% em seu negócio de cloud computing no período.
Impacto no mercado de infraestrutura
O Projeto Stargate também coloca a Nvidia em evidência. Suas GPUs continuam sendo a base de praticamente todos os grandes datacenters de IA, consolidando a empresa como uma peça-chave no avanço da tecnologia. Outras companhias, como Arista (ANET), Ciena (CIEN), Dell (DELL; $D1EL34) e Broadcom (AVGO; $AVGO34), também podem se beneficiar da crescente demanda por soluções de infraestrutura.
Apesar do otimismo, especialistas alertam que projetos dessa magnitude levam tempo para serem concretizados. “Construir um datacenter de IA de última geração envolve desafios que vão desde a localização e fornecimento de energia até a implementação de tecnologias de resfriamento e capacidade de GPU”, explica Clark.
Stargate pode influenciar empresas brasileiras?
Com a necessidade de uma expansão significativa para processamento de dados, especialmente data centers, que demandam grandes quantidades de energia e recursos hídricos, o Brasil pode ser considerado uma posição estratégica para se beneficiar dessa expansão.
Tendo uma matriz energética predominantemente renovável, abundância de água e preços de eletricidade competitivos, o país se destaca como um potencial polo para operações de alta demanda energética.
De acordo com o Santander, setores como energia, bens de capital, telecomunicações e mineração podem ser diretamente impactados pela expansão global de data centers e pela crescente demanda por IA.
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Empresas como Weg ($WEGE3), Serena ($SRNA3), Copel ($CPLE6), Eletrobras ($ELET3; $ELET6) e Tupy ($TUPY3) já são vistas como potenciais beneficiárias dessa nova onda de investimentos.
A Weg, por exemplo, está bem posicionada para oferecer soluções de geração, transmissão e armazenamento de energia, essenciais para os requisitos de infraestrutura de IA. Já a Tupy pode desempenhar um papel significativo no fornecimento de sistemas de backup de energia para data centers.
O mercado brasileiro de data centers, avaliado em US$ 4,6 bilhões em 2023, cresce acima da média global e pode alcançar US$ 6,5 bilhões até 2028. Além disso, a proximidade com o Chile, maior produtor mundial de cobre, mineral essencial para aplicações elétricas em data centers, e sua capacidade de gerar energia limpa conferem ao Brasil uma vantagem competitiva no cenário global.
Apesar das oportunidades, o Brasil enfrenta desafios como alta carga tributária, infraestrutura de TI limitada e escassez de mão de obra qualificada.
Políticas públicas focadas na redução de impostos, na ampliação da cobertura de fibra óptica e na capacitação de profissionais poderiam transformar o país em um destino mais atraente para investimentos estrangeiros na área de IA e data centers.
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