Com investimento de até US$ 500 bilhões em infraestrutura para inteligência artificial (IA) nos Estados Unidos, a OpenAI, a Oracle (ORCL; $ORCL34) e o SoftBank (9984; SFTBY) uniram forças em uma joint venture chamada Stargate para aplicar esse montante.
O anúncio da verba destinada ao setor privado foi feito pelo presidente Donald Trump diretamente da Casa Branca, nesta terça-feira (21), ao lado de CEOs do setor de tecnologia. Trump afirmou que facilitará a execução do projeto com ordens emergenciais.
A princípio, as empresas que compõem o Stargate investirão US$ 100 bilhões cada, para atingir a meta de US$ 500 bilhões. Segundo Trump, o Stargate estará “construindo a infraestrutura física e virtual para alimentar a próxima geração de IA”, que ele definiu como “o maior projeto de infraestrutura de IA da história”.
Durante o anúncio, Larry Ellison, presidente da Oracle, destacou que o primeiro projeto já está sendo construído no Texas.
Especialistas do setor apontam a crescente necessidade de expandir a infraestrutura para atender às demandas dos projetos de inteligência artificial nos próximos anos. Isso inclui a construção de mais data centers e o fortalecimento da cadeia de suprimentos com chips avançados, sistemas elétricos robustos e recursos hídricos em larga escala.
A Oracle, uma das maiores operadoras de data centers dos Estados Unidos, vai desempenhar um papel estratégico nesse esforço, enquanto a SoftBank, com seus amplos recursos financeiros, está bem posicionada para financiar a expansão dessa infraestrutura bilionária.
Sam Altman, CEO da OpenAI, já havia apelado anteriormente às autoridades americanas para priorizarem a construção dessa infraestrutura crítica, alertando que ela é essencial para que os Estados Unidos mantenham a liderança na corrida global de IA, particularmente em relação à China.
Além disso, Altman também realizou reuniões com Masayoshi Son, CEO da SoftBank, no último ano, para discutir investimentos em fábricas de semicondutores destinadas à produção de chips especializados para IA, fundamentais para atender à crescente demanda por hardware de alta performance no setor.
Altman, que compareceu à cerimônia de posse de Donald Trump, expressou otimismo em relação ao papel do presidente em atrair investimentos em infraestrutura de inteligência artificial. Em entrevista recente à Fox News, Altman afirmou que Trump “será muito eficaz” em consolidar os Estados Unidos como líder global da revolução da IA, acrescentando que está “entusiasmado para trabalhar com sua administração nesse projeto”.
Stargate: investimento em IA pode influenciar empresas brasileiras?
Com a necessidade de uma expansão significativa para processamento de dados, especialmente data centers, que demandam grandes quantidades de energia e recursos hídricos, o Brasil pode ser considerado uma posição estratégica para se beneficiar dessa expansão.
Tendo uma matriz energética predominantemente renovável, abundância de água e preços de eletricidade competitivos, o país se destaca como um potencial polo para operações de alta demanda energética.
De acordo com o Santander, setores como energia, bens de capital, telecomunicações e mineração podem ser diretamente impactados pela expansão global de data centers e pela crescente demanda por IA.
Empresas como Weg ($WEGE3), Serena ($SRNA3), Copel ($CPLE6), Eletrobras ($ELET3; $ELET6) e Tupy ($TUPY3) já são vistas como potenciais beneficiárias dessa nova onda de investimentos.
A Weg, por exemplo, está bem posicionada para oferecer soluções de geração, transmissão e armazenamento de energia, essenciais para os requisitos de infraestrutura de IA. Já a Tupy pode desempenhar um papel significativo no fornecimento de sistemas de backup de energia para data centers.
O mercado brasileiro de data centers, avaliado em US$ 4,6 bilhões em 2023, cresce acima da média global e pode alcançar US$ 6,5 bilhões até 2028. Além disso, a proximidade com o Chile, maior produtor mundial de cobre, mineral essencial para aplicações elétricas em data centers, e sua capacidade de gerar energia limpa conferem ao Brasil uma vantagem competitiva no cenário global.
Desafios e ações necessárias
Apesar das oportunidades, o Brasil enfrenta desafios como alta carga tributária, infraestrutura de TI limitada e escassez de mão de obra qualificada.
Políticas públicas focadas na redução de impostos, na ampliação da cobertura de fibra óptica e na capacitação de profissionais poderiam transformar o país em um destino mais atraente para investimentos estrangeiros na área de IA e data centers.
Impactos na sustentabilidade
A transferência de operações de data centers para o Brasil pode gerar impactos ambientais positivos.
Enquanto a matriz energética global ainda depende fortemente de combustíveis fósseis, 84% da energia elétrica brasileira é gerada por fontes renováveis, o que reduz significativamente a pegada de carbono das operações.
Além disso, o Brasil conta com um excedente de geração elétrica que pode ser utilizado para atrair indústrias de alta demanda energética, prática conhecida como powershoring.
Projeção para o futuro
Com a crescente demanda por IA e a necessidade de infraestrutura para suportar seu avanço, o Brasil tem a oportunidade de desempenhar um papel relevante na cadeia global de valor.
O projeto Stargate pode ser um catalisador para atrair investimentos estratégicos no país, impulsionando setores-chave e posicionando o Brasil como um player importante no cenário tecnológico internacional.
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