Os EUA entram em shutdown após o Congresso não conseguir aprovar o orçamento dentro do prazo. Isso significa que parte da máquina pública federal é paralisada, já que o governo não pode manter todas as operações sem a autorização de financiamento.
Ao contrário de outros países, onde a rejeição do orçamento pode derrubar o governo, nos Estados Unidos o efeito imediato é a suspensão de serviços considerados “não essenciais”. É um mecanismo que, além de refletir a disputa política entre republicanos e democratas, afeta diretamente a vida de milhões de americanos e tem repercussões globais.
Esse tipo de paralisação não é novidade. Desde os anos 1980, foram mais de uma dezena de shutdowns, alguns breves, outros prolongados, como o de 2018-2019, que durou 35 dias e foi o mais longo da história.
Por que os EUA entram em shutdown?
O atual fechamento do governo está ligado a um impasse sobre o financiamento federal. Republicanos defendem a aprovação de uma extensão orçamentária “limpa”, sem alterações adicionais. Já os democratas querem incluir medidas ligadas à saúde, como a manutenção de créditos tributários que reduzem o custo de planos de saúde e a reversão de cortes no Medicaid.
Sem consenso, o prazo para a aprovação expirou e a Casa Branca ordenou a suspensão parcial das atividades. O cenário ganha contornos ainda mais políticos porque ocorre em um momento em que os partidos se preparam para as eleições legislativas de 2026. Assim, o shutdown pode se prolongar e trazer consequências severas para a economia.
Quais serviços são paralisados?
Durante o shutdown, serviços essenciais continuam funcionando. Isso inclui operações militares, segurança nacional, atendimento médico de emergência, controle de fronteiras e fiscalização aérea. Essas áreas não podem parar, mesmo diante do impasse orçamentário.
Por outro lado, uma série de atividades é afetada. Entre elas: emissão de passaportes e vistos, inspeções de alimentos, funcionamento de parques nacionais, liberação de empréstimos estudantis e parte dos programas sociais. Além disso, cerca de 750 mil funcionários federais considerados “não essenciais” ficam temporariamente afastados e sem receber salários, o que pressiona a economia das famílias.
Impactos econômicos e políticos do shutdown
O fechamento do governo gera incertezas no mercado financeiro. A paralisação atrasa a divulgação de dados fundamentais, como o relatório de empregos, usado pelo Federal Reserve para definir políticas monetárias. Isso pode comprometer análises econômicas e desestabilizar investidores.
Em shutdowns anteriores, a economia americana sofreu perdas bilionárias. O de 2018-2019 reduziu o PIB em aproximadamente 11 bilhões de dólares, sendo que 3 bilhões nunca foram recuperados. Se a paralisação atual durar semanas, especialistas estimam que o desemprego pode subir de 4,3% para até 4,7%.
Politicamente, o episódio reforça a polarização. Enquanto Donald Trump chegou a sugerir demissões em massa de servidores para reduzir gastos, os democratas usam a crise como arma de pressão para ampliar programas sociais. Esse impasse prolonga a instabilidade e aumenta a percepção de fragilidade do sistema político americano.
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