Como esperado pelo mercado, o Federal Reserve (Fed), banco central americano, subiu os juros em 25 pontos-base na última quarta-feira (26), para o intervalo entre 5,25% e 5,50%.
E deixou em aberto a possibilidade de mais altas de juros ou paralisação do ciclo. Com isso, segue como recomendação principal dos especialistas a Renda Fixa nos Estados Unidos (EUA) para quem pretende dolarizar a carteira.
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Por que a Renda Fixa nos EUA segue atraente?
“A Renda Fixa continua sendo o principal ‘cavalo’ em um mercado em que a queda de atividade é iminente e os bancos centrais foram obrigados a elevar rapidamente os juros, mas encontram restrição para mais aumentos devido ao tamanho do endividamento em relação ao PIB”, aponta Rodrigo Samaia, head de Produtos Internacionais da EQI Investimentos.
Ele explica que os juros devem permanecer em patamar ainda muito alto para os padrões dos Estados Unidos por longo período.
A opinião é a mesma de Daniel Ivascyn, CIO da gestora Pimco, uma das maiores do mundo. Em entrevista à Bloomberg, Ivascyn afirmou que, mesmo que o Fed tenha encerrado o ciclo de aperto monetário, como crê boa parte do mercado, a hipótese de aumento das taxas vai persistir por algum tempo.
“Existe uma chance de a inflação permanecer estável e acima das metas do banco central. Será perigoso achar que eles terminaram”, disse.
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Renda Fixa nos EUA: ainda não é hora de migrar com força para ações
Além de os juros ainda poderem subir mais ou permanecerem altos por um bom tempo, esta ainda não seria a hora de migrar fortemente para a renda variável, como aponta Rodrigo Samaia.
“O mercado de ações teve uma boa performance, principalmente devido à expansão de múltiplos. Mas o principal driver para isso foi a queda da inflação, e não o real crescimento de receita. Enquanto a recuperação do mercado de equities foi muito mais longe do que a maioria esperava, ele começa a perder um pouco de tração e não parece fazer sentido mudar a sub alocação em renda variável. Poder ser ruim ter perdido o rali do ano, mas entrar na ‘festa’ antes de acabar pode ser pior e causar perda permanente se o investidor não tiver experiência”, diz.
“Enquanto a queda da inflação gera expectativa de flexibilização da política monetária, também traz um risco para o crescimento nominal e receita das empresas. Se a inflação cair mais rápido do que o consenso espera, principalmente para as empresas, pode ser a garantia de nenhum crescimento na receita, dado que será mais difícil subir preços neste ambiente. Isso pode estar começando a acontecer para alguns negócios, principalmente aqueles atrelados a bens de consumo”, pontua Samaia.
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Por que optar pela Renda Fixa nos EUA?
A Renda Fixa é a opção favorita dos investidores em qualquer lugar do mundo. A facilidade de entendimento sobre o investimento ajuda a explicar o sucesso que esses títulos fazem.
A Renda Fixa é uma opção altamente favorável para investidores em todo o mundo devido à sua compreensibilidade e facilidade de investimento. A lógica é simples: você adquire um título de dívida e, em troca, recebe um potencial ganho financeiro no futuro. Ou seja, é como emprestar dinheiro a uma entidade (governo, banco, empresa, etc.) e receber o valor emprestado mais um prêmio pelo tempo em que o dinheiro esteve emprestado.
Por que investir nos EUA?
O mercado financeiro dos EUA representa cerca de 55% da capitalização de mercado global, enquanto a bolsa brasileira representa apenas aproximadamente 1%. Essa discrepância torna evidente a importância de diversificar os investimentos para além das fronteiras brasileiras.
Atualmente, cerca de 92% do patrimônio dos brasileiros ainda está investido em reais, o que se deve a três fatores principais: a percepção de distância e complexidade do mercado internacional, dúvidas sobre tributação e impostos, e a crença equivocada de que investir no exterior é apenas para os mais ricos.
No entanto, investir nos EUA é altamente recomendado para todos os perfis de investidores. A diversificação regional e a exposição a fatores econômicos diferentes daqueles que influenciam a economia brasileira podem trazer benefícios significativos à carteira.
“Independentemente do que vai acontecer com o preço do dólar, ele segue muito importante para diversificação, porque todos os ativos brasileiros são correlacionados. Então, investir em dólar é essencial para diversificação da carteira e para melhorar a relação risco-retorno do portfólio”, explica Samaia.
Mas se os juros no Brasil estão mais altos, faz sentido investir nos EUA?
Embora os juros no Brasil possam estar mais altos do que nos EUA (13,75% contra 5,5%), a valorização do dólar em relação ao real torna os investimentos em dólar mais rentáveis a longo prazo. Na última década, o real se desvalorizou cerca de 90%, o que contribui para a maior rentabilidade dos investimentos em moeda estrangeira.
Além disso, os títulos do governo americano, como os Treasury Bonds, são considerados os mais seguros do mundo, oferecendo retornos atrativos e garantia de Renda Fixa. Diante disso, investidores de todo o mundo, incluindo os EUA, estão considerando a opção de investir com segurança e obter um rendimento de 5% ao ano ou arriscar-se em outros investimentos.

Renda fixa nos EUA: prefixados são os títulos mais comuns
Nos Estados Unidos, os títulos de Renda Fixa mais comuns são os prefixados. Isto quer dizer que há uma taxa pré-determinada, que vale até o fim do contrato.
Por exemplo, você adquire um título com remuneração de 7% ao ano até dezembro de 2026. Ao fim do período, você recebe o principal (o valor investido) mais o rendimento.
Os títulos americanos também costumam pagar rendimentos periódicos, geralmente semestrais – o que no Brasil acontece apenas em alguns tipos de títulos, caso dos títulos do Tesouro IPCA com juros semestrais, por exemplo.
Assim como no Brasil, a Renda Fixa nos EUA só garante a remuneração combinada se o título for mantido até o vencimento. Se você se desfazer do papel antes disso, estará sujeito à marcação a mercado – venda no mercado secundário, com valores de acordo com a demanda.
Saiba, agora, quais são os títulos de Renda Fixa nos Estados Unidos.
- Títulos do Tesouro americano (Treasury Bonds), que são considerados os mais seguros do mundo, emitidos pelo governo federal;
- Títulos corporativos (Corporate Bonds) emitidos por empresas para captar capital;
- Certificados de Depósito (CDs), equivalentes aos CDBs no Brasil, emitidos por bancos e instituições financeiras;
- Fundos de Renda Fixa e ETFs de Renda Fixa, que proporcionam diversificação instantânea em diversos títulos.