O presidente-executivo da Nvidia (NVDA; NVDC34), Jensen Huang, afirmou que a corrida global por inteligência artificial está apenas no início e que os investimentos no setor devem alcançar de US$ 3 trilhões a US$ 4 trilhões até o fim da década. A declaração veio em meio à divulgação do balanço trimestral da fabricante de chips, que superou expectativas de lucro e receita, mas provocou reação negativa inicial no mercado.
“Uma nova revolução industrial já começou. A corrida da IA começou”, disse Huang ao comentar os resultados. Segundo ele, a expansão da demanda por infraestrutura computacional será impulsionada por grandes empresas de tecnologia, proprietários de data centers e também pela China, mesmo diante das restrições comerciais.
Resultados acima do esperado, mas mercado reage
No segundo trimestre fiscal de 2026, a Nvidia reportou lucro ajustado por ação de US$ 1,05, acima da estimativa de US$ 1,01. A receita foi de US$ 46,74 bilhões, superando a projeção de US$ 46,06 bilhões e registrando alta de 56% em relação ao mesmo período do ano anterior.
O destaque foi o segmento de data centers, que somou US$ 41,1 bilhões do faturamento — também 56% acima do ano passado. Apesar do crescimento robusto, o número ficou ligeiramente abaixo da expectativa de mercado, que projetava US$ 41,3 bilhões.
Esse detalhe, somado à ausência de vendas para a China no trimestre, contribuiu para a queda das ações da empresa no after hours em Nova York, com recuo de 1,75%, cotadas a US$ 178,42.
“A primeira reação do mercado é negativa. Apesar das vendas acima do esperado, o que foi destinado para data centers ficou um pouco abaixo das projeções. Além disso, talvez o fator que mais tenha pesado é que a Nvidia não registrou nenhuma venda para a China neste trimestre”, explicou Marink Martins, analista internacional da EQI Research.
Perspectivas para o próximo trimestre
Para o terceiro trimestre fiscal, a Nvidia projeta receita de aproximadamente US$ 54 bilhões, ligeiramente acima da média das estimativas de analistas, de US$ 53,14 bilhões. A empresa prevê ainda margem bruta em torno de 73,5% e despesas operacionais de cerca de US$ 4,2 bilhões.
A companhia destacou que não contabilizou embarques do chip H20 — versão modificada do H100 para atender restrições de exportação ao mercado chinês — em sua projeção.
Confiança no futuro
Apesar da volatilidade no mercado, Huang reforçou sua visão otimista para os próximos anos. Ele estima que, em data centers que podem custar até US$ 60 bilhões, a Nvidia seja capaz de capturar aproximadamente US$ 35 bilhões.
A empresa aposta no avanço da arquitetura Blackwell, que teve crescimento sequencial de 17% com a introdução da linha Blackwell Ultra, e segue posicionada como peça central na corrida pela computação acelerada e pela inteligência artificial generativa.
Nvidia tem demanda insaciável por chips de IA, apesar de geopolítica
Para Richard Clode, gerente de portfólio da Janus Henderson, a Nvidia segue com demanda insaciável, apesar das questões geopolíticas.
“‘Acabou todo o estoque’ foi a mensagem principal da Nvidia que, geopolítica à parte, continua a detectar uma demanda insaciável por tudo o que consegue produzir, sendo a principal beneficiária dos investimentos em infraestrutura de inteligência artificial (IA) nos próximos cinco anos, estimados em US$ 3-4 trilhões”, aponta.
Segundo ele, as disputas geopolíticas entre EUA e China criam certa volatilidade no curto prazo. Mas, como atualmente não se preveem vendas do H20 para a China na orientação da Nvidia, esse risco está neutralizado e foi qualificado como uma possível fonte de US$ 2-5 bilhões adicionais caso ‘as tensões geopolíticas diminuam’.
“Com os problemas iniciais do rack Blackwell já superados e a empresa negando quaisquer atrasos no Rubin, os investidores podem esperar uma curva de inovação poderosa, que está ajudando a resolver os desafios energéticos dos datacenters de IA, além de gerar retorno sobre o investimento ao permitir que clientes entreguem IA agêntica com requisitos computacionais exponencialmente maiores, mas com muito mais eficiência energética por token.”
Principais Pontos apresentados por Jensen Huang
- Epicentro da Geopolítica: vendas do H20 para a China continuam incertas e dependem de aprovação do governo dos EUA. Estimativa de impacto entre US$ 2-5 bilhões caso haja flexibilização.
- Acelerando a IA Soberana: Nvidia projeta mais que dobrar suas vendas nesse segmento em 2026, ultrapassando US$ 20 bilhões, impulsionada pela busca de países por infraestrutura própria de IA.
- Inovação Full Stack: eficiência energética até 50 vezes maior com a combinação de software otimizado e chips Blackwell, além de crescimento acelerado no negócio de redes.
- Rubin Sem Atraso: próxima geração de arquitetura já em produção na TSMC, incluindo CPUs Vera e novos chips de rede.
- Recompra Bilionária: novo programa de recompra de ações de US$ 60 bilhões reforça a posição financeira sólida da companhia, que acumula quase US$ 50 bilhões em caixa líquido.
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