A decisão do presidente Donald Trump de aplicar uma tarifa de 50% sobre as exportações brasileiras pegou o mercado de surpresa — e não foi só pelo impacto econômico imediato. O movimento escancarou uma nova dinâmica no uso de tarifas: elas deixaram de ser ferramentas exclusivamente comerciais para se tornarem instrumentos de barganha política.
O Brasil, que já mantém um déficit comercial com os Estados Unidos, agora vê sua posição ainda mais fragilizada. Mais do que isso, esse episódio sinaliza que, para Trump, a política externa pode ser conduzida a partir de pressões comerciais dirigidas, como já vimos com a Colômbia no início do ano.
Essa postura levanta uma questão maior: Trump está mirando no comércio ou no poder? A resposta parece pender para a segunda opção. E os efeitos não se restringem às manchetes — atingem em cheio o mercado financeiro brasileiro, com queda no Ibovespa, alta do dólar e pressão sobre os juros futuros (DI). A volatilidade não é passageira.
O pano de fundo: o dólar fraco como estratégia
Quem observa esses movimentos com atenção percebe um padrão: Trump com suas tarifas e seus aliados parecem apostar no enfraquecimento do dólar. Isso não é acidental. Um dólar mais fraco favorece a reindustrialização americana, fortalece o Bitcoin (ativo querido por parte da família Trump) e agrada grandes CEOs do setor industrial listados no Dow Jones.
Há precedentes históricos que reforçam essa tese. Entre 1995 e 1997, 2002 a 2008, e de 2016 até o início da pandemia, o dólar passou por ciclos de fraqueza — períodos em que a Bolsa brasileira, aliás, performou muito bem. A estrategista Gabriela Santos, do JP Morgan, citou que de 2002 a 2008 o dólar perdeu 40% de valor. Esse enfraquecimento tende a beneficiar países emergentes e ativos de risco fora dos EUA.
O problema é que o curto prazo será turbulento. A reação do governo Lula ainda está em construção, e o mercado já começa a precificar mais tensão. O cidadão brasileiro vai sentir esse impacto na pele, com mais incerteza e volatilidade à frente.
A potência da Nvidia e o futuro da tecnologia
Mudando o foco das tarifas de Trump para o setor tecnológico, a Nvidia (NVDA; $NVDC34) atinge uma nova marca histórica: US$ 4 trilhões de valor de mercado. Para quem acompanha o mercado de tecnologia, a empresa é mais que uma fabricante de placas de vídeo. É um verdadeiro pilar da revolução digital — seja com inteligência artificial, simulações industriais ou metaverso.
Um exemplo disso é o Omniverso da Nvidia, uma plataforma que combina poder de processamento gráfico com software colaborativo de última geração. Ele permite que engenheiros de diferentes países trabalhem juntos, em tempo real, sobre projetos complexos — algo que só se tornava viável com o ecossistema de software CUDA da própria empresa.
Fundada em 1993 por Jensen Huang, a Nvidia quase quebrou nos anos 90 e enfrentou tombos históricos, como uma queda de 70% em 2008. Mas essa jornada é exatamente o que a torna tão fascinante: é uma história de resiliência, visão e execução.
Hoje, analistas como Dan Ives, da Wedbush Securities, projetam que a Nvidia possa chegar a US$ 5 trilhões. Jim Cramer, veterano de mercado, chegou a prever que a empresa pode se tornar a primeira a atingir US$ 10 trilhões. Pode parecer exagero, mas a performance recente da empresa — e seu papel em setores estratégicos — sustenta o otimismo.
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