Daniel Haddad, CIO da Avenue, e Rafael Mazzer, MD Partner do BTG Pactual, participaram do segundo painel do Invista lá Fora, evento que a EQI Investimentos promove nesta quinta-feira (6). E vão falar sobre a importância da dolarização da carteira de investimentos. Confira abaixo o que pensam os especialistas.
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Importância da dolarização da carteira de investimentos: por que investir lá fora?
A bolsa brasileira representa aproximadamente 1% da capitalização de mercado global, ao passo que o mercado dos EUA representa em torno de 55%.
Existe um slogan bastante conhecido no mercado que diz que o Brasil é “3, 2, 1”: 3% do PIB mundial, 2% do mercado de Renda Fixa global e 1% do mercado de Renda Variável mundial. Ou seja, investir apenas no Brasil é como ir a um supermercado e ficar restrito a apenas um corredor.
Restringir os investimentos apenas ao mercado brasileiro, apontam Haddad e Mazzer, é errar na diversificação e perder boas oportunidades.
Daniel Haddad lembra que o economista Harry Max Markowitz, recentemente falecido, ganhou um Nobel falando da necessidade de diversificar investimentos para potencializar ganhos e minimizar riscos.
“Diversificar é espalhar seu risco em diferentes ativos. É o Santo Graal dos investimentos. É você criar um portfólio com ativos de que comportem de maneiras não semelhantes, para que o risco da sua carteira seja menor, mantendo o nível de retorno”, explica.
Para construir uma carteira corretamente diversificada, ele diz, falta à maioria dos brasileiros o entendimento da importância de diversificar regionalmente, em outra moeda.
“O investidor brasileiro vem aprendendo a diversificar ao longo do tempo. Há 15 anos, ele só olhava para imóvel, poupança, CDB de grande banco e tinha dólar debaixo do colchão. Depois, o mercado se popularizou e ficou mais sofisticado. Mas ainda é primordialmente local. O investidor até tem diferentes ativos, de diferentes setores, mas tudo no Brasil. Quando você analisa a correlação dos ativos locais, você percebe que ela é alta. Seja renda fixa, sejam ações, sejam fundos imobiliários, eles sempre caminham de forma mais ou menos parecida. Quando você vai para outro mercado, você vê realmente o benefício da diversificação”, explica.
Um exemplo de momento em que todas as classes de ativos performaram da mesma forma no Brasil, ele cita, foi o chamado “Joesley Day”, evento político que quase culminou no impeachment de Michel Temer, no que seria a segunda destituição de um presidente no país em menos de um ano, após a queda de Dilma Rousseff. Naquela ocasião, todos os ativos caíram em bloco.
“Quando você diversifica a carteira de maneira adequada, a volatilidade dela, ou seja, a diferença entre o pico e o vale, tende a diminuir”, complementa.
Sobre a vantagem de diversificar em dólar, ele conta que sempre carrega com ele uma nota de US$ 20, cuja emissão data da década de 30. “O meu avô usou a mesma nota que eu posso usar hoje em qualquer lugar do mundo. E nesse período, quantas vezes a moeda do Brasil foi trocada? Pelo menos dez vezes”, aponta, levantando o debate sobre a desvalorização do real frente à segurança do investimento em dólar.
Como saber se o portfólio está realmente diversificado?
Rafael Mazzer destaca que o investidor brasileiro precisa despertar para a relevância de uma correta diversificação e também para a necessidade de manter a disciplina da estratégia.
“Diversificação está muito ligada à disciplina. Se você só pensar em classes de ativos, a descorrelação pode não se confirmar, especialmente durante crises. É preciso diversificar em moeda e para cada moeda de referência, você tem que fazer a diversificação do portfolio”, ensina.
“É muito importante que o investidor entenda que portfólio em real tem que ser referenciado em real. O portfólio em dólar é referenciado em dólar. Isso quer dizer que você tem que ter estratégias distintas para ganhar dinheiro em dólar e ganhar dinheiro em reais. A receita da infelicidade é querer migrar o portfólio todo para uma moeda só, tentando adivinhar os movimentos do mercado. Cada mercado tem as suas peculiaridades. E a diversificação passa por moedas e por classes de ativos, buscando descorrelacionar as classes, mas sabendo que, durante crises, em intervalos curtos, a correlação pode existir”, explica.
“Ter essa disciplina de investimento é ter honestidade intelectual de que entender que você pode estar errado algumas vezes”, ele aponta, lembrando da importância do investidor contar com assessoria especializada. “Quem investe sozinho geralmente demora mais para reconhecer o erro”, afirma.
E exemplifica o que diz com um exemplo do próprio portfólio administrado pelo BTG. Com call de manter a maior exposição em renda fixa no cenário atual, ele diz que é fundamental, ainda assim, manter certa exposição em renda variável. E que os movimentos atuais do Federal Reserve (Fed) indicando um fim de ciclo em breve, confirmam isso. “Estamos sublocados em bolsa americana, mas tivemos a disciplina de não sair totalmente da renda variável. Então, pudemos surfar boa parte dessa resiliência da bolsa”, conta.
A relevância da psicologia comportamental
Os convidados do Invista lá Fora também falam sobre psicologia comportamental e o quanto a diversificação pode contribuir para controlar a ansiedade de “sair vendendo tudo” nas horas de crise.
“A forma como a gente lida com incerteza é a mesma desde sempre. O homem da savana ouvia um barulho e saía correndo. Hoje é o mesmo. Você vê seu portfolio caindo, começa a suar, fica ansioso, coração acelera, quer vender tudo. Cabe ter uma boa assessoria para fazer uma boa alocação, adequada ao perfil de risco”, recomenda Haddad.
“Existem pesquisas nos EUA que mostram que há três formas de ganhar dinheiro com o portfólio. Com a diversificação entre as classes de ativos, com a escolha dos ativos dentro de uma classe e acertando o market timing, que é saber a hora exata de comprar ou se desfazer de um ativo. E a diversificação responde por mais de 95% dos casos. É preciso montar um quebra-cabeça da carteira junto ao seu assessor, gastar tempo para entender qual o seu perfil. O que mais a gente vê é o investidor que diz que é agressivo em um dia e conservador no outro”, complementa Mazzer.
“Lido com investidores há 20 anos, sendo grande parte formada de pessoas físicas. E a conclusão que chego é que os investimentos são racionais, mas o dinheiro é emocional. Já vi gente lidando ultra racionalmente com o caixa da empresa, e lidando ultraemocionalmente com os investimentos pessoais”, diz.
“Ao lidar com dinheiro da pessoa física, você está lidando com história. O teu trabalho, a forma pela qual você formou teu patrimônio. O papel do assessor de investimento nessa equação é quase a de um psicólogo”, compara.
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O que você vai aprender no Invista lá Fora?
Confira, abaixo a programação do evento, com os temas e convidados dos painéis.

Quem está no Invista lá Fora?
Confira, agora, a seleção de convidados palestrantes.
- João Scandiuzzi
- Pedro Falcone
- Daniel Haddad
- Rafael Mazzer
- Alejandro Schiuma
- Felipe Passaro
- Rodrigo Samaia
- Stephan Kautz
Não fique de fora!
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