Em live promovida pela EQI Investimentos, Daniel Haddad, CIO da Avenue, compartilhou sua visão sobre o cenário econômico global e as vantagens de investir no exterior para proteger e valorizar o patrimônio. Haddad fez uma análise detalhada do cenário atual e dos efeitos da pandemia na economia americana e mundial. E defendeu que a dolarização dos investimentos é fundamental para quem busca diversificação e segurança. Confira os principais insights!
Daniel Haddad: a trajetória econômica dos EUA
Haddad iniciou a análise revisitando o cenário macroeconômico dos Estados Unidos desde a pandemia, destacando como o comportamento econômico e o controle da inflação têm sido desafiadores.
“Os analistas se questionavam, até pouco tempo, se a inflação ‘estava morta’ nos EUA”, observa, citando o envelhecimento da população e os efeitos da globalização que, ao longo do tempo, reduziram o consumo e mantiveram a inflação baixa. No entanto, Haddad explica que o cenário mudou, e agora a economia global lida com uma inflação persistente e uma tendência de “reduzir a dependência da globalização”.
Para conter a inflação, o Banco Central dos EUA tem mantido taxas de juros elevadas. Esse movimento, segundo ele, visa encontrar um ponto de equilíbrio: “Se subir muito [a taxa de juros], cria recessão; se ficar baixo demais, a economia até anda, mas em um ambiente muito inflacionário”. Ele menciona que as medidas monetárias, mesmo quando implementadas de forma rápida, podem demorar de 12 a 18 meses para terem efeito completo na economia.
Haddad comentou também sobre o mercado de trabalho americano pós-pandemia, que se mostrou mais resiliente do que o esperado. Atualmente, o desemprego se mantém em torno de 4,2%, uma taxa que não sugere recessão. “O desemprego aumentou não porque as pessoas estão sendo mandadas embora, mas porque as empresas estão oferecendo menos vagas e as pessoas estão procurando mais empregos”, explica Haddad. Ele destaca que o crescimento do PIB dos EUA está saudável e que, embora a possibilidade de recessão seja monitorada, os indicadores atuais não apontam para uma crise iminente.
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Diversificação global: um seguro contra a instabilidade
A recomendação de Haddad para investir no exterior baseia-se na proteção que o dólar oferece em momentos de crise global. Ele aponta que em sete recessões anteriores, o dólar valorizou-se frente a outras moedas. “Na crise dos bancos, o dólar subiu mais de 40% frente ao real”, relembra. O motivo, segundo ele, é o chamado “fly to quality”, quando os investidores buscam ativos mais seguros para alocar seus recursos.
Para Haddad, não há dúvida de que investir fora do Brasil é uma decisão de segurança patrimonial. Ele exemplifica com uma metáfora simples: “Se eu pergunto para 10 assessores pelo mundo onde investir se eu for extremamente conservador, vão me responder: ouro e tesouro americano.” Ele explica que a moeda brasileira, ao longo da história, já passou por diversas alterações, enquanto o dólar permanece forte e valorizado. “O dólar não varia, quem varia é o real”, afirma, enfatizando a estabilidade que a moeda americana oferece.
“Eu gosto sempre de dizer que carrego uma nota de 20 dólares que foi emitida em 1934. Eu posso ir em qualquer lugar do mundo que a nota vai ser aceita. Mas você lembra qual era a moeda brasileira em 1934? Era réis. De lá para cá, foram 10 moedas diferentes no Brasil”.
A diversificação geográfica dos investimentos, segundo Haddad, também reduz o risco da alta correlação entre ativos brasileiros. “No Brasil, diferentes ativos de renda fixa e variável estão expostos a riscos muito semelhantes, resultando em alta correlação. Diversificação global é um salva-vidas”, defende.

Acesso simplificado aos investimentos internacionais
Haddad menciona o avanço da tecnologia e a facilidade atual de investir no exterior como fatores que impulsionam os brasileiros a expandirem seus horizontes financeiros. “O brasileiro se educou para a desbancarização, saindo dos grandes bancos para as corretoras. Ele está tendo a mesma evolução financeira agora, expandindo seu horizonte para além do Brasil”, destaca. Com a possibilidade de abrir contas em corretoras internacionais, como a Avenue, o investidor consegue aplicar em ativos globais com segurança e rapidez.
Para aqueles que têm dúvidas sobre a tributação nos EUA, Haddad explica que o sistema é direto e apresenta vantagens em relação ao Brasil. O IOF para envio de valores é de 0,38% para contas de investimento e 1,1% para contas correntes. A tributação de ganhos de capital é de 15% para ações, ETFs e outros ativos, enquanto os dividendos são tributados na fonte a uma alíquota de 30%. E o imposto sobre herança, de até 40%, incide apenas sobre patrimônios acima de US$ 60 mil – acima disso, a recomendação é avaliar a estruturação de uma offshore (empresa de investimento no exterior).
Para quem questiona a possibilidade de confisco de valores mantidos no exterior, Haddad tranquiliza: “Seria o equivalente ao governo fechar o escritório da Google no Brasil. A corretora é americana, regulada pela SEC. Para qualquer governo colocar a mão no dinheiro, o caso tem que ser julgado nos EUA.”
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Investir no exterior: uma proteção contra riscos locais
Haddad encerrou a live com uma reflexão sobre o risco Brasil. Ele lembra que o país, apesar dos avanços, ainda apresenta um cenário econômico volátil. “Independente de governo de esquerda ou direita, o Brasil sofre com ‘canetada de juiz’, ‘deputado recebendo polícia a bala’, ‘caminhoneiro fechando estradas’”, comentou, destacando que investir fora do país é um meio de proteger o patrimônio contra esses riscos.
Comparando a diversificação global com seguros, Haddad conclui: “Você não sai de carro sem seguro, mesmo sabendo que, provavelmente, não vá usá-lo. O teu patrimônio você demorou anos para formar e vai arriscar? Mesmo que Brasil não quebre, é urgente investir fora”, diz Daniel Haddad.