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Americanas e fundos de investimento: como o investidor pode se proteger?

Americanas e fundos de investimento: como o investidor pode se proteger?

No dia 11 de janeiro, pós-mercado, a Americanas foi a público anunciar um rombo financeiro da ordem de R$ 20 bilhões. 

Já no dia seguinte, as ações da companhia sentiram o impacto. E de lá até aqui, o tombo já é de mais de 80%.

Mas não foram apenas as ações que sentiram o baque. Também os fundos de investimento foram afetados. 

Acompanhe, a seguir, a relação entre Americanas e fundos de investimento e como estes reagiram ao caso. Saiba como se proteger de casos semelhantes e conheça uma boa opção de fundo para investir com segurança. 

Americanas: impacto geral nos fundos de investimento

A Economatica calcula que 1.056 fundos (sendo 587 de ações e 469 de debêntures) têm a Americanas na composição de suas carteiras e, logo, foram impactados pela notícia do rombo nas contas da empresa.

O fundo Colorado FIA IE é o que tem maior exposição a Americanas (99,64% do portfólio). E o que tem menos é o Bradesco FI RF Master III Previdência, com exposição de apenas 0,07%.

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Abaixo, você confere a lista dos 15 fundos mais expostos a Americanas:

  • Colorado FIA Ie, fundo de ações – 99,64% de exposição em Americanas
  • Beau Soleil FIA Ie, fundo de ações – 28,33%
  • Beta FI Mult Ie, fundo de ações – 18,42%
  • 3 FI Mult Cred Pri Ie, fundo de ações – 15,8%
  • Moat Capital B Prev Fife FIA Master, fundo de ações – 13,63%
  • Moat Capital FIA Master, fundo de ações – 13,49%
  • Sant Pb Stoic, fundo de ações – 12,81%
  • Moat Brasilprev Fife FIA, fundo de ações – 12,69%
  • Moat Santander Prev Master FIA, fundo de ações – 12,37%
  • Moat Capital Long Bias FIA, fundo de ações – 10,29%
  • Verde Am Carry Master FI Mult Cred Priv – fundo de debêntures – 9,88%
  • Rio Assets FIA, fundo de ações – 9,63%
  • Tavola Absoluto Master FI Mult, fundo de ações – 7,77%
  • Tavola Absoluto Master FIA, fundo de ações – 7,75%
  • Olian FI Mult Cred Priv Ie, fundo de debêntures – 7,37%

Fonte: Economatica

Americanas e impacto nos FIIs

Já dentre os fundos de investimento imobiliário (FIIs), oito foram afetados pelo caso Americanas, segundo a EQI Research.

Isso porque a rede varejista é locatária de galpões logísticos, shoppings, lojas de rua e escritórios que são parte do portfólio de alguns fundos.

FIIs afetados pela crise na Americanas


Sobre eles, Carolina Borges, analista de fundos imobiliários da EQI Research explica que: “À exceção do MAXR11 e do GGRC11, os FIIs possuem boa diversificação de inquilinos com possível impacto marginal na receita em caso de devolução dos imóveis”. 

Segundo ela, o investidor de fundos imobiliários está exposto ao imóvel diretamente e não ao risco de negócio que envolve a estrutura de capital da empresa.

Americanas: impacto nos fundos de renda fixa

Os fundos de investimento com exposição ao crédito privado da Americanas chamaram especial atenção do mercado, porque o maior fundo de renda fixa voltado para pessoas físicas do país foi fortemente impactado.

Trata-se do Nu Reserva Imediata, do Nubank, que conta com mais de 1,2 milhão de cotistas, e é negociado dentro da caixinha da plataforma de investimentos do banco. 

Os especialistas do mercado são unânimes em afirmar que o erro, neste caso, foi a exposição em crédito privado de um fundo que se propõe a ser reserva de emergência dos investidores. 

Isso porque o risco do crédito privado (risco de uma empresa dar um calote) é avaliado por agências de risco, mas inconsistências contábeis, como no caso da Americanas, podem prejudicar o diagnóstico e, logo, a nota dada para a companhia.  

Vale lembrar que, até dia 12, a Americanas recebia a nota mais alta das casas de análise de ratings.

Mas, então, como aumentar a segurança na escolha do fundo de renda fixa?

Para entender o grau de segurança de um fundo de renda fixa, é preciso analisar os tipos disponíveis no mercado. 

Quando o investimento do fundo é em títulos do Tesouro Direto, dizemos que o risco é soberano, pois o devedor é o próprio governo, que tem sempre a possibilidade de imprimir mais dinheiro para pagar a dívida.

Já no caso de exposição do fundo a Certificados de Depósito Bancário (CDBs), a dívida em questão é de um banco. E, neste caso, existe a proteção do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), que cobre a dívida em caso de calote, em até 250 mil reais por CPF, por instituição. 

Já com as debêntures, caso da Americanas, trata-se de um ativo de crédito privado, ou seja, que investe em títulos de renda fixa emitidos por empresas privadas. 

Neste caso, o grau de risco é medido pelo rating, ou nota de risco de crédito, conferido por casas especializadas. E aí está a grande questão: as notas ficam suscetíveis a erros contábeis. 

Para André Arantes, sócio da EQI Investimentos, as lições que devem ser tiradas do episódio Americanas são estas:

  1. Reserva de emergência é dinheiro de liquidez e deve ser investido com muita segurança. Se o fundo está rendendo muito mais que o CDI, é um grande sinalizador de que o risco não é o adequado para esse tipo de reserva.
  2. Diversificação é palavra obrigatória para todo investidor – não importa de quanto é o seu patrimônio.
  3. É preciso ter olhar aguçado para os riscos.  

“Nenhum investidor deve estar exposto a um ativo único. Há diversas variáveis que podem afetar os investimentos e diversificação é proteção. Além disso, é preciso ter uma visão de risco. Quando falamos de um fundo de renda fixa, não é que ele não tem risco. Ele tem um risco diferente. Quando se quer investir dinheiro de liquidez, é preciso optar pela maior segurança. Para isso, temos títulos do Tesouro e CDBs. Mas se quiser perseguir um possível retorno maior, com risco maior, temos as dívidas privadas”, explica.

“No entanto, é fundamental saber no que se está investindo, o que tem dentro do fundo e avaliar as variáveis que podem afetar seu desempenho, e é nessa hora que entra a figura do assessor de investimentos”, orienta. 

Ainda assim, vale investir em fundos?

Claro que vale!

No quesito diversificação, os fundos são ótimas opções. Isso porque, com eles, é possível ter acesso a diferentes investimentos. 

Os gestores dos fundos de investimentos dividem o patrimônio do fundo em uma gama de investimentos diferentes, o que melhora a segurança, seguindo a velha máxima de “não colocar todos os ovos na mesma cesta”.

A questão é tomar cuidado com a escolha do fundo. Para tanto, o investidor deve contar com assessoria profissional, com pessoal capacitado para avaliar riscos. 

Como funciona um fundo de investimento?

Didaticamente, é possível entender os fundos de investimento através do funcionamento de um condomínio de apartamentos. Nele, cada condômino é dono de uma cota (um apartamento) e paga a um terceiro para administrar e coordenar as tarefas do prédio (jardineiro, pessoal da limpeza, porteiro, manutenção de elevadores etc).

É no condomínio que são estabelecidas as regras de funcionamento (horário de funcionamento da piscina, do salão de festas, de música alta nas dependências dos apartamentos, entre outras). Essas regras são seguidas por todos os moradores.

Um Fundo de Investimentos funciona da mesma forma. Ou seja, os cotistas (os “moradores”) compram uma quantidade de cotas ao aplicar, e pagam uma taxa de administração a um terceiro (administrador e gestor) para coordenar as tarefas do fundo e gerenciar seus recursos no mercado.

Ao comprar cotas de um fundo, o cotista está aceitando suas regras de funcionamento (aplicação, resgate, horários, custos etc). Assim, ele passa a ter os mesmos direitos dos demais cotistas, independentemente da quantidade de cotas que cada um possui.

Opção de fundo de liquidez que não foi impactado pelo caso Americanas: EQI LIQUIDEZ FI RF

Uma opção de fundo de investimento com liquidez diária indicada pelos especialistas da EQI Investimentos, é o EQI Liquidez FI RF. 

O objetivo do EQI Liquidez FI RF é oferecer ao investidor um retorno similar ao CDI, através de uma carteira composta majoritariamente por título público federal pós-fixado, dívida de bancos e com altíssima liquidez. Observe que, neste caso, estamos falando de dívida do governo e não de empresa – como no caso da Americanas.

O EQI Liquidez FI RF é aberto a investidores em geral e tem aporte mínimo de R$ 100. 

Retrospectiva: tudo sobre o caso Americanas

Dia 11 de janeiro, o então CEO da Americanas Sergio Rial renunciou ao cargo, alertando que havia identificado um rombo de R$ 20 bilhões nos balanços financeiros da empresa. 

Análise posterior, no entanto, revelou que a dívida total ultrapassa os R$ 40 bilhões. 

Isso se deu devido ao uso indevido de um instrumento chamado “risco sacado” na contabilidade da empresa. O risco sacado nada mais é do que uma dívida a ser paga pela empresa a um fornecedor, mas que acaba sendo financiada por uma instituição financeira. Tal instituição é a detentora do risco de crédito, neste caso, o risco Americanas. 

Entretanto, a triangulação com os bancos não foram devidamente dimensionados e apontados nos balanços, o que gerou o rombo. 

A empresa acaba de entrar com pedido de recuperação judicial, em que alega dívidas declaradas de R$ 43 bilhões com mais de 16 mil credores. 

É o quarto maior pedido de recuperação judicial do país, atrás de Odebretch – atual Novonor – (R$ 80 bilhões), Oi (OIBR3) (R$ 65 bilhões) e Samarco (R$ 55 bilhões).

Cronologia da crise da Americanas

Entenda melhor a sequência de episódios que levaram a Americanas a chegar até o pedido de recuperação judicial:

  • 11 de janeiro: após fim do pregão, companhia divulga fato relevante informando ter detectado inconsistências de R$ 20 bilhões e renúncia do então CEO, Sérgio Rial;
  • 12 de janeiro: em um primeiro momento, credores concordaram em rolar dívida; em primeiro pregão após fato do dia 11, ação tem queda de 76%; e grupo de investidores estuda medida para proteger acionistas minoritários;
  • 13 de janeiro: CVM abre processos para investigar inconsistências; auditoria da PwC é supostamente colocada sob dúvida; empresa reconhece dívida de R$ 40 bilhões e recuperação judicial começa a ser considerada; empresa entra com tutela de urgência para impedir vencimento antecipado de dívidas;
  • 16 de janeiro: BTG vai à justiça para bloquear R$ 1,2 bi da Americanas (AMER3); João Duarte Guerra é nomeado novo CEO;
  • 17 de janeiro: juros remuneratórios de debêntures não são pagos a investidores; empresa contrata CFO Camille Faria, especialista em atuar em recuperação judicial; empresa sofre rebaixamento de ratings;
  • 18 de janeiro: CVM estuda punição individual a envolvidos;
  • 19 de janeiro: Bradesco (BBDC4) e Itaú-Unibanco (ITUB4) pedem que companhia precise de autorização judicial para realizar saques; Americanas (AMER3) entra com pedido oficial de recuperação judicial reconhecendo dívidas de R$ 40 bilhões.

Quer saber mais sobre Americanas e fundos de investimento? Fale com a EQI!