Já parou para pensar como os padrões comportamentais impactam as decisões financeiras? Dinheiro não é razão como muitos pensam. Dinheiro é puramente emoção. Emoção ao receber, emoção ao poupar ou investir, emoção em comprar para suprir um desejo. A ausência do dinheiro, o excesso de dívidas, um negócio que pode ser fechado ou não… poder, contribuir, ajudar, acolher, satisfazer, entre outros diversos “eventos”.
Temos uma lista infinita de emoções positivas ou negativas relacionadas ao dinheiro, mas não se pode negar que uma decisão está diretamente relacionada ao “não vou comprar isso, vou guardar e deixar para comprar aquilo daqui uns anos”. Existe sim uma gestão emocional aqui.
Padrões comportamentais e decisões financeiras: controlando as emoções
Vejam, de nada adianta você ter muito dinheiro se você não for capaz de controlar suas emoções financeiras. Se você fizer uma breve pesquisa no seu próprio círculo social, você pode encontrar pessoas que tiveram, repito TIVERAM muito dinheiro, que vieram de família rica ou que herdaram, e hoje não têm mais nada. Assim como pessoas que saíram do NADA, com pouquíssima formação técnica, mas com a inteligência emocional financeira em dia, mantendo sua vida simples e um portfólio financeiro impecável em franca expansão. Sublime!
Porém, não se trata de uma educação financeira diretamente, até porque a educação financeira sem o preparo comportamental adequado possui uma tendência de o dinheiro não parar em casa mesmo.
“Eu sou muito bom em gerir o dinheiro…. dos outros. O meu eu não consigo”, alguns dizem.
A grande questão é o que está enraizado na sua mente. A forma que você se comporta hoje está diretamente relacionado à forma com o que a sua mente foi formada. Mas isso é um assunto ainda mais técnico que envolve inclusive técnicas de psicanálise para buscar a raiz de tal comportamento e só depois construir um novo padrão de resultados. É um processo impossível de ser relatado em algumas linhas.
Mas, para trazer uma ideia comportamental mais sólida, trago aqui as principais observações que embasam o viés financeiro do ser humano, determinantes para o entendimento de causa e efeito prévio nas decisões financeiras.
- Leia também: Vieses comportamentais e investimentos – o quanto o psicológico está afetando os seus resultados?
- Aprenda a blindar emoções na operação em renda variável
Aversão à perda
A dor de perder é, em geral, mais intensa do que o prazer de ganhar, levando as pessoas a tomarem decisões arriscadas para evitar perdas. O clássico das antigas gerações. Não interessa a oportunidade que você está me trazendo, ao menor sinal de risco de perda que eu perceber, eu não faço negócio com você.
O mercado de investimentos é altamente impactado por esse viés. Por não conhecer um mínimo do assunto, eles também não conseguem confiar nos assessores de investimento e a primeiríssima pergunta que fazem é: “ah, mas é sem risco né?”. É preciso conhecer um pouco, mas também é preciso disposição dos profissionais do mercado em explicar a questão do maior risco, menor risco e educar o futuro investidor, tecnicamente falando. É um cenário que vem mudando a cada dia, com resultados absolutamente satisfatórios.
Efeito dotação
Tendemos a atribuir um valor maior aos bens que possuímos, mesmo que objetivamente não valham mais do que quando os adquirimos. Se é meu, vale mil, se é seu, vale 200. O meu é sempre melhor que o seu. Não importa o que você faça ou diga.
Isso faz muitas pessoas perderem bons negócios ou simplesmente empacar numa negociação porque até hoje, não apareceu ninguém para pagar os milhões que o indivíduo acha que o seu produto vale. Ele também não compra porque até hoje não apareceu ninguém que aceite vender o bem a um valor irrisório na concepção dele.
Ancoragem
A primeira informação que recebemos sobre um determinado assunto serve como âncora para nossas decisões subsequentes, mesmo que essa informação não seja relevante. Aquela informação é o ponto de partida para tudo, mesmo que certa, errada, nova ou antiga. Não interessa, é a partir dali que eu vou me decidir. É a famosa teimosia.
A pessoa sabe que aquilo não é bom, mas se apega a essa ancoragem como um talismã e ninguém consegue fazê-la mudar de ideia.
Disponibilidade
Julgamos a probabilidade de um evento com base na facilidade com que conseguimos lembrar de exemplos. Veja bem: você resolve se aventurar no mercado de ações e decide comprar Petrobrás PN (PETR4). Legal, você nunca se arriscou, mas lê notícias e acredita que isso já é mais do que suficiente para tomar uma decisão.
Oras, o gráfico está aí, o papel está abaixo do preço da semana passada. Perfeito, se está abaixo, vai subir, vou comprar. Mesmo que um analista explique que o papel ainda pode cair mais nas próximas semanas ou anos, você não está muito disposto a procurar entender esses avisos. Você decide pela sua visão do gráfico, mais imediata e disponível e pronto, não interesse o resto ou quem fala o contrário. Olhe que perigo!
Otimismo excessivo
Acontece quando temos a crença de que eventos positivos têm mais chances de acontecer conosco do que com outras pessoas. Sabe aqueles joguinhos de cassino? Pois é, o pessoal joga, joga, joga, perde dinheiro. Mas você acredita que a sorte está ao seu lado e por mais que você jogue, jogue e perca, sua crença é única: a próxima vai dar certo!
A mesma coisa acontece com a compra de uma ação que não para de cair. Os analistas avisam, informam e mesmo assim você compra o papel, com aquele otimismo desenfreado, independente de análises, estudos e projeções, crente de que, assim que você efetivar a compra do papel, o preço vai subir sem parar. Conte-me se subir, porque eu acho que não vai não!
Status quo
Esta se refere à preferência por manter as coisas como estão, mesmo que existam opções mais vantajosas.
Quando isso começar a acontecer, você está se permitindo ser passado para trás. “Não me interessa se a economia está pagando juros altos na renda fixa ou se meus investimentos estão rendendo menos do que a inflação. Deixe como está, eu só vejo meu dinheiro render, por mínimo que seja, e está bom assim”, alguns dizem.
Mas grandes oportunidades são perdidas com este comportamento. Não é incomum uma quantidade absurda de pessoas com dinheiro parado na caderneta de poupança em pleno 2024. Mas, é um cenário que está caminhando para a mudança.
Por Rogério Favalli, assessor de investimentos da EQI
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