O anúncio do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central nesta quarta-feira (31), de corte de 50 pontos-base na taxa básica de juros, a Selic, era amplamente esperado pelo mercado financeiro. A redução de 11,75% para 11,25%, no entanto, levanta questionamentos sobre as estratégias de investimento em um cenário de taxas mais baixas, e como investir com a Selic a 11,25%.
Nesse contexto, investidores estão naturalmente se perguntando como otimizar seus portfólios diante dessa nova realidade econômica e impactos sobre os produtos econômicos. Acompanhe e saiba mais!

Como investir com a Selic a 11,25% ao ano: prefixados seguem atraentes
Mais uma vez, o corte de juros em 0,5 ponto percentual (p.p.) já estava precificado desde a última reunião de política monetária, o que sinalizou ao investidor a continuidade de um cenário em que a estratégia de alocação segue prioritariamente na Renda Fixa — com rentabilidade ainda alta, uma vez que a Selic segue nos dois dígitos.
Luís Moran, head da EQI Research, avalia que os juros devem encerrar 2024 no patamar entre 9% e 9,5% ao ano. Segundo o especialista, o impacto é direto sobre o CDI, uma vez que corrige boa parte dos investimentos pós-fixados, como é o caso dos CDBs, e tendem a remunerar cada vez menos.
“Uma parte considerável do mercado está aplicada ao CDI – conforme ele cai, essas aplicações rendem cada vez menos. Isso não significa que você deve começar a sacar as aplicações imediatamente, mas que é preciso reavaliar sua carteira e sempre fazer a conta que insistimos bastante: você investe para realizar algo em um certo prazo. Quanto você precisa ter neste prazo para concluir este objetivo?“, pontua Moran.
Para os prefixados, cada vez que os juros são cortados, há valorização. Isso porque a taxa já está determinada no investimento, e eles ficam relativamente mais atraentes no mercado, diz Moran. “Quem tem esses investimentos na carteira observa esse movimento na marcação a mercado“, relembra.
Por fim, muito provavelmente os investimentos envolvendo maiores riscos passarão a ficar mais atraentes para algumas pessoas, que vão buscar maiores rentabilidades, com os juros caindo cada vez mais.
Como investir com a Selic a 11,25%: FIIs e os impactos de juros mais baixos
Carolina Borges, analista de Fundos Imobiliários da EQI Research, diz que o novo corte da Selic desta quarta-feira (31), que leva os juros para o menor patamar desde março de 2021, já estava precificado — assim como a projeção da taxa para o final do ano começa se firmar.
“Seguimos confiantes na melhora operacional dos FIIs, com o mercado projetando uma taxa Selic de 9% ao ano no final de 2024, e, portanto, isso se precificado nos juros longos. O cupom de juros da NTN-B 2035 permaneceu estável ao longo de janeiro, em 5,5%, o que refletiu também a baixa volatilidade dos FIIs neste começo de ano“, afirmou.
Agora, com os juros mais baixos novamente, há dois impactos imediatos nos FIIs, de diferentes perspectivas:
- redução da distribuição nominal dos fundos imobiliários de papel indexados diretamente ao CDI;
- as despesas financeiras dos FIIs com alavancagem indexada ao CDI diminuem com os juros mais baixos.
Segundo Carolina, as recomendações da casa continuam para FIIs de papel middle risk, com prêmio de remuneração para o risco que assumem no crédito. Além disso, setores de tijolo com demanda elevada e estável ficam no foco, como shopping centers, galpões logísticos próximos a grandes centros, e lajes corporativas em localizações premium.
Dolarizar patrimônio é fundamental
Uma estratégia que não pode faltar na carteira dos investidores, alerta Denys Wiese, estrategista da EQI Investimentos, é a internacionalização dos investimentos.
“É importante dolarizar a carteira pela descorrelação com o mercado brasileiro. Isso traz uma correta diversificação e eficiência ao portfólio”, indica.
A bolsa brasileira representa aproximadamente 1% da capitalização de mercado global, ao passo que o mercado dos EUA representa em torno de 55%.
Existe um slogan no mercado que diz que o Brasil é “3, 2, 1”: 3% do PIB mundial, 2% do mercado de Renda Fixa global e 1% do mercado de Renda Variável mundial. Ou seja, investir apenas no Brasil é como ir a um supermercado e ficar restrito a apenas um corredor.
Tendo parte do patrimônio investida no exterior, em outras moedas que não o Real, exposto à outros fatores que não aqueles que influenciam a economia brasileira, o investidor consegue a diversificação ótima da sua carteira e mantém o poder de compra internacional.
A recomendação dos especialistas é que todo investidor tenha de 5% a 30% de seu patrimônio investido no exterior para uma alocação correta e diversificada regionalmente.
No atual cenário de juros nos Estados Unidos, a Renda Fixa americana desponta como principal destino de investimentos de brasileiros no exterior, mas há também oportunidades na Renda Variável, desde que a exposição seja feita de maneira conservadora.
Selic: como ela impacta a sua vida?
A taxa Selic é a taxa básica de juros da economia brasileira. Ela é definida pelo Comitê de Política Monetária (Copom), a cada 45 dias, e serve de referência para todo o mercado financeiro.
A taxa Selic é utilizada como instrumento de controle da inflação e também como referência para diversas operações financeiras no país. Assim, ela é um indicador-chave que afeta as decisões de investimento, sendo particularmente relevante na escolha de ativos em uma carteira de investimentos.
Quando a taxa Selic está em alta, isto é, em um cenário de juros elevados, os investidores têm maior incentivo para alocar seus recursos em ativos de Renda Fixa. Isso ocorre porque esses ativos costumam oferecer rendimentos mais atrativos em momentos de taxas de juros elevadas. Títulos públicos, CDBs, LCIs e outros instrumentos de renda fixa se tornam opções mais interessantes, proporcionando retornos competitivos em relação ao custo de oportunidade associado ao rendimento básico da economia.
Por outro lado, em períodos de queda da taxa Selic, os investidores podem buscar alternativas mais rentáveis para maximizar seus ganhos. Nesse contexto, ativos de Renda Variável, como Ações e Fundos Imobiliários, tornam-se mais atrativos, uma vez que o custo de oportunidade para investir nesses instrumentos diminui. Ações de empresas com bom desempenho e potencial de valorização passam a ser consideradas como parte integrante de uma carteira diversificada.
Além disso, a taxa Selic influencia diretamente o custo do crédito no país. Em momentos de juros mais baixos, as condições de financiamento tendem a se tornar mais favoráveis, impactando setores como o imobiliário e o empresarial. Investidores podem, então, considerar alocações em setores específicos que se beneficiam desse ambiente econômico.
É fundamental que os investidores compreendam o papel da taxa Selic e monitorem seu comportamento para tomar decisões informadas sobre suas carteiras de investimentos. O cenário macroeconômico, as expectativas de inflação e as projeções para a taxa de juros são variáveis que devem ser cuidadosamente consideradas ao definir estratégias de investimento.
A compreensão do ciclo econômico e a adaptação da carteira às condições do mercado são aspectos essenciais para otimizar os resultados dos investimentos em um ambiente dinâmico e sujeito a mudanças.
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