Nesta super quarta em que EUA e Brasil decidiram a taxa de juros da economia, o saldo final confirmou a nona alta consecutiva nos juros americanos e a manutenção da Selic, pela quinta vez consecutiva, em 13,75%.
Ambas as movimentações não surpreenderam o mercado, embora a pressão para a queda de juros tenha ganhado força, aqui e lá fora, nas últimas semanas.
Agora, é hora do investidor saber como investir com a manutenção da Selic nesse patamar ainda elevado.
Com esse objetivo, ouvimos o estrategista da EQI Investimentos, Denys Wiese, o analista de Fundos Imobiliários da Monett, Felipe Paletta, e Carol Borges, analista de Fundos Imobiliários da EQI Research.
Eles analisaram o cenário econômico e os rendimentos para CBD, CRA, Bonds, Debêntures, Poupança e Fundos Imobiliários.
Veja os cálculos e entenda quais aplicações são vantajosas para o momento!
Pressão mundial para redução dos juros
Sobre a decisão do Copom desta quarta-feira, o estrategista da EQI Investimentos, Denys Wiese, analisa o contexto em que se deu a manutenção da taxa dos juros em 13,75%.
De acordo com ele, é fato que a pressão para a redução dos juros está cada vez maior, tanto nos Estados Unidos, quanto aqui no Brasil.
“Nos Estados Unidos, depois dos problemas bancários que eles tiveram, o Fed reagiu muito fortemente na semana passada, injetando liquidez no sistema e isso fez com que os juros futuros caíssem lá. E aqui no Brasil, o mercado reagiu da mesma forma nesse mês de março”, aponta.
Pós-fixados ainda são as melhores opções
Apesar de mais uma elevação nos juros nos EUA, mas diante da pressão mundial para o fim do aperto monetário por lá, Wiese vislumbra que a janela de oportunidade do juro em 13,75% aqui no Brasil está ficando cada vez menor.
No entanto, no curto prazo, os ativos pós-fixados ainda são as melhores opções. “No prazo de um ano, possivelmente, os pós-fixados são os que mais vão render”, comenta.
E, mediante a perspectiva de início da queda de juros à frente, o estrategista lembra que é preciso começar a olhar para o prefixado e para o IPCA+ e ver se as proporções na carteira de investimentos estão corretas.
“Se o juro vai estar menor daqui a um ano ou dois, o investidor tem que comprar agora bons pré-fixados e IPCA+”, analisa.
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Cautela na Renda Variável
Quanto à Renda Variável, investimentos em Fundos Imobiliários e Ações ainda aguardam uma redução da taxa de juros para uma reação, conforme ressalta Wiese.
“É bom continuarmos conservadores e fazermos posições mais fortes nesses mercados quando o juro, de fato, começar a cair. Isto é, quando o ciclo econômico virar, o que ainda não aconteceu”.
Para ele, outro fator para ficar no radar dos investidores é a reação das criptomoedas que aconteceu nos últimos dias, diante do receio no setor bancário pós-quebra do Silicon Valley Bank e do Signature Bank.
“As criptomoedas estavam muito relacionadas ao juro americano, mas agora deram uma descolada e elas subiram com esse temor da crise bancária. Se vão continuar subindo, a gente não sabe, mas é bom manter no radar”, avalia.
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Como investir com a manutenção da Selic: ativos mais rentáveis
Com a taxa Selic mantida a 13,75%, é preciso saber quais são as aplicações mais vantajosas para o momento.
O estrategista da EQI Investimentos analisou os rendimentos para Certificado de Depósito Bancário (CDB), Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA), títulos de empresas no exterior Bonds, Debêntures e Poupança.
Veja agora uma simulação para esses investimentos, considerando um investimento inicial de R$ 50 mil, com aportes de R$ 1.500 mensais, no período de 36 meses.
CDB
Com a manutenção da Selic em 13,75%, quem aplicar em um CDB de 120% do CDI, a uma taxa anual de 15,18%, e mensal de 1,18%, terá um rendimento de 37,75%, somando R$ 39.258,47. Ao fim dos 36 meses, o total, somado ao valor investido, será de R$ 143.258,47.
CDB prefixado
Um CDB pré-fixado com taxa anual de 14,70% e mensal de 1,15%, renderá 36,42%, representando R$ 37.872,46. Em 36 meses, o montante será de R$ 141.872,46.
CRA
O investidor em um CRA CDI + 4% a.a., a uma taxa anual de 16,92% e mensal a 1,31%, vai obter um rendimento de 42,66% em 36 meses, acumulando R$ 44.365,57. No final, a soma será de R$ 148.365,57.
Bonds
Já um Bond prefixado 15,5% a.a., com uma taxa mensal de 1,21%, renderá no período de 36 meses 38,64%, um ganho de R$ 40.187,94 para o investidor e um total de R$ 144.187,94.
Debênture
Uma Debênture IPCA+8% a.a., a uma taxa anual de 14,50% e mensal de 1,13%, terá rendimentos de 35,86% em 36 meses, um total de R$ 37.297,86. No final, a soma do investimento será de R$ 141.297,86.
Poupança
A Poupança permanece sendo o pior investimento para quem quer buscar os melhores investimentos com a manutenção da Selic.
Considerando uma taxa anual de 7,98% e mensal de 0,64%, o rendimento em 36 meses será de apenas 18,67%, ou R$ 19.419,80. No final, o poupador terá R$ 123.419,80.
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Como investir em FIIs com a manutenção da Selic
Para Felipe Paletta, essa foi uma Super Quarta mais do que especial, em razão do cenário pós-Silicon Valley Bank.
Isso porque, segundo ele, reflete toda a incerteza em relação ao pano de fundo no sistema bancário norte-americano e que poderia desencadear, eventualmente, uma nova crise financeira. Além do quanto essa nova subida de juros nos Estados Unidos pode acelerar esse processo por lá.
Diante disso, Paletta considera importante observar as reações da bolsa aqui e lá fora, uma vez que o mercado aguarda uma sinalização clara do Fed quanto ao futuro da trajetória dos juros daqui para frente.
“Desde o ocorrido com o Silicon Valley Bank as apostas de uma eventual queda de juros em 2023 começaram a aumentar. A expectativa dos investidores é de que, diante do que ocorreu, uma subida de juros pode vir a ser prejudicial”, reitera.
Para ele, a situação aqui no Brasil vai na mesma direção, aguardando o Banco Central dar sinais sobre as futuras movimentações.
Conforme Paletta aponta, a sinalização da leitura do Fed em relação à inflação e desemprego é favorável para a manutenção da trajetória de subida de juros para o patamar de 5% a.a., o que afeta os investidores.
Cenário lá fora pode ampliar risco Brasil
O especialista aponta ainda que o risco Brasil pode ser ampliado conforme a movimentação futura do BC americano.
“A gente pode ver a Bolsa lá fora para baixo e, ainda que aqui a comunicação seja positiva, isso vai se sobrepor à comunicação do Banco Central aqui no Brasil, o que pode fazer com que a bolsa aqui no Brasil caia também”.
Sinalização do BC brasileiro é o que mais importa no momento
No pós-decisão sobre os juros, se a comunicação da ata do Copom, que sai dia 28, for no sentido oposto, apontando para uma flexibilização da taxa de juros, as expectativas podem impulsionar positivamente o mercado.
“Se, eventualmente, o banco do Banco Central puder reduzir a taxa de juros ainda em 2023 e, nos Estados Unidos, o Fed decida por uma manutenção da taxa de juros, sinalizando que ela pode cair em algum momento até 2024, isso muda tudo”, complementa.
Manutenção da Selic: como ficam os Fundos Imobiliários no Brasil
Felipe Paletta reforça ainda que as sinalizações dos BCs aqui e lá fora afetam o mercado dos Fundos Imobiliários em razão da taxa de juros ser um motor principal de movimentação do preço em Bolsa das cotas.
“Se, eventualmente, a gente continuar caminhando no cenário de taxa de juros mais elevadas no mundo todo, com uma apreensão mais simbólica no mercado, isso pode fazer com que as cotas caiam ou pelo menos não subam e não reajam a esse movimento de depreciação que já vem acontecendo há mais de seis meses”, analisa.
Selic em queda: otimismo não está descartado
Na visão de Paletta, um cenário em que haja uma sinalização mais otimista para a redução da taxa de juros pelo Banco Central brasileiro, será possível ver já nas próximas semanas uma recuperação significativa das cotas dos Fundos Imobiliários.
Como investir em FIIs com a manutenção da Selic: setores
No curto prazo, Paletta reforça que os Fundos de Papel têm desempenhado com um prêmio melhor, no sentido da absorção de uma aceleração de juros lá fora ou um repique de inflação aqui no Brasil.
Já os setores de Escritórios Corporativos, inclusive de Galpões Logísticos, por conta de uma desaceleração do e-commerce, tendem, no curto prazo, a performar pior.
No sentido oposto do atual contexto macroeconômico, de acordo com o especialista, os Fundos de Tijolo podem voltar a performar melhor que os Fundos de Papel.
“Essa tendência tinha começado a acontecer no começo de 2023, mas foi interrompida, principalmente, pelo que aconteceu nos Estados Unidos”, finaliza.
Manutenção da Selic em 13,75%: Fundos Imobiliários não devem reagir agora
Conforme reforça Carol Borges, analista de Fundos Imobiliários da EQI Research, a manutenção da Selic em 13,75% já era esperada pelo mercado, o que não gera impactos imediatos na classe de ativos.
FIIs aguardam sinalização de queda de juros
Para ela, a reação mais forte virá somente quanto às expectativas de queda dos juros no futuro, o que irá fazer com que o mercado, de modo geral, tenha uma apreciação de valor.
Carteira defensiva é boa estratégia para os Fundos Imobiliários
Nesse sentido, a especialista comenta que a EQI Research continua com a alocação de uma carteira de Fundos Imobiliários mais defensiva.
Enquanto o mercado aguarda a sinalização do início da queda da Selic, Carol recomenda aos investidores evitar movimentos mais agressivos.
“Não é hora de fazer movimentos bruscos, porque não temos tanta previsibilidade assim sobre os próximos passos na condução da política monetária. Talvez, uma queda possa acontecer no segundo semestre”, aponta.
Período favorece a composição de patrimônio
A manutenção da Selic é um período que pode ser uma excelente janela para aquisição e composição de patrimônio.
“Reiterando a decisão de hoje, principalmente, por ela ter sido uma decisão já esperada pelo mercado, não deveremos ter tantas oscilações ou tanto reflexo assim no mercado FIIs”.
Preferência pelos Fundos de Papel high grade
Por fim, ela ressalta a importância dos Fundos de Papel nesse cenário de juros ainda altos. “Estamos preferindo Fundos de Papel high grade e middle. Nos Fundos de Tijolo foram mantidas as exposições táticas, considerando aqueles com uma qualidade construtiva importante dentro de seus segmentos, com localizações privilegiadas, que possuem uma boa importância para todos os seus inquilinos”, comenta Carol.
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