O Silicon Valley Bank, banco norte-americano voltado a clientes do mercado tech da região do Vale do Silício, na Califórnia, fechou as portas na última sexta-feira (10), após intervenção dos agentes reguladores, que anunciaram neste domingo (12) a garantia de todos os depósitos feitos no banco.
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O texto foi divulgado pelo Fed, o banco central do país, e assinado também pelo Tesouro e pelo FIDC, o Federal Deposit Insurance Corporation, equivalente ao Fundo Garantidor de Créditos no Brasil. A decisão foi tomada, segundo as entidades, para “manter a sustentabilidade do sistema bancário e a confiança no crescimento econômico”.
“Os depositantes terão acesso a todo o seu dinheiro a partir de segunda-feira, 13 de março. Nenhuma perda associada à insolvência do Silicon Valley Bank será assumida pelo contribuinte”, diz o texto. A decisão conjunta vale também para os clientes do Signature Bank, outro banco de médio porte, este em Nova York, que teve sua liquidação decretada por autoridades locais no domingo
“A rápida resposta da autoridade monetária é de extrema importância para evitarmos o contágio sem volta para outros bancos, especialmente os de alcance regional”, afirmou o CEO de EQI Asset, Ettore Marchetti.
Ele acredita que a hipersegmentação do banco, pouco voltado para o varejo e mais para o financiamento de startups, acabou provocando uma concentração excessiva de depósitos. O banco também acabou lastreando suas aplicações prioritariamente em títulos públicos de longo prazo e acabou sem liquidez, tendo que se desfazer dos papéis antes do prazo e amargando um forte prejuízo.
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Silicon Valley Bank: risco de contágio?
Analistas de todo o mundo apontam que a rápida resposta das autoridades norte-americanas foi uma boa resposta para a crise, mas a quebra tão rápida do Silicon Valley Bank acende um sinal amarelo para o setor.
Afinal, o fantasma da crise de 2008, impulsionada pela quebra do Lehman Brothers, ainda assusta o mercado. Marchetti, porém, ressalta que o cenário hoje é outro, com uma legislação bem mais restrita.
“Não vejo nenhuma semelhança com aquele evento, pois naquele episódio o contágio dos derivativos fazia os grandes bancos terem vasos comunicantes e a quebra de um dos grandes poderia ser a quebra do sistema todo.
Já o cenário de venture capital, ele avalia, vai se tornar ainda mais restrito. “Muitas empresas ficarão pelo caminho, e os investidores e fundos passarão a ser bem mais criteriosos com a geração de caixa das teses de tecnologia e a governança das empresas”, aponta Ettore Marchetti. “O juro no mundo subiu, a maré baixou e começamos a ver as primeiras vítimas. Com certeza veremos outras e por isso teremos que trabalhar com cautela redobrada”, diz.
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Silicon Valley Bank: impacto na política monetária
O CEO da EQI Asset, contudo, projeta que o ciclo de alta de juros promovido pelo Fed pode ser abalado pela crise. O Fomc, comitê de política monetária do banco, se reúne na próxima semana, e um aumento na taxa, hoje entre 4,5% e 4,75% ao ano, é visto como certo, entre 25 pontos-base e 50 pontos-base – após declarações do presidente do Fed, Jerome Powell, no Congresso.
“É um elemento a mais para se analisar. Os dados de emprego e inflação vinham apontando um juro terminal mais alto, talvez até de 6,5%. Agora, acredito que o comitê será mais cauteloso nos próximos passos que ainda precisam ser dados”, disse Marchetti. A inflação, por exemplo, ainda segue próxima aos 6% ao ano, longe da meta de 2%, e com a atividade econômica ainda em forte movimentação.
Ele acredita que o Fed pode até mesmo interromper o ciclo altista como medida para evitar que o impacto da crise possa alimentar o risco de recessão. “O equilíbrio agora ficou mais instável”, projeta.
No Brasil, porém, ele projeta que o impacto a princípio será pequeno. “Alguns boatos sobre relação com bancos digitais brasileiros parecem não fazer sentido. Não temos um banco com as mesmas características no Brasil, são todas operações de varejo e a regulação do Banco Central é extremamente séria e conservadora”, explicou Marchetti. Ele diz ainda que a EQI Asset não tem posicionamento representativo junto ao Silicon Valley Bank.
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