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Trump ameaça parceiros da Rússia caso guerra na Ucrânia não termine; Brasil pode ser impactado

Trump ameaça parceiros da Rússia caso guerra na Ucrânia não termine; Brasil pode ser impactado

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta segunda-feira (14) que poderá impor tarifas secundárias de até 100% aos países que continuam a fazer comércio com a Rússia, caso o presidente Vladimir Putin não concorde com um acordo de paz para encerrar a guerra na Ucrânia em um prazo de 50 dias, ou seja, até setembro. E essa nova ameaça pode atingir o Brasil, entre outros parceiros comerciais dos russos.

“Estamos muito, muito insatisfeitos com eles e vamos aplicar tarifas muito severas, se não houver um acordo em 50 dias — tarifas de cerca de 100%, que eles chamam de tarifas secundárias”, declarou Trump em pronunciamento na Casa Branca, durante uma reunião com o secretário-geral da OTAN – Organização do Tratado do Atlântico Norte, Mark Rutte.

Trump também demonstrou frustração com o presidente russo e disse estar “decepcionado” com a falta de avanços diplomáticos. “Achei que já teríamos chegado a um acordo meses atrás. Então, com base nisso, vamos aplicar tarifas secundárias”, afirmou.

Guerra na Ucrânia: Brasil pode ser atingido por tarifas secundárias

As chamadas tarifas secundárias consistem em sanções econômicas indiretas, aplicadas não diretamente à Rússia, mas a países e entidades que seguem comprando produtos russos — em especial combustíveis fósseis. A medida pode atingir em cheio nações como China, Índia, Brasil e Turquia, que mantêm uma parceria com o governo do Moscou em diversas áreas.

A ameaça reforça a postura endurecida de Trump frente ao conflito e insinua um possível endurecimento das relações comerciais globais caso ele retorne à presidência. Embora essa não seja a primeira vez que Trump menciona tarifas secundárias como ferramenta de pressão, o anúncio desta segunda-feira traz pela primeira vez um prazo concreto, elevando a tensão diplomática em torno da guerra na Ucrânia.

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Em março, Trump já havia alertado que, se não houvesse um acordo de paz e se considerasse a responsabilidade pela continuidade do conflito como da Rússia, imporia tarifas sobre todo o petróleo exportado por Moscou.

Entenda a parceria entre Brasil e Rússia

As relações bilaterais entre Brasil e Rússia têm se aprofundado ao longo das últimas três décadas, marcadas por uma trajetória de diálogo político contínuo e expansão da cooperação em diversas frentes. Desde 1994, os dois países mantêm um relacionamento caracterizado por contatos dinâmicos em todos os níveis governamentais.

Um marco importante dessa relação ocorreu em 1997, com a criação da Comissão Russo-Brasileira de Alto Nível de Cooperação, coordenada pelo chefe de governo russo e o vice-presidente do Brasil. Em 2000, foi assinado o Acordo Básico sobre as Relações de Parceria, estabelecendo as bases para uma cooperação estratégica.

A visita do presidente russo Vladimir Putin ao Brasil, em novembro de 2004 — a primeira de um chefe de Estado russo ao país —, foi seguida por uma visita de reciprocidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, então em seu primeiro mandato, a Moscou, em 2005. Na ocasião, foi firmado o “Plano de Ação da Parceria Estratégica”, consolidando o compromisso bilateral de longo prazo.

Em 2008, ao celebrarem os 180 anos do estabelecimento das relações diplomáticas, os dois países firmaram um acordo de isenção de vistos para viagens de curta duração, facilitando o fluxo de pessoas e ampliando os laços sociais e culturais.

O diálogo de alto nível continuou nos anos seguintes. Em 2017, o presidente Michel Temer esteve em Moscou, ocasião em que foram assinados diversos instrumentos de cooperação. Entre eles, destacam-se a Declaração Conjunta sobre Diálogo Estratégico em Política Externa, planos de consultas diplomáticas para o período 2018–2021 e memorandos de entendimento nas áreas de economia, investimentos, comércio exterior e fiscalização aduaneira.

Nos últimos anos, a parceria entre Brasil e Rússia tornou-se ainda mais abrangente, incluindo colaboração em setores como energia, defesa, ciência e tecnologia, agricultura, cultura, educação e esportes. De acordo com o chanceler russo Sergey Lavrov, a aliança entre os dois países em fóruns multilaterais como ONU, BRICS, G20 e OMC contribui de forma significativa para a estabilidade global.

Ampliação da cooperação

Em março, a ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação do Brasil, Luciana Santos, participou de uma reunião bilateral com o ministro de Ciência e Educação Superior da Rússia, Valery Falkov, em Moscou. No encontro, foram assinados dois memorandos de entendimento que visam ampliar a pesquisa conjunta em diversas áreas estratégicas e ampliando a cooperação entre os dois países.

O primeiro acordo estabelece a cooperação em setores como clima, pesquisa polar, biodiversidade, biotecnologia, pesquisa nuclear, ciência e tecnologia espacial, tecnologias quânticas, astrofísica, física de astropartículas, pesquisa marinha e geodésia. Durante a reunião, Falkov destacou a importância da colaboração no âmbito do BRICS, grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. O ministro ressaltou que a transição da presidência do BRICS da Rússia para o Brasil contribui para a continuidade e o fortalecimento das parcerias entre os países.

Luciana Santos, que integra a comitiva oficial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na missão internacional à Rússia, na ocasião, reforçou o compromisso brasileiro em ampliar os laços estratégicos no campo científico e tecnológico. Ela destacou a possibilidade de intensificar uma nova frente de cooperação além das áreas tradicionais, como a nuclear — por meio da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) e da estatal russa Rosatom — e a espacial, com a Agência Espacial Brasileira (AEB) e a Roscosmos.