A taxa de desemprego, conforme apontou a Pnad Contínua divulgada pelo IBGE, ficou em 6,6% no trimestre encerrado em abril de 2025. Esse resultado representa uma estabilidade frente ao trimestre anterior, de novembro de 2024 a janeiro de 2025, quando estava em 6,5%, e uma queda expressiva de 1 ponto percentual em relação ao mesmo período do ano passado, quando era de 7,6%. O número total de trabalhadores com carteira assinada no setor privado atingiu um recorde histórico, chegando a 39,6 milhões de pessoas.
Segundo o IBGE, o contingente de desocupados no país ficou em torno de 7,3 milhões de pessoas, praticamente estável na comparação trimestral, mas com uma queda de 11,5% em relação ao mesmo trimestre de 2024, o que representa menos 941 mil pessoas fora do mercado de trabalho.
Subutilização da força de trabalho também permanece estável
A taxa de desemprego composta de subutilização da força de trabalho, que inclui desocupados, subocupados e a força de trabalho potencial, ficou em 15,4% no trimestre até abril, mostrando também estabilidade em relação ao período anterior, de 15,5%. No entanto, em comparação com o mesmo trimestre de 2024, houve uma redução de 2 pontos percentuais, indicando um avanço na absorção da mão de obra disponível.
Para o analista da pesquisa, William Kratochwill, “a estabilidade nas taxas de desemprego e subutilização confirma o que o primeiro trimestre apontou, ou seja, uma boa capacidade de absorção dos empregos temporários constituídos no último trimestre de 2024”.
Recorde no emprego com carteira assinada e queda na informalidade
O emprego formal foi o destaque do período, com um recorde de 39,6 milhões de trabalhadores com carteira assinada no setor privado, um avanço de 0,8% em relação ao trimestre anterior e de 3,8% sobre o mesmo trimestre do ano passado. Esse crescimento ocorreu simultaneamente à queda na taxa de informalidade, que recuou para 37,9% – equivalente a 39,2 milhões de pessoas —, contra 38,3% no trimestre anterior e 38,7% há um ano.
A redução na informalidade se explica, principalmente, pela estabilidade no número de trabalhadores sem carteira assinada (13,7 milhões) e no total de trabalhadores por conta própria (26 milhões). De acordo com William, “o mercado de trabalho apresentando níveis mais baixos de subutilização da população em idade de trabalhar, como vem acontecendo, naturalmente impulsiona as contratações formalizadas, uma vez que a mão de obra mais qualificada exige melhores condições de trabalho”.
Crescimento na administração pública e setores de serviços
Dentre os dez grupamentos de atividade analisados pela Pnad, apenas o setor de Administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais apresentou crescimento na comparação com o trimestre anterior.
Esse aumento está relacionado ao início do ano letivo, que, segundo Kratochwill, “é quando ocorre o início do ano letivo. Consequentemente, é preciso uma estrutura de suporte, com a contratação de professores, ajudantes, cuidadores, cozinheiros e recepcionistas”.
Em comparação com o mesmo período de 2024, outros cinco setores apresentaram crescimento: Indústria Geral (mais 471 mil pessoas), Comércio e reparação de veículos (mais 696 mil), Transporte e armazenagem (mais 257 mil), Atividades financeiras e administrativas (mais 435 mil) e novamente a Administração pública e serviços sociais (mais 731 mil). Por outro lado, a agricultura perdeu força, com menos 348 mil trabalhadores (-4,3%).
Rendimento e massa salarial atingem patamares históricos
O rendimento real habitual de todos os trabalhos ficou em R$ 3.426, estável no trimestre, mas com aumento de 3,2% em relação ao mesmo trimestre do ano anterior. A massa de rendimento real habitual, que representa a soma das remunerações de todos os trabalhadores, alcançou o valor recorde de R$ 349,4 bilhões, mantendo-se estável no trimestre e subindo 5,9% em um ano.
Segundo Kratochwill, “a massa de rendimento alcançou esse pico devido à estabilidade do nível da ocupação, além de aumentos pontuais da população ocupada com carteira de trabalho assinada nos setores privado e público”.
Para Stephan Kautz, economista-chefe da EQI Asset, a taxa de desemprego apresentou uma leitura boa, com número dessazonalizado abaixo de 6,5%, caindo a 6,3%. Segundo ele, o número vinha se estabilizando desde o final do ano passado e o dado reforça a força do mercado de trabalho no Brasil.
“Essa queda na taxa de desemprego veio acompanhada de aumento na população ocupada, tanto no mercado formal quanto no informal. Além do Caged, que já havia mostrado um bom desempenho no emprego formal nesta semana, o emprego informal também avançou”, explica.
Kautz destaca ainda que a renda real permaneceu estável no mês, mas acumula alta superior a 3% em relação ao mesmo período do ano anterior — crescimento acima, inclusive, da expectativa de avanço do Produto Interno Bruto (PIB) para este ano.
“O mercado de trabalho segue bastante resiliente, sem sinais claros de desaceleração e com uma taxa de desemprego baixa. Esse cenário dificulta cortes de juros no curto prazo, porque o Banco Central espera uma atividade mais fraca e um mercado de trabalho menos apertado para reforçar a queda da inflação”, avalia.
Apesar do IPCA-15 ter vindo melhor do que o esperado (alta de 0,36%, ante expectativa de 0,44%), o economista alerta que os dados do mercado de trabalho vão na direção oposta, adicionando cautela às próximas decisões de política monetária.
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