O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), considerado a prévia da inflação oficial do país, subiu 0,36% em maio, resultado inferior à expectativa do mercado, que projetava alta de 0,44%. O dado foi divulgado nesta segunda-feira (27) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em abril, o índice havia registrado alta de 0,43%.
Com o resultado, o IPCA-15 acumula alta de 2,80% no ano e de 5,40% nos últimos 12 meses — também abaixo da mediana das projeções do mercado, que indicava estabilidade em 5,49%. Em maio de 2024, o índice havia avançado 0,44%.

IPCA-15 de maio: energia elétrica e medicamentos puxam alta
O maior impacto individual no índice deste mês veio da energia elétrica residencial, com alta de 1,68%, contribuindo com 0,06 ponto percentual (p.p.) para o índice geral. O reajuste reflete a entrada em vigor da bandeira tarifária amarela, que acrescenta R$1,885 a cada 100 kWh consumidos. Também foram apropriados reajustes regionais, como os registrados em Salvador (2,94%), Recife (2,88%) e Fortaleza (2,15%).
No grupo Saúde e cuidados pessoais, que teve alta de 0,91%, os medicamentos responderam por grande parte do avanço, com alta de 1,93%, reflexo do reajuste autorizado de até 5,09% nos preços dos remédios a partir de 31 de março. O grupo contribuiu com 0,12 p.p. para o índice total.
Alimentos desaceleram, mas batata e cebola disparam
O grupo Alimentação e bebidas desacelerou de 1,14% em abril para 0,39% em maio. A queda nos preços do tomate (-7,28%), do arroz (-4,31%) e das frutas (-1,64%) ajudou a conter a inflação. No entanto, houve altas expressivas da batata-inglesa (21,75%), cebola (6,14%) e café moído (4,82%).
O lanche fora de casa também teve desaceleração, passando de 1,23% em abril para 0,84% em maio.
Passagens aéreas em queda puxam grupo Transportes para baixo
A principal contribuição negativa para o IPCA-15 veio do grupo Transportes, que recuou 0,29% e subtraiu 0,06 p.p. do índice geral. A queda de 11,18% nas passagens aéreas foi o principal fator para o recuo.
Outros destaques negativos foram o ônibus urbano, afetado por tarifa zero aos domingos e feriados em Brasília (-17,20%), Belém (-11,44%) e Curitiba (-4,49%). Em contrapartida, o metrô teve alta de 0,51%, e os táxis subiram 0,49%.
Os combustíveis, que haviam recuado em abril, voltaram a subir levemente, com destaque para o etanol (0,54%) e gasolina (0,14%). O óleo diesel (-1,53%) e o gás veicular (-0,96%) apresentaram queda.
Variação por grupos pesquisados
Grupo | Variação (%) | Impacto (p.p.) |
---|---|---|
Saúde e cuidados pessoais | 0,91 | 0,12 |
Habitação | 0,67 | 0,10 |
Vestuário | 0,92 | 0,04 |
Alimentação e bebidas | 0,39 | 0,09 |
Despesas pessoais | 0,50 | 0,05 |
Comunicação | 0,27 | 0,01 |
Educação | 0,09 | 0,00 |
Artigos de residência | -0,07 | 0,00 |
Transportes | -0,29 | -0,06 |
Destaques regionais
Todas as 11 regiões pesquisadas apresentaram alta. Goiânia teve a maior variação (0,79%), impulsionada pelos combustíveis, especialmente etanol (11,84%) e gasolina (4,11%). Curitiba, por outro lado, registrou a menor variação (0,18%), devido às quedas em passagens aéreas e frutas.
Sobre o IPCA-15
O IPCA-15 usa a mesma metodologia do IPCA oficial, mas tem diferença no período de coleta de preços. Os dados de maio foram coletados entre 18 de março e 14 de abril de 2025, e comparados aos preços vigentes de 13 de fevereiro a 17 de março de 2025. O índice abrange famílias com rendimento de 1 a 40 salários mínimos nas principais regiões metropolitanas do país.
A próxima divulgação do IPCA-15, referente a junho, será no dia 26.
Para Stephan Kautz, economista-chefe da EQI Asset, o IPCA-15 de maio veio positivo, mas o resultado deve ser transitório, sem grande alteração de tendência para a inflação.
“A grande surpresa veio concentrada em alimentação, especialmente em alimentação em domicílio, mas com boas notícias também em serviços e bens industrializados, que vieram melhores, inclusive nos núcleos. O resultado é bom na abertura e finalmente vemos algum alívio na inflação. Porém, a média móvel de três meses continua rodando entre 5,5% e 6%, sem grande mudança em relação aos últimos meses. Então, não parece ser mudança de tendência. Nossa expectativa segue em 5%-5,5% no ano, que é o que já temos apontado algum tempo”, afirma.
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