Nesta segunda-feira (5), as bolsas de valores globais enfrentam um dia turbulento, impulsionado por uma queda histórica na Bolsa de Valores de Tóquio. O índice Nikkei despencou 12,4%, registrando sua maior queda em pontos (4.451,28) em um único dia desde o tombo de 14,9% em 20 de outubro de 1987.
Esta queda significativa segue uma retração de 5,8% na última sexta-feira (2), marcando um período de alta volatilidade e perdas expressivas para os mercados japoneses.
O epicentro dessa crise nos mercados financeiros é a recente decisão de política monetária do Banco do Japão (BoJ), que na “Super Quarta” da semana passada, anunciou uma alta de juros no Japão, levando as taxas da faixa de 0% a 0,1% para 0,15% a 0,25%.
Essa elevação continua o aperto monetário iniciado em março, quando o Japão encerrou 17 anos de juros negativos. O presidente do BoJ, Kazuo Ueda, indicou que a autoridade monetária continuará a aumentar os juros gradualmente, dependendo das projeções econômicas e inflacionárias.
Uma das principais consequências desta alta de juros é o impacto negativo sobre o carry trade do iene.
O carry trade é uma estratégia de investimento onde grandes investidores tomam dinheiro emprestado em uma moeda com baixa taxa de juros e reinvestem em outra moeda com maior retorno.
No caso do iene, investidores tomavam empréstimos na moeda japonesa, que tinha juros baixos, e investiam em dólares, aproveitando as altas taxas de juros nos Estados Unidos, que estão nos níveis mais altos desde 2001.
Antes do aumento dos juros, o BoJ começou a intervir no mercado de câmbio para defender o iene, que estava em níveis historicamente baixos. Isso resultou em uma rápida valorização do iene e na depreciação das ações japonesas, forçando os investidores a vender ativos para cobrir as perdas com o carry trade do iene. A liquidação desses ativos desencadeou uma reação em cadeia que abalou as bolsas de valores em todo o mundo.
Alta de juros no Japão não é única razão
Além da alta de juros no Japão, outros fatores estão contribuindo para a instabilidade dos mercados nesta segunda-feira. Dados econômicos fracos nos Estados Unidos aumentaram as preocupações com uma possível recessão, intensificando o medo entre os investidores. Ao mesmo tempo, tensões políticas crescentes no Oriente Médio e movimentações estratégicas da Berkshire Hathaway, de Warren Buffett, que recentemente se desfez de ações da Apple, adicionam mais incerteza ao cenário global.
A combinação desses elementos cria um ambiente de aversão ao risco, com investidores buscando proteção em ativos mais seguros.